Economia de Serviços

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Boletim de Serviços – junho de 2017

O Boletim de Serviços de junho de 2017 está no ar, clique aqui para acessá-lo. Alguns dos destaques:

  • O volume do setor de serviços registrou leve queda de 0,1% em março na comparação anual, com destaque negativo para os serviços de valor (-5%).
  • A inflação de serviços acumulada em 12 meses registrou queda, chegando a 4,9% em abril.
  • Após um mês negativo, o setor de serviços apresentou o melhor saldo em dois anos, tendo criado 32,2 mil novas vagas.
  • O déficit na balança de serviços seguiu em US$ 2,5 bi. no mês de abril.
  • O IED de serviços apresentou expressivo crescimento de 186% com relação a 2016, tendo chegado a US$ 5,8 bilhões em abril.

Para acessar a metodologia e as séries históricas em excel, acesse: https://economiadeservicos.com/boletim.

Ainda é cedo para comemorar o fim da recessão

Na última semana, foram divulgados os resultados das contas nacionais trimestrais. Pela primeira vez em quase dois anos e meio, o PIB do primeiro trimestre de 2017 apresentou crescimento em relação ao trimestre imediatamente anterior. Em um cenário de desemprego de 13,6% e de grande turbulência política, o resultado pode e foi (moderadamente) comemorado. Porém um olhar mais atento recomenda bastante cautela nessa celebração.

Primeiro, porque o cenário de grande incerteza política se agravou consideravelmente desde o fim do primeiro trimestre, e isso pode reduzir o teto de crescimento deste ano, seja por conta de uma menor chance de aprovação de reformas e a consequente desconfiança, por parte do mercado, na capacidade de crescimento no longo prazo, seja por conta da provável diminuição no ritmo de queda da taxa básica dos juros.

Segundo, porque o crescimento foi puxado em grande medida por uma safra recorde, que resultou em um crescimento de consideráveis 11,5% do setor agropecuário, melhor resultado do setor desde 1996. O setor de serviços, responsável por cerca de ¾ da economia brasileira, apresentou crescimento modesto (0,2%) no período. Por ser majoritariamente não-comercializável entre fronteiras, o setor é bastante pró-cíclico, e seguiu sentindo os efeitos das quedas do consumo, tanto das famílias (-0,1%) quanto do governo (-0,6%), e da formação bruta de capital fixo (-1,6%). Este último resultado é especialmente preocupante pois é um forte determinante de crescimento futuro.

Terceiro, porque, tanto no acumulado dos últimos quatro trimestres, quanto na comparação com o primeiro trimestre do ano passado, o resultado segue no campo negativo: -2,3% e -0,4%, respectivamente. Como o lado do consumo segue fraco e parte considerável do crescimento no trimestre se deu por conta de um resultado extraordinário da agropecuária, é recomendável, novamente, ter cautela.

Olhando pelo lado positivo, alguns segmentos de serviços apresentaram crescimento no período, depois de diversos trimestres de queda: transporte, armazenagem e correio (3,1%); serviços de informação (1,9%); outros serviços (0,9%); e atividades imobiliárias (0,2%). Além disso, o setor como um todo, apesar de praticamente não ter crescido, teve, pela primeira vez desde o final de 2014, um resultado não negativo. Soma-se a isso o resultado positivo da indústria no período, de 0,7%, também pela primeira vez desde o último trimestre de 2014.

Em suma, o resultado do PIB no primeiro trimestre de 2017 trouxe algumas notícias positivas, mas ainda é cedo para comemorar o fim da crise. Além disso, ao mesmo tempo que temos que nos preocupar com as questões conjunturais, se certos obstáculos estruturais não forem enfrentados – como a baixa produtividade, em especial no setor de serviços, a baixa complexidade da nossa economia e nossa pequena integração a posições privilegiadas nas cadeias globais de valor –, dificilmente conseguiremos crescer de maneira sustentada nas próximas décadas.

PS: os dados do post e do gráfico abaixo foram atualizados com os resultados do segundo trimestre de 2017 do Sistema de Contas Nacionais.

Doença de custos de Baumol no Brasil?

Quase ¾ do corpo humano é composto de H2O. Se a água que ingerimos estiver contaminada, haveria possibilidade de boa saúde? Provavelmente, não. Agora, note que quase ¾ da economia brasileira é composta por serviços, incluindo o comércio, e que os trabalhadores e empresas desse setor são, em geral, pouco produtivos e relativamente caros para padrões internacionais. Haveria possibilidade de boa saúde econômica? Provavelmente, não.

De fato, o setor de serviços brasileiro é composto por uma vastidão de micro e pequenas empresas pouco produtivas e competitivas, voltadas para o consumo final e distanciadas do mundo das novas tecnologias e do crédito (Arbache 2015). As empresas formais do setor têm, em média, apenas 5,3 empregados que recebem salário mínimo ou salários que são majoritariamente influenciados pelo salário mínimo — a correlação entre a remuneração média real nesse segmento e o salário mínimo real é de 70%. Se, de um lado, o setor de serviços ajudou o país a fazer a transição do emprego do campo para a cidade, com elevação da produtividade média, por outro lado, aqueles empregos se concentraram em atividades pouco dinâmicas e de baixo crescimento da produtividade (Timmer et al 2014), o que viria a caracterizar o mercado de trabalho brasileiro.

O setor de serviços mostrou enorme capacidade de geração de empregos desde meados dos anos 2000. Seja em razão das políticas fiscais expansionistas, boom das commodities, expansão do crédito, ampliação dos programas sociais e estímulos ao consumo, o fato é que o setor gerou empregos de forma desproporcional à sua contribuição no PIB. Em vários anos, para cada 100 novos empregos formais gerados, 82 ou mais estavam nos serviços. O que resta saber é se aquela capacidade de gerar empregos era sustentada.

De 2012 a 2016, período que já considera a recessão, foram criadas, de acordo com a PNAD Contínua Trimestral, aproximadamente 5,1 milhões de postos formais e informais de trabalho nos serviços, com aumento praticamente contínuo do estoque. No mesmo período, porém, o CAGED apontou a criação líquida de apenas 700 mil postos de trabalho com carteira assinada. Esse número chegou a quase 2 milhões no 4º trimestre de 2014. Mas, de lá para cá, todos os trimestres registraram destruição de postos formais de trabalho. O setor de serviços seguiu gerando postos de trabalho no período, mas o fez majoritariamente via empregos informais ou precários.

Como explicar essa perda de dinamismo? Claro, as explicações possíveis são muitas, incluindo a própria crise econômica. Mas o descolamento entre produtividade e custos do trabalho deve, no mínimo, ter potencializado aquele movimento de destruição de empregos formais e de precarização. Num setor intensivo em trabalho que combina baixa produtividade com elevado e crescente custo relativo do trabalho — o custo da folha salarial por trabalhador perfaz mais de um terço do valor adicionado médio por trabalhador (Arbache 2015) – aquele descolamento pode ter sido especialmente impactante num contexto de desaceleração econômica. Temos, aqui, um provável quadro de doença de custos de Baumol.

A bem-vinda política de recomposição real do salário mínimo iniciada na década passada combinada com a crescente escassez de trabalhadores observada em fins dos anos 2000 e início dos anos 2010 certamente pressionaram os custos do trabalho no setor de serviços, vulnerabilizando as empresas do setor e, consequentemente, o próprio emprego.

Que solução haveria? O dinamismo e a sustentabilidade do emprego neste que é, de longe, a principal fonte de postos de trabalho do país, requer políticas que elevem a produtividade das empresas e, consequentemente, a produtividade dos trabalhadores. Acesso à tecnologia, acesso a mercados, fomento à competição, acesso a crédito e acesso a treinamento e qualificação são requisitos mínimos básicos para o fortalecimento das empresas do setor e para a criação sustentada de empregos.

Boletim de Serviços – Abril de 2017

O Boletim de Serviços de abril de 2017 está no ar, clique aqui para acessá-lo. Alguns dos destaques:

  • A receita nominal do setor de serviços registrou contração de 1,9% em janeiro, enquanto o volume de atividades contraiu 13,2%, na comparação anual
  • A inflação acumulada em 12 meses foi de 4,6% em fevereiro
  • Pela primeira vez desde março de 2015, foi registrado um saldo positivo no emprego em serviços
  • As exportações de serviços registraram um aumento de 2,6% na comparação anual, enquanto as importações cresceram 12,5%
  • O IDE em serviços contabilizou expansão de 23,5% na comparação anual

Para acessar a metodologia e as séries históricas em excel, acesse: https://economiadeservicos.com/boletim.

Os serviços em 2016

Saíram na última semana os dados do produto interno bruto (PIB) do Brasil de 2016. Os resultados são, sem exagero, catastróficos. A economia brasileira registrou queda de 3,6% no ano, ligeiramente menos pior do que em 2015, quando a variação foi de -3,8%. Em dois anos, o PIB do país encolheu em 7,3%, voltando aos níveis de 2010. Se levado em conta o PIB per capita, mais adequado para medir a riqueza de um país, o cenário é ainda mais preocupante: queda de 9% desde 2013 e volta aos níveis de 2009. Em palavras simples, nos últimos anos, a economia brasileira voltou quase uma década no tempo.

Esse cenário crítico ainda demonstra poucos sinais claros e consistentes de melhora. É provável, porém, que o pior já tenha passado. Como discutido continuamente no blog, o setor de serviços responde por mais de 70% da economia, pelo maior número de empregos formais, está fortemente presente nas cadeias produtivas e, em geral, não é comercializável para além de fronteiras (um serviço de cabeleireiro, por exemplo, não pode ser ofertado a distância). Por todos esses motivos, e pelo fato de seu consumo ser muito sensível à renda e ao desempenho da atividade econômica, os serviços são altamente pró-cíclicos: quando a economia como um todo vai bem, eles vão bem; quando vai mal, eles também vão mal. Logo, o resultado dos serviços nas contas nacionais de 2016 não poderia ser diferente: queda de 2,7% na sua produção, voltando a níveis de 2011.

Com a exceção honrosa das atividades imobiliárias, que apresentaram ligeiro crescimento de 0,2%, todos os demais segmentos do setor de serviços encolheram em 2016 (ver gráfico abaixo). Os segmentos de comércio e de transporte, armazenagem e correios foram os mais afetados pela crise no setor: queda na atividade de 6,3% e 7,1% cada, respectivamente. Mesmo com resultados tão negativos, o setor de serviços como um todo apresentou resultados um pouco melhores (ou menos piores) que os setores da agropecuária (-6,6%) e indústria (-3,8%).

Com as mudanças no perfil de consumo e os avanços tecnológicos em curso, está claro que o crescimento dos países no século XXI dependerá, em grande parte, da capacidade de se produzir bens e serviços com cada vez mais conhecimento e tecnologias “embarcados”. Para isso, é preciso desenvolver um setor de serviços qualificado e mais integrado às cadeias de produção, em especial naquelas nas quais o Brasil apresenta vantagens comparativas estáticas e dinâmicas já reveladas.

É preciso colocar essa agenda como prioridade, ou correremos o risco de seguirmos eternamente suscetíveis aos custosos “voos de galinha”.

Boletim de Serviços – Janeiro de 2017

O Boletim de Serviços de janeiro de 2017 está disponível, clique aqui para acessá-lo. Alguns dos destaques:

  • A receita nominal do setor de serviços registrou contração de 3,2% em outubro, enquanto o volume de atividades contraiu 7,6%, na comparação anual
  • A inflação acumulada em 12 meses foi de 7,03% em novembro
  • Em novembro foram fechados 38 mil postos de trabalho no setor de serviços
  • O déficit da balança de serviços foi de US$ 2,34 bilhões em novembro
  • O IDE em serviços contabilizou contração de 17,7% na comparação anual

Para acessar a metodologia e as séries históricas em excel, acesse: https://economiadeservicos.com/boletim.

Quem perdeu e quem ganhou com a crise no setor de serviços

Pelo sétimo trimestre consecutivo, a economia brasileira registrou retração, dessa vez de 0,8% frente ao trimestre anterior. O setor de serviços, por sua forte dependência da demanda interna, também está no seu sétimo trimestre consecutivo de retração, desta vez, de 0,6%. Apenas dois segmentos do setor não registraram retração no terceiro trimestre de 2016: serviços de informação (+0,5%) e atividades imobiliárias (0,0%).

Como já comentado aqui no blog, tamanho derretimento do setor de serviços decorre de questões conjunturais (principalmente, a fraca demanda interna) e estruturais (baixa produtividade, concentração em atividades de baixo valor adicionado, desigualdade de renda, etc.). Provavelmente, o setor só deverá se recuperar com a retomada do consumo interno e da produção dos demais setores. Pelas expectativas do mercado, essa recuperação não deve se iniciar antes do segundo ou terceiro trimestre de 2017. Ou seja, a economia como um todo e o setor de serviços, em específico, ainda deverão seguir sofrendo os efeitos da crise por mais alguns meses.

Mas, como se sabe, o setor de serviços é extremamente heterogêneo, e nem todos os seus segmentos sentiram os efeitos da crise na mesma medida. Alguns até conseguiram expandir suas atividades no período. Abrindo os dados da Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE de setembro de 2016, é possível verificar quanto cada segmento perdeu ou ganhou em termos de volume de serviços[1] desde o início da crise, no início de 2015.

O primeiro dado chocante é o tamanho da retração do setor como um todo: em setembro de 2016, o setor produziu 9,1% menos que em dezembro de 2014, recuando para o nível de atividade de março de 2012 (ver gráfico abaixo). Nesse mesmo período, dois segmentos se destacaram positivamente: serviços de tecnologia da informação (+20%) e transporte aéreo (+15%). Este dado é positivo pois essas são duas atividades de salários relativamente altos e de produtividade também relativamente alta[2].

Esses dois segmentos são certamente exceções no quadro do setor de serviços. Todas as demais 10 atividades pesquisadas apresentaram contração no período. Apresentaram queda maior que 10% os segmentos de transporte terrestre (-24%); serviços técnico-profissionais (-20%); transporte aquaviário (-16,5%); outros serviços prestados às famílias (-15,5%); serviços audiovisuais, de edição e de agência de notícias (-12,8%); serviços de alojamento e alimentação (-11,3%); e outros serviços (-10,6%). Esses resultados preocupam por mostrarem que a crise é quase generalizada no setor de serviços, afetando atividades voltadas para o consumo final e para empresas; de baixo e de alto valor adicionado.

Para voltar a crescer, o Brasil terá que colocar seu setor de maior importância econômica no centro de suas políticas de desenvolvimento. Nesse sentido, teremos que melhorar o ambiente de negócios do setor; atacar a desigualdade econômica, que é parte do problema do setor; pensar formas de aumentar sua produtividade; estimular as atividades de agregação de valor; e melhor integrá-lo às cadeias globais de valor e aos demais setores da economia, em especial àqueles nos quais temos vantagem comparativa.

Gráfico – Variação no volume de serviços

[1] “Volume de serviços” é o termo utilizado pelo IBGE para a receita do setor ou segmento em preços constantes, ou seja, sem os efeitos da inflação.

[2] Segundo dados da Pesquisa Anual de Serviços de 2014, os serviços de tecnologia da informação possuem o sétimo maior salário médio (de 44 segmentos) e o décimo quarto maior nível de produtividade. Já o segmento de transporte aéreo apresenta o segundo maior salário médio e o nono maior nível de produtividade.

Boletim de Serviços – Outubro de 2016

O Boletim de Serviços de outubro de 2016 está no ar, clique aqui para acessá-lo. Alguns dos destaques:

  • A receita nominal do setor de serviços registrou recuperação de 0,23% em agosto, enquanto o volume de atividades contraiu 4,47%, na comparação anual
  • A inflação acumulada em 12 meses apresentou declínio de 7,67% em julho para 6,93% em agosto
  • Foram fechadas 27.646 vagas no setor de serviços em agosto
  • O déficit da balança de serviços foi de US$ 2,2 bilhões em agosto
  • O IDE em serviços expandiu 121% na comparação anual

Para acessar a metodologia e as séries históricas em excel, acesse: https://economiadeservicos.com/boletim.

volume

Boletim de Serviços – Setembro de 2016

O Boletim de Serviços de setembro de 2016 está no ar, clique aqui para acessá-lo. Alguns dos destaques:

  • A receita nominal do setor de serviços registrou variação positiva de 0,55% em junho, enquanto o volume de atividades contraiu 3,39%, na comparação anual
  • A inflação acumulada em 12 meses passou de 8,13% em abril para 7,53% em julho
  • Em julho, foram encerrados 84 mil postos de trabalho
  • O déficit da balança de serviços se reduziu, devido a contração nas importações
  • O IDE em serviços contabilizou contração de 26,5% na comparação anual

Para acessar a metodologia e as séries históricas em excel, acesse: https://economiadeservicos.com/boletim.

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A saída da crise passa pelos serviços

A crise pela qual passa o Brasil atualmente é extremamente grave. Apesar de ainda não ser possível ver o fim da turbulência, já é seguro afirmar que esta é uma das quedas mais rápidas e profundas da nossa história econômica. No gráfico abaixo, é possível ver o crescimento econômico no Brasil do período de 1901 a 2018, utilizando o Boletim Focus como referência para as projeções de 2016 a 2018.

A perda acumulada estimada para o período de 2015 e 2016, de 7,1%, deve ser superior à do período pós-segundo choque do petróleo, entre 1981 e 1983 (-6,3% acumulados), e até à do período de 1930-31 (-5,3%), pós-Crise de 29. Levando-se em conta a variação do PIB per capita, o brasileiro deverá ficar, ao fim do período de 2014 a 2016, 10% mais pobre — ou cerca de 30%, se calculado em dólares.

Gráfico 1

PIB1901-2018

As causas para quadro tão dramático são diversas e estão sendo amplamente discutidas, tanto na imprensa, quanto na academia, e envolvem tanto questões conjunturais (desequilíbrio fiscal, crise política, distorções de preços causadas por subsídios, cenário internacional mais desfavorável, etc) quanto estruturais (baixa produtividade, desindustrialização precoce, infraestrutura deficiente, “custo Brasil”, entre outras).

Sem dúvida, para sair da crise, será preciso atacar questões de ambos os tipos, de maneira coordenada, simultânea e rápida. Entretanto, surpreende como, nesses debates, o setor de serviços é raramente lembrado.

Como é possível ver no Gráfico 2 abaixo, pelo menos desde 1947, o setor é o de maior participação no PIB, e, de 1986 a 2015, aumentou seu percentual de maneira significativa, tendo chegado a mais de 70%. Para além de sua contribuição mais direta, os serviços são importantes insumos para outros setores, em especial a indústria, conforme já exposto aqui no blog.

Gráfico 2

SetoresPIB

Fonte: IBGE.

O problema é que o setor de serviços, no Brasil, se concentra principalmente em atividades de baixa complexidade e, mesmo nas atividades de maior valor agregado, o país não costuma ser competitivo, como pode ser percebido pelos constantes déficits desses serviços na balança comercial e pela baixa produtividade, para níveis internacionais, dessas atividades. Esse quadro fica ainda mais claro ao olhar a evolução da produtividade do setor como um todo (Gráfico 3): de 1980 a 2011, o setor apresentou queda de quase 50% (!!!), pior resultado dos grandes setores.

Gráfico 3

Fonte: Moreira (2015) com base em Timmer, de Vries e de Vries (2014).

Fonte: Moreira (2015) com base em Timmer, de Vries e de Vries (2014).

Por conta do processo de mudança estrutural e das mudanças em curso na economia — descentralização da produção, maior interação entre bens e serviços, indústria 4.0, etc. — a tendência é que os serviços sigam sendo, com alguma distância, o maior setor da economia brasileira. Logo, não há outro caminho: o Brasil não conseguirá crescer sustentavelmente e ser competitivo no século XXI sem colocar os serviços no centro de suas políticas. O setor de serviços pode não ter sido a principal causa da crise atual, mas torná-lo mais eficiente e produtivo será indispensável para um crescimento mais sustentado.

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