Economia de Serviços

um espaço para debate

Month: janeiro 2018

Como (não) competir com o Google?

Temos falado há algum tempo no blog sobre o poder das cinco grandes empresas do mundo digital: Google, Facebook, Amazon, Apple e Microsoft. Estas cinco companhias estão em praticamente tudo. Apenas a título de exemplo, 2 bilhões de pessoas usam celulares Android, do Google; 2,1 bi. de pessoas usam Facebook; a Amazon responde por mais de um terço do mercado de serviços de armazenagem em nuvem do mundo; mais de 700 milhões de Apple iPhones estão em uso atualmente; e 1,5 bilhão de pessoas usam o Windows, da Microsoft.

Em comum, essas empresas têm plataformas pelas quais passam diariamente praticamente todos os usuários e desenvolvedores online fora da China. Esse fato traz a elas dados e conhecimentos sobre o mundo digital que lhes permitem aperfeiçoar progressivamente seus algoritmos e aplicações de maneira a capturar ainda mais valor ao longo das suas cadeias. Para o usuário, é cômodo e vantajoso seguir utilizando os serviços cada vez mais vastos dessas empresas.

Digamos que surja um sistema operacional de smartphone mais eficiente que o Android ou o iOS (da Apple). Uma pergunta plausível é: por que um desenvolvedor tomaria seu tempo construindo aplicativos para essa plataforma que começaria com um número reduzido de usuários? Pelo lado do usuário, uma pergunta plausível seria: por que comprar um celular com esse sistema operacional se ele terá muito menos opções de aplicativos que os dois sistemas operacionais dominantes?

Esse tipo de questão também já ficou aparente entre redes sociais: diversos serviços surgiram tentando desbancar o Facebook, mas quase todos fracassaram pela baixa adesão de usuários. Se meus amigos não estão nessa nova rede social, melhor seguir na rede em que estão praticamente todos. Esses fenômenos são conhecidos como efeito-rede e efeito-plataforma.

O que tem ocorrido, portanto, é que essas empresas conhecem cada vez mais seu mercado e expandem suas atividades para mais serviços, estes progressivamente mais customizados para os seus usuários devido aos dados adquiridos. Não à toa, a revista The Economist recentemente chamou os dados de “petróleo do século XXI”. As cinco grandes, por sua abrangência e controle de plataformas globais, têm mais capacidade de mudar a economia do que muitos Estados nacionais. Também não é coincidência o aumento da preocupação, por parte das autoridades de defesa da concorrência, com o poder de mercado dessas gigantes.

Nesse cenário, está ficando mais difícil competir no mundo digital. Assim que uma empresa desponta como potencial competidora das grandes irmãs, seus fundadores normalmente têm duas opções: vendê-la ou morrer por ter seus serviços “imitados” pelas gigantes. O caso do Snapchat, rede social de vídeos curtos e que se auto-deletam, está entre os mais famosos: o Facebook tentou comprá-la, sem sucesso, por US$ 3 bilhões em 2013. Desde então, o Facebook incluiustories”, muito similares aos vídeos do Snapchat, em pelo menos três de seus serviços: Instagram, WhatsApp e o próprio Facebook. Em parte por conta disso, o Snapchat tem encontrado dificuldades para crescer e suas ações caíram consideravelmente desde a sua oferta pública, em março de 2017.

É possível não competir com os gigantes do mundo digital? Se uma empresa deseja alcançar milhões de usuários pelo mundo, dificilmente ela não incomodará ou interessará as grandes irmãs. Vejam o caso do WhatsApp, concorrente do Facebook Messenger, que foi vendido por US$ 19 bi. para o Facebook.

Empresas como Uber, AirBnB e outras conseguiram crescer e se consolidar nos últimos anos, a despeito das gigantes, talvez por ainda não estarem no caminho delas. Porém, investimentos pesados do Google, Amazon, Apple, Facebook e Microsoft em carros autônomos e em serviços concorrentes ao Uber mostram que elas seguem expandindo para competir em áreas de negócio relativamente povoadas atualmente. Quanto ao AirBnB, o Google recentemente injetou mais de meio bilhão de dólares na companhia.

Então, será possível competir, com sucesso, com as cinco gigantes? É algo a ser observado. No curto prazo, sim. O Twitter, por exemplo, segue disputando com o Facebook, sem nunca ter sido verdadeiramente ameaçado (a despeito das tentativas).

Gigantes chinesas, como o Alibaba (dona de marketplace com cerca de 500 milhões de usuários), Tencent (dona do WeChat, com quase 1 bilhão de usuários) e a Baidu (com cerca de 2 bi. de usuários), também têm conseguido competir, em parte por conta do enorme mercado asiático e do fechamento da China para diversos serviços das norte-americanas.

É difícil responder com segurança à pergunta acima. O cenário que está se desenhando é de uma grande concentração e consolidação e é possível que a era dos unicórnios (empresas que em pouco tempo valem US$ 1 bilhão) esteja chegando ao fim.

Serviços – o elo fraco da produtividade

Um dos consensos econômicos no Brasil é o de que a nossa produtividade é baixa e a competitividade das empresas deixa a desejar. O que explica esta inquietante situação? Obviamente, as explicações são múltiplas. Este blog defende que uma das mais importantes explicações é a baixa produtividade e competitividade do setor de serviços.

De fato, como temos discutido já há muito neste espaço, as empresas de serviços são, na sua grande maioria, muito pequenas, pouco produtivas, têm pouco acesso a crédito e a tecnologia, seus gerentes e/ou proprietários têm baixa qualificação e os funcionários são pouco treinados. Mesmo que separemos os serviços prestados às famílias dos serviços prestados às empresas, ainda assim encontraremos evidências de indicadores de produtividade preocupantes.

Comparação internacional de preço e qualidade de serviços supridos às empresas, como serviços de transporte e logística, energia elétrica, serviços de intermediação financeira, telecomunicações e serviços profissionais, mostra um quadro alarmante. Para tornar a estória ainda mais alarmante, a oferta e a qualidade dos serviços de agregação de valor e diferenciação de produtos, tais como P&D, design, marcas, softwares avançados, plataformas digitais, distribuição e serviços profissionais de padrão internacional são escassos e caros. Aqui perdemos fácil de 7 a 1 para muitos países. O problema é que esses serviços são determinantes para que se possa ambicionar participar da economia do século XXI como protagonista.

O setor de serviços já responde por 73% do PIB e o consumo intermediário de serviços corresponde a 64% do valor adicionado da manufatura. Na agricultura e na mineração, aquela participação não apenas é alta, mas vem crescendo a taxas superiores às da indústria.

Evidências empíricas apresentadas no blog mostram que serviços prestados às empresas não aparecem por geração espontânea, mas resultam da demanda por novas soluções para a indústria, agricultura, mineração e para o próprio setor de serviços. A contração da  indústria no Brasil ajuda a explicar a minguada oferta de serviços sofisticados. Nos casos da agricultura e da mineração, questões regulatórias, tributárias, aversão a risco, dentre outras, ajudam a explicar a elevada participação de serviços estrangeiros no consumo intermediário daqueles setores.

Evidências empíricas também aqui examinadas mostram que a conta de comércio exterior de serviços é estruturalmente deficitária e é altamente sensível à elevação do PIB e, portanto, é fonte potencial de fragilidade nas contas externas.

A conclusão não poderia ser outra, que não a de que o setor de serviços é o elo mais fraco da economia brasileira. Sem um setor de serviços forte, moderno, sofisticado, competitivo e internacionalizado, será difícil ao país se reposicionar na economia global e crescer de forma sustentada.

Mas o Brasil não é caso singular. O México, por exemplo, padece de enfermidade similar, embora as causas primárias da sua chaga não sejam exatamente as mesmas das nossas.

O que fazer? Os serviços, sobretudo aqueles prestados às empresas, têm que estar no centro das políticas produtivas se de fato quisermos atacar as dificuldades de competitividade do nosso setor produtivo.

Como ponto de partida, será preciso ao país se convencer da importância do setor de serviços, o que hoje ainda não está posto. Em seguida, teremos que atacar as causas mais óbvias da fraqueza do setor. Aqui, incluem-se questões de recursos humanos, de acesso a crédito e a tecnologias, de empreendedorismo, de internacionalização, de comércio exterior, de investimentos, de estrutura de competição e questões tributárias e regulatórias. Foco das políticas em cadeias produtivas, incluindo os serviços, e não apenas em atividades econômicas pontuais, também será muito útil. Aqui, os bancos públicos poderão ter um papel determinante.

Quais serviços merecem mais atenção das políticas públicas?

Como este blog tem discutido, o Brasil tem grandes deficiências em serviços e o setor está entre as principais causas da nossa baixa produtividade e competitividade.

Posto isto, a pergunta relevante é: como não há recursos humanos e financeiros para tratar das deficiências de todo o setor de serviços ao mesmo tempo, que segmentos deveríamos priorizar?

Esta talvez seja uma das questões mais relevantes em política pública de serviços. Obviamente, a resposta a esta pergunta depende do foco e do método de análise que se utiliza.

Se a preocupação é o bem-estar das pessoas, então deveríamos atacar os serviços com maior participação na cesta de consumo de bens e serviços das famílias, tal como refletido pela Pesquisa de Orçamento Familiar (POF-IBGE). Dentre os serviços com maior importância na cesta estão educação, saúde, serviços sociais, serviços financeiros, transportes e comércio de varejo.

Se a preocupação é com o impacto dos serviços na inflação, que historicamente tem aumentado mais que a inflação geral, então deveríamos focar nos itens cujos preços mais têm subido. Ali incluem-se serviços de utilidade pública, transportes, educação, saúde e serviços técnicos especializados.

Se a preocupação é o impacto dos serviços nas contas externas, então, de acordo com os dados da balança comercial divulgados pelo MDIC, deveríamos focar nos itens mais inclinados a déficits comerciais e com maior peso nas contas externas. Ali estão fretes, seguros, royalties, licenças, aluguel de equipamentos, serviços de comunicação e computação e viagens internacionais.

Se a preocupação é atacar as pressões de custos na indústria, então, de acordo com a Pesquisa Industrial Anual (PIA-IBGE), deveríamos focar nos serviços mais utilizados pelas empresas, dentre os quais estão os serviços de intermediação financeira, serviços industriais e de manutenção prestados por terceiros, royalties e assistência técnica, despesas com propaganda e alugueis e arrendamentos.

Finalmente, se a preocupação é com a participação da economia brasileira na economia global, então deveríamos focar as nossas atenções em e-commerce, plataformas digitais, P&D, desenvolvimento de marcas, design, inteligência artificial, desenvolvimento de softwares customizados, serviços de marketing e distribuição, dentre outros serviços que fazem a ponte entre o hoje e o amanhã.

É provável que este post tenha desapontado alguns leitores, já que não indicou resposta única, mas várias. Mas isto se deve à natureza do setor. De fato, serviços se tornaram algo tão grande, abrangente, diversificado e heterogêneo que apresentar uma só resposta seria um desafio.

Agora, se o leitor gostaria mesmo de saber qual seria a prioridade deste blog, então lá vai: serviços digitais e serviços de agregação de valor e diferenciação de produto, tal como indicado dois parágrafos acima. Afinal, como tanto temos debatido neste espaço, são eles que mais influenciarão o padrão da nossa inserção na economia internacional e a nossa capacidade de crescer de forma sustentada no futuro próximo.

E você, leitor, que setor priorizaria e por quê? Dê a sua opinião!

Economia digital e defesa da concorrência: desafios e tendências

As tecnologias digitais mudaram a economia de diferentes maneiras, estimulando o desenvolvimento de mercados disruptivos e processos competitivos extremamente dinâmicos. A geração, processamento e uso de dados tornaram-se uma característica de extrema importância na economia, na medida em que estamos hoje constantemente conectados a dispositivos móveis on-line[1].

Os dados pessoais, que incluem informações detalhadas sobre os comportamentos e interesses dos indivíduos, se tornaram ativos extremamente valiosos no mercado digital. O acesso e a propriedade desses ativos influenciam diretamente as estruturas de mercado. Isso porque esses dados são atualmente propriedade exclusiva das empresas que fornecem a infra-estrutura para produzi-los, tornando-se uma fonte de receita e aquisição de poder de mercado.

Cria-se assim um ambiente favorável para uma concentração e  consolidação sem precedentes de poder econômico na mão de poucas organizações, tornando de certa forma ultrapassada a euforia inicial acerca do potencial da Internet como instrumento de nivelamento de oportunidades e de criação de organizações mais equitativas e cooperativas.

Um dos desafios levantados por esse novo panorama ​​é o papel a ser desempenhado pelas políticas antitruste para garantir níveis adequados de competição e o incentivo à inovação. A concentração do poder de mercado deve ser vista como uma característica inerente às indústrias de alta tecnologia? Os elevados lucros obtidos pelas empresas “superstars” devem ser considerados necessários para estimular a inovação e compensar altos investimentos em pesquisa e desenvolvimento — e temporários — em linha com a “destruição criativa” de Schumpeter, que garantiria uma concorrência sistêmica?

Essas e outras questões estão desafiando as autoridades regulatórias ao redor do mundo, que vêm intervindo de maneiras diversas sobre as condutas empresariais nos mercados digitais. O tema também tem sido crescentemente debatido na academia e em fóruns globais de formulação de políticas públicas, como a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Estamos longe de obter respostas concretas sobre como lidar com as questões concorrenciais impostas pelas tecnologias digitais, mas uma hipótese é que as metodologias e teorias tradicionais utilizadas para identificar e mensurar o poder de mercado subestimam o poder econômico das “superstars” digitais. Nesse novo panorama, as análises antitruste merecem maior reflexão. Por exemplo, com a crescente ausência de transações monetárias para o fornecimento de serviços, torna-se cada mais difícil a utilização de metodologias baseadas no faturamento com vendas para definir o poder de mercado. Ademais, é cada vez mais complexa a aferição do mercado relevante. A título de ilustração, os investimentos da Google em carros autônomos apontam a empresa como concorrente em um mercado relevante e mais amplo do que o segmento de serviços on-line. Ademais, ao se realizar o controle de fusões, é fundamental que se avalie a competição potencial do mercado. Nesse sentido, o preço de compra pode indicar que um agente incumbente está buscando eliminar um potencial competidor – o que explicaria a elevada disposição a pagar do Facebook para comprar uma empresa sem aparente fonte receita, como o WhatsApp.

Nesse contexto, a definição de um aparato regulatório sobre a propriedade dos dados também desempenha hoje um papel mais importante que em ambientes econômicos anteriores. Isso porque as vantagens oferecidas pela exclusividade da detenção de dados tenderiam a reforçar a dominância no mercado e dificultar a entrada de novos concorrentes, ao longo do tempo[2].

Uma das sugestões regulatórias nesse sentido envolve a definição de um padrão legal que aumente a transparência dos dados, permitindo que os indivíduos saibam quais informações as empresas detêm, para quais fins são utilizados e a receita gerada pelo seu processamento. Isso diminuiria o controle informacional das grandes empresas, incentivando a contestabilidade e uma distribuição mais equitativa dos benefícios decorrentes da chamada data-driven economy.

O debate apresentado talvez tenha surgido com um certo atraso, dadas as várias operações de fusão e aquisição no setor da economia digital realizadas sem que houvesse uma percepção mais clara sobre os possíveis efeitos oriundos desses movimentos de concentração. Será interessante acompanhar o desenvolvimento de políticas regulatórias nesse setor, agora que tais efeitos já são apontados por diferentes análises, inclusive por autoridades de defesa da concorrência.

[1] SCHWAB, K., The Fourth Industrial Revolution, 2016

[2] ERZACHI, Ariel; STUCKER, Maurice E., Virtual Competition: The Promisse and Perfils of The Algorithm-Driven Economy, Cambridge, Massachusetts: Harvard University Press, 2016.

Boletim de Serviços – Janeiro de 2018

O Boletim de Serviços de janeiro de 2018 está no ar, clique aqui para acessá-lo. Alguns dos destaques:

  • A receita nominal do setor de serviços registrou contração de 4,1% em outubro, enquanto o volume de atividades contraiu 1,5%, na comparação anual
  • A inflação de serviços acumulada em 12 meses foi de 5,8% em novembro
  • O emprego no setor de serviços apresentou saldo positivo, com a criação de mais de 38 mil vagas, principalmente no setor de serviços tradicionais
  • As exportações de serviços registraram um aumento de 3,3% na comparação anual, enquanto as importações cresceram 13,3%
  • O IDE em serviços apresentou variação positiva de 17,7% na comparação anual

Para acessar a metodologia e as séries históricas em excel, acesse: https://economiadeservicos.com/boletim.

Ensino One to One

[Este post faz parte da série “10 Tendências que afetarão o ensino superior até 2025]

As tecnologias amadurecidas e metodologias inovadoras possibilitam uma educação individualizada. Na construção do modelo, alguns dos temas em evidência são adaptive learning e t-learning, entre outros. Esse deve ser o cenário da educação superior em 2025.

Em 2025, os estudantes de cursos universitários deverão ter “professores” 100% dedicados e pacientes para acompanhar cada um deles. Disponíveis em cada minuto dos cursos que estarão fazendo. Vinte quatro horas por dia, sete dias por semana. Por “professores”, com aspas, entenda-se suporte tecnológico, em software e hardware presentes em todas as coisas.

Novos universitários serão beneficiados pelas tais tecnologias que deverão possibilitar o acesso a educação altamente individualizada. A educação personalizada deverá ser, já em 2025, integralmente aplicada aos novos conceitos de ensino superior, assim como em outros níveis.

Até 2027, os robôs substituirão os professores, segundo a previsão do britânico Anthony Seldon, especialista em educação, feita em 2017. Ou pelo menos, numa visão nossa — talvez menos radical –, irão reconfigurar completamente seu papel. Ele não foi o primeiro a notar o potencial da tecnologia para substituir os trabalhadores humanos. Se os “robôs” assumem a forma de programas de software artificialmente inteligentes (AI) ou máquinas humanóides, eles podem ser os novos professores.

As mudanças evidenciam, como diferencial, a possibilidade de os cursos começarem a qualquer momento, em qualquer mês, de acordo com o interesse do estudante. Como há grande número de atividades de ensino a distância, apenas supervisionadas por professores humanos, deixa de ser necessário um calendário baseado em semestres ou anos.

Bastarão um currículo mínimo obrigatório, mesmo assim com uma flexibilidade enorme para atender ao surgimento de profissões que ainda nem existem em 2017. Se você deseja começar um curso, faça a inscrição e pronto. Identifique professores para a função de supervisores e é isso. Siga em frente.

 

Atendimento

E como isso deve se dar na prática? Recém-aprovado no curso da área de Tecnologias de Saúde, que requer conhecimentos em ciências exatas e de saúde, na turma de março de 2025, César tem apenas um medo: matemática. Biologia ele “tira de letra”, como se dizia antigamente. Ao contrário dos números, seu grande terror.

Não devia se preocupar. Ao contrário dos seus pais, que se limitavam a seguir a rota definida por campos específicos de interesse, o estudante terá todo o apoio para superar as resistências e limitações de aprendizado e campos abertos em todas as dimensões.

César se beneficia da evolução alcançada pelas tecnologias de inteligência artificial e de aprendizado de máquina. Em 2025, ela possibilitará a maturidade de propostas dos modelos de educação baseados em “adaptive learning” e “t-learning”, entre outros exemplos. Em síntese, são propostas que estimulam a interação do estudante com os objetos de estudo.

Esses são sistemas capazes de aprender o jeito correto de lidar com a dificuldade de cada aluna. E vão ajudar não só ao César, como a qualquer colega dele. Milhões de estudantes como ele vão poder usar os recursos como a interação contínua por vídeos, recorrendo à Internet para oferecer conhecimentos.

Imagine que, em determinado momento, César esbarra em dificuldades para entender o conceito de “equações lineares homogêneas”. O sistema não só identifica onde está a resistência do estudante como cria instantaneamente um roteiro de aprendizado e apresenta filmes de apresentação de todos os conceitos e práticas.

Serão os benefícios da evolução de recursos de “adaptive learning”. Plataformas adaptativas propõem atividades diferentes para cada estudante, a partir da observação e da coleta de dados sobre sua performance, suas respostas e suas reações diante de tarefas.

O software de apoio ao estudante pode oferecer a César, portanto, um reforço sobre algum conteúdo no qual ele demonstrou dificuldade. Ou, ainda, repetir alguma questão que foi respondida corretamente após um intervalo, para garantir que o acerto não foi um golpe de sorte.

O futuro é e sempre será uma incógnita, mas a customização de tudo (incluindo a educação) é um caminho sem volta.

Brenner Lopes é Mestre em Administração com ênfase em Inteligência Competitiva e é sócio na Consultoria Nous SenseMaking.
 Carlos Teixeira é jornalista e futurista, consultor associado da Nous SenseMaking. Especialista em Comunicação Integrada, Gestão da Informação e Inteligência Estratégica.
João Lopes é consultor da Nous SenseMaking e professor, com graduação em Administração de Empresas e pós-graduação em Engenharia da Produção e Gerenciamento de Projetos.