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Tag: 10 Tendências que moldarão o ensino superior no Brasil até 2025

Desafio da atenção-foco (Tendências que moldarão o ensino superior em 2025)

[Este post faz parte da série “10 Tendências que afetarão o ensino superior até 2025”]

12/06/2025, 19:10 hs – O professor Herbert Simon está atrasado para o comício de um dos candidatos a presidente na Brasiléia. Ele como professor da disciplina de Análise do Discurso Político, está correndo pois não quer dar um mal exemplo aos alunos da disciplina. Na programação da disciplina para essa noite, o professor e a turma iriam se encontrar no local do comício por volta das 19:15 hs, para poderem assisti-lo juntos e após o pronunciamento do candidato, previsto para finalizar-se por volta das 20:30 hs, retornariam para a sala de aula (ou melhor para um espaço reservado para os trabalhos e discussões que irão desenvolver, já que agora “a sala de aula” é qualquer espaço dentro ou fora da universidade, físico ou virtual; mas nesse dia específico, o espaço integrava a estrutura física da universidade), que teria como foco a aplicação das técnicas de análise do discurso que permeiam a espinha dorsal do conteúdo dessa disciplina. Divididos anteriormente em grupos de trabalho, uma parte dos alunos filma o pronunciamento com seus celulares, enquanto uma outra parte faz anotações (também nos seus celulares) sobre pontos de destaque que serão melhor trabalhados em “sala de aula”; outro grupo ainda (sim, grupo, já que praticamente todas as atividades são desenvolvidas em grupos), faz rápidas interações com alguns dos presentes no comício, gravando e filmando algumas declarações.
Em 2025, com o objetivo de manter o foco e atenção dos aprendizes (aprendiz, porque continuarão o processo de aprendizagem pelo resto da vida), as instituições de ensino superior estão focadas em disponibilizar condições para a reflexão e análise crítica da sociedade à qual seus aprendizes (os chamados centennials, todos nativos digitais e com características predominantemente imediatistas, ansiosos e sempre interagindo com múltiplas tarefas e plataformas), fazem parte.
A construção do aprendizado se dá a partir de sua construção individual por cada um dos aprendizes, já que o papel do professor, como facilitador, não é o de discorrer sobre uma profunda explicação sobre tudo o que envolve aquele assunto, mas sim o de estimulá-los a desenvolver suas capacidades mentais. Isso foi aprendido ao longo dos anos a partir de percepções, análises e pesquisas profundas de especialistas em educação, que foram taxativos em afirmar que o aprendizado só pode ser realizado pelo sujeito que aprende; que assim adquirem, nesse processo, a capacidade de aprenderem por conta própria.
Nos espaços de aprendizagem na universidade, quase não se encontra papeis disponíveis, mesmo porque faz algum tempo, eles foram quase totalmente abolidos, os aprendizes já não realizam tarefas, exercícios e outros trabalhos escrevendo em papel. Assim como questões como gravar em suas mentes fatos históricos antigos ou gravar fórmulas para provas (provas?), ficaram para trás, já que têm à sua disposição, um acervo quase infinito de informações disponíveis, atualizadas e de qualidade, que acessam através de um “click” (todos os livros e outras fontes de consulta de que necessitam estão no formato virtual).
O espaço físico / temporal no contexto da interação entre o aluno e o professor também está diferente, pois a tecnologia mudou essa relação e agora o aprendiz não irá mais precisar esperar até a aula para tirar suas dúvidas sobre a disciplina, agendas, etc.; podendo buscar de maneira simplificada as respostas nos suportes digitais disponíveis pela universidade ou simplesmente enviando uma mensagem aos professores ou colegas via redes sociais ou aplicativos de mensagens em celulares.
Segundo pontuado por Davenport (2001, p. 25), “atenção é o envolvimento mental concentrado com determinado item de informação. Os itens entram em nosso campo de percepção, atentamos para um deles e, então decidimos quanto à ação pertinente”.
Ou seja, em 2025, a questão do atenção-foco, será uma prioridade e a problemática que a envolve hoje em grande parte estará resolvida por ambientes, metodologias, interações e tecnologias, como algumas das que foram descritas no contexto desse artigo.
O desafio da atenção-foco, é a oitava tendência, dentre dez identificadas no trabalho de cenários “Tendências que moldarão o ensino superior em 2025”, conduzido pelo time de consultores da Nous SenseMaking.

Brenner Lopes é Mestre em Administração com ênfase em Inteligência Competitiva e é sócio na Consultoria Nous SenseMaking.
João Lopes é consultor da Nous SenseMaking e professor, com graduação em Administração de Empresas e pós-graduação em Engenharia da Produção e Gerenciamento de Projetos.
Davenport, Thomas; Beck, John C. A economia da atenção. RJ: Campus, 2001.

Nessa Terra de Gigantes

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“Base sólida para a construção de uma sociedade mais consciente e igualitária, a educação, entretanto, possui muitos desafios em nosso país, desde o ensino básico até o superior. Um dos principais fatores que motiva o interesse dos investidores é o baixo número de adultos brasileiros que chegaram ao ensino superior: 14%”. A média dos países da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) é de 35%, segundo a publicação Education at a Glance 2016, da OCDE, que comparou dados de mais de 40 países, incluindo o Brasil.

No Brasil, a educação é e continuará sendo um investimento certeiro – e de baixo risco. Poucos setores da economia atravessaram a recente crise brasileira com tanta desenvoltura quanto o de ensino privado. No caminho inverso da grande maioria das empresas, as escolas particulares, tanto as de ensino básico como as de nível universitário, fizeram investimentos, intensificaram processos de consolidação e alçaram a indústria acadêmica ao topo do ranking dos mercados mais promissores e rentáveis do país, já que a mesma educação que transforma e constrói uma sociedade melhor também pode, do ponto de vista financeiro e empresarial, gerar grandes lucros a seus investidores.

Desde que o MEC publicou a portaria que acelera e flexibiliza a implementação de cursos superiores na modalidade EAD, sem o credenciamento para cursos presenciais, as instituições de ensino vislumbraram a oportunidade para expandir seus negócios para outras regiões. Nessa onda, grandes investidores passaram a aportar recursos financeiros e a se consolidarem por meio de fusões e aquisições.

Por trás deste imenso movimento estão nomes como Jorge Paulo Lemann, fundador da Escola Eleva, no bairro de Botafogo/RJ, que aportou R$ 100 milhões e ainda criou um fundo com R$ 1 bilhão para investir no setor educacional. Além de Lemann, outros investimentos têm sido capitaneados, como é o caso da Kroton e da Avenues, rede global de educação básica, fundada em New York em 2012 e que se instalará no Brasil a partir do segundo semestre de 2018.

Com o avanço da entrada de grupos internacionais no mercado brasileiro, o setor educacional passou a ser dominado e regulamentado por poucos: grandes corporações controlam a oferta de cursos presenciais e EAD no país. Com forte presença nas principais regiões brasileiras, esses grupos iniciaram o processo de expansão de suas bandeiras, “marcas”, através do ensino superior e flertam na aquisição de empresas do segmento do ensino médio.

Para alguns especialistas no assunto, esse intenso movimento de investimentos no mercado educacional levanta inúmeras discussões e dúvidas, principalmente quando o centro das questões está relacionado à qualidade do ensino x geração de lucro.

Investimento privado impulsiona o setor educacional

O crescimento do mercado de ensino privado cria oportunidades também para bancos e financeiras. Com um rigor maior do Ministério da Educação e da Caixa Econômica Federal para a liberação do Fundo de Financiamento Estudantil (FIES), instituições privadas de crédito se tornaram alternativas aos estudantes que não podem pagar as mensalidades da faculdade.

No campo privado, o crédito universitário é oferecido principalmente por quatro instituições: Bradesco, Ideal Invest (gestora do programa Pravaler Crédito Universitário, que tem o Itaú como sócio minoritário), Fundaplub, instituição que gere linhas de financiamento oferecidas pelas próprias universidades, e o Santander, que não oferece financiamento para a graduação, mas empresta para o pagamento de cursos de pós-graduação e MBAs.

Novo posicionamento em 2025

O ano de 2025 estará marcado pela consolidação do mercado educacional no País. Como dizem os Engenheiros do Hawaii, “Nessa terra de gigantes, que trocam vidas por diamantes, a juventude é uma banda numa propaganda de refrigerantes”.

Iniciativas apoiadas em tecnologia, principalmente com o uso de potentes Data Analytics e IA (Inteligência Artificial), permitiram a oferta de produtos e serviços sob medida, reformularam os processos e, com métodos disruptivos, as IES desenvolveram novas alternativas educacionais que lhes possibilitaram se posicionar no mercado de forma a gerar valor para seus clientes – os estudantes.

Receberam, ainda, atenção e investimentos das gigantes companhias de TI’s e, sobretudo, com o desenvolvimento e investimento em seus centros de pesquisas, produziram inúmeras startups ligadas ao segmento agindo como fomentador e investidor destes projetos. Essa iniciativa permitiu que as receitas provenientes de matrículas e mensalidades representassem cerca de 40% e os demais serviços propostos alcançassem 60% do faturamento, transformando as instituições de ensino em um hub de negócios.

Outro aspecto que provocou fortes impactos no setor educacional foi a expansão destes grupos privados na América Latina. Também percebemos que algumas instituições de ensino se fortaleceram neste período através de um posicionamento de nicho mercadológico, apostando suas estratégias em um modelo de ensino altamente profissionalizante e com parcerias internacionais e programas de intercâmbio com instituições de renome. Algumas instituições de ensino já perceberam no mercado brasileiro uma grande oportunidade e passaram então a investir fortemente no país.

 

Site da Nous: https://noussm.com/

Novas Habilidades, Novos Desafios

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Durante a Revolução Industrial e meados do século XX, trabalhar de maneira repetitiva e mecânica era algo considerado comum, um sinônimo de padronização. O que as máquinas não faziam repetidamente os trabalhadores faziam à exaustão.

Ford aprimorou a repetição com sua linha de produção, buscando a máxima performance por meio da recorrência e especialização, modelo de gestão conhecido como Fordismo, que elevou o patamar de produção industrial e revolucionou os sistemas de gestão. Cruzando esses conhecimentos com outras teorias da administração, gestores adaptavam conceitos para vários tipos de empresas.

As habilidades técnicas (hard skills), em um cenário de repetição e processos controlados, são as mais desejadas. Porém em um mundo cada vez mais dinâmico, e em especial, em um mundo onde o que é repetitivo está sendo automatizado, surgem novas demandas por habilidades sociais (soft skills).

E todo esse contexto tem impactado também a educação. A questão é que todo sistema educacional se especializou em ensinar habilidades técnicas, negligenciando muitas vezes habilidades sociais. Essas últimas são buscadas muitas vezes apenas por pessoas em cargo de gestão, por meio de MBAs, sinal claro que a base educacional não está preparada para formar profissionais para o futuro que chegou.

Habilidades do futuro

Em 2025, competir contra máquinas não será fácil. Por esse motivo, os centros de ensino superior já investem em metodologias que focam também em desenvolvimento humano, no desenvolvimento de competências que serão necessárias para esse novo mercado.

Segundo o World Economic Forum, algumas das novas habilidades desejadas são pensamento crítico, criatividade, comunicação, colaboração, curiosidade, iniciativa, persistência, adaptabilidade, liderança e conhecimento social e cultural. Essas habilidades são dificilmente transferíveis para máquinas ou algoritmos.

Habilidades musicais e artísticas também deverão estar em alta, por serem essencialmente humanas, e contarão como diferenciais em processos seletivos (algo que já vem acontecendo). As empresas provavelmente não buscarão pintores ou músicos para suas empresas, mas sim cérebros que transitem em diferentes universos e que consigam trazer novas visões para as companhias.

Centro educacional e as empresas

A aproximação dos centros educacionais com as empresas será natural, devido ao modelo educacional por projetos, que será uma prática comum em 2025. Ao se ensinar dessa forma, é requerido do aluno a aplicação das habilidades citadas anteriormente.

Deverá ser mais comum o nascimento de empresas dentro de escolas, fruto do estímulo ao empreendedorismo e projetos de conclusão de curso voltados para o lançamento de empresas no mercado. Com a qualidade da educação mundial alcançando novos patamares, será uma das responsabilidades sociais dos centros educacionais criar novas tecnologias e empresas para tornar o Brasil competitivo globalmente.

Já é possível ver grandes movimentos surgirem nesse sentido, com hackathons multidisciplinares acontecendo em centros universitários em todo país. Esse é o início de uma prática que se tornará cada vez mais comum e até mesmo indispensável para o desenvolvimento técnico e humano dos profissionais em formação.

Cada vez mais, o brasileiro educado deverá ver oportunidades na iniciativa privada, devido ao número de empresas de sucesso que surgem de iniciativas estudantis. O mercado em constante mutação é também um ambiente propício para a fundação de novas empresas, que aproveitam a morte de antigos modelos de negócios e o nascimento de novos.

Educação customizada e seus impactos

Com a Inteligência Artificial aplicada à educação, muitos alunos conseguirão transpor as barreiras das limitações criadas pelo atual modelo de ensino. Por meio de um ensino customizado para cada indivíduo (associado a um ensino híbrido), a perseverança deverá ser, cada vez mais, fator decisivo no sucesso acadêmico e profissional.

Teremos, a partir disso, pessoas de diferentes perfis de aprendizado competindo em nível de igualdade. A antiga divisão entre as áreas humanas e exatas serão amenizadas por esse modelo de ensino, entregando ao mercado profissionais com bagagens mais abrangentes e complementares.

Não será exclusividade de um estudante de engenharia ou ciência da computação conseguir analisar grandes massas de dados. Em 2025 todas as profissões estarão inundadas com quantidades massivas de dados. A capacidade de manipular e interpretá-los  precisará ser desenvolvida em profissionais de qualquer área de atuação.

Além disso, o aprendizado contínuo, facilitado por grandes plataformas de ensino online, tornará o profissional um ser em constante estudo. A vida estudantil não acabará na graduação ou pós-graduação, mas perpetuará por toda a vida profissional daquele que desejar se manter atrativo às empresas.

A grande questão do aprendizado para 2025 não é se seremos substituídos pelas máquinas e Inteligência Artificial, mas sim se teremos as competências necessárias para operar essas ferramentas e atuar em conjunto com elas.

Ensino baseado em projetos

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10/05/2025 – Pierre, que tem 23 anos, é aluno de uma universidade particular e está chegando logo cedo para suas aulas. Ao passar pelo portão de entrada principal, um aplicativo instalado em seu celular já indica e dispara a informação de que ele está nas dependências da escola. Ele vê alguns colegas com quem se junta e vão rumo à sala de aula conversando animadamente. Ao adentrar a sala, por algum motivo, naquele dia específico, ele repara o quanto é agradável e estimulante aquele espaço. Mesas redondas com cadeiras confortáveis, acesso à internet, onde ele pode acessar diversos conteúdos facilmente e uma sala inteira onde ele, seus colegas e os professores podem utilizar as paredes para escreverem (ele ouviu falar que há alguns anos atrás nas universidades eram utilizados equipamentos que tinham o nome de “lousa”, “quadro”), dentre outros elementos estimulantes, incluindo alguns equipamentos e objetos que pareciam dar à sala de aula um ambiente de laboratório, misturado com sala de jogos.

Ele é recebido por três professores, o de genética, o de estatística e o de química, que estão acompanhando a turma no entendimento, desenvolvimento e resolução de um problema colocado por eles. Ele está feliz por ter chegado aquela hora, pois desde a noite anterior ele vinha pensando em algumas questões específicas do projeto que estão desenvolvendo (em sala e logicamente fora dela também, já que estão sempre conectados) e para os quais havia tentado buscar mais informações para ajudar o seu grupo a evoluir na solução do problema.

Em 2025, o cerne do processo de aprendizagem estará centrado no estudante e pelo menos a maior parte das universidades mais relevantes já terão construído um ambiente de sala de aula que lembre, de alguma forma, o ambiente hipotético descrito anteriormente. Apesar de essa centralidade no aluno parecer um caminho óbvio e já envelhecido, ela é, na verdade, mais complexo do que parece.

A aprendizagem baseada em projetos (do inglês project-based learning) ou problemas (problem-based learning), que coloca o aluno no centro do “palco”, é uma abordagem que tem sido discutida há pelo menos três décadas, tendo sua discussão e aplicação se intensificado nos últimos anos. Porém, essa abordagem tende a ser aplicada de maneira isolada, por alguns poucos professores e escolas, quando poderia ser vista como base de uma reestruturação mais profunda e geral no modelo de ensino.

A visão proposta por Venturelli (1997), quando construiu seu quadro comparativo entre as estratégias educacionais de metodologia centrada no professor versus uma estratégia educacional inovadora, centrada nos estudantes, conforme explicitado no quadro abaixo, ainda será uma realidade.

INOVADOR TRADICIONAL
Avaliação formativa contínua Avaliação formativa fora de contexto
Centrada em estudantes ativos e com objetivos definidos Centrada nos docentes
Uso de recursos educacionais múltiplos e relevantes Uso de exposição repetitivas

 

Considera qualidades pessoais e estilos; promove destreza educacional Não há espaço para o indivíduo. Entrega passiva de informações
Autoaprendizagem. Auto analítica criativa. Uso de alternativas Programas estabelecidos. Usa oportunidades existentes. Não aceita programas alternativos
Crítica, baseada em problemas relevantes, promove raciocínio Não crítica, baseada no uso da memória

Fonte: Venturelli (1997)

Quando esse grupo de escolas tiver concluído a migração de uma abordagem tradicional para uma abordagem inovadora, terá havido também uma profunda alteração do papel exercido pelo professor. Estes terão que pensar em soluções conjuntas para o suporte a processos de aprendizado e não mais apenas dentro da lógica e dimensão de uma única “disciplina”; e habilidades como mediação, facilitação, articulação e pesquisa serão as que deverão prevalecer.

Pensando nas abordagens e metodologias, teremos uma massificação daquelas que já são utilizadas hoje, como o flipped classroom (sala de aula invertida), gameficação (game-based learning), peer instruction (avaliação por pares), aprendizagem aumentada (combinando recursos 3D e elementos virtuais com o ambiente real) etc.

Iniciativa do Bank of America Merrill Lynch é um exemplo recente de demonstração de poder dessas novas abordagens e metodologias. A iniciativa, baseada num projeto-piloto começado em 2017 com noventa escolas públicas de municípios na região metropolitana de Fortaleza, utiliza jogos como apoio às estratégias de educação financeira para crianças de 10 a 14 anos. Por conta do maior engajamento dos alunos, foi possível constatar consideráveis melhorias no índice de educação financeira desses estudantes.

Um outro exemplo de sucesso recente das abordagens de ensino baseado em projetos é a proliferação de programas de MBA de renomadas escolas de negócios, que se utilizam fortemente de estudos de casos.  Por meio deles, os alunos aprendem fazendo e são instigados a encontrar soluções para problemas de negócios reais, o que exige análise profunda, pesquisa e multidisciplinaridade para proposição das soluções.

2025: Novos Mestres

[Este post faz parte da série “10 Tendências que afetarão o ensino superior até 2025]

Ainda em 2025, professores como Claudio Faria, da escola de medicina de uma faculdade particular, continuarão necessários dentro de salas de aula. Também fora, como referências de conhecimento para o suporte ao crescimento exponencial do poder do ensino a distância. Tão essenciais como os alunos, que ainda frequentarão escolas com o objetivo de alcançar a formação universitária que, pelo menos em tese, abrirá novas oportunidades de trabalho.

Mesmo com a proliferação em larga escala de cursos a distância, os professores não serão, pelo menos ainda, membros de uma das categorias em extinção em ambientes físicos. Inclusive, porque alguém de carne e osso vai receber os estudantes nas salas de aula.

As boas vindas diárias às salas de aula não serão dadas por robôs impessoais, muito menos por totens onde o aluno se identifica com a digital ou com reconhecimento facial. Estudantes ainda irão às faculdades e terão os responsáveis humanos para cada atividade do currículo. O que muda de verdade, na próxima década, é o conforto existencial dos mestres. No século anterior, eles praticamente não sentiram mudanças na relação com os estudantes.

Em 2018, o professor Claudio Faria, por exemplo, dava aulas para os seus 40 alunos de anatomia praticamente da mesma forma como fazia quando começou a lecionar no final dos anos 1990: As mesmas anotações, o mesmo Power Point, as mesmas observações. Até os cadáveres utilizados em atividades práticas eram identificados por apelidos durante anos seguidos.

Transformações exponenciais

As mudanças na relação entre alunos e professores começam a fazer efeito, de verdade, a partir do ano 2020, com o salto da velocidade da internet e com o amadurecimento geral das tecnologias. Agora, sim, a internet em todas as coisas mostra a sua verdadeira face, onipresente, absoluta. Vídeos são o padrão de comunicação. Telas estão em todos os lugares. Muitas das pessoas nem terão mais smartphones.

Um estudo do Pew Research Center e da Universidade de Elon, dos Estados Unidos, sintetiza o que terá acontecido. Assim como o acesso à Internet discada viabilizou o uso do e-mail e a navegação na web como padrão dos anos 1990 e a Internet de banda larga estimulou downloads de música, transmissão de vídeo e redes sociais, a Internet com velocidade gigabit estimulará um novo conjunto de tecnologias e serviços.

No cenário de transformação exponencial, o professor é obrigado a sair da zona de conforto para aprender a lidar com tecnologias como inteligência artificial, realidades virtual, aumentada e mista, sistemas de análise de dados, big data, assistentes virtuais e comunicação a distância com tradução online, entre outros. Mesmo em cursos como filosofia e história é impossível imaginar que a transmissão de conhecimento será da mesma forma dos nossos pais, avós e bisavós.

O que diferenciará o bom do mau professor não será, necessariamente, o domínio do conhecimento, mas a capacidade de explorar o poder tecnológico para ampliar o acesso dos alunos às informações. Portanto, o poder de uso da tecnologia faz a diferença. Mesmo que as aulas de anatomia ainda venham a precisar recorrer a cadáveres (o que é provável), o professor terá, à sua disposição, o apoio da realidade virtual e da realidade aumentada como suporte. Esqueça o que já existe hoje de virtualidade, no futuro, o aluno terá a sensação exata de estar diante de um corpo com seus bilhões de detalhes.

Ao contrário do que ainda é comum nos dias de hoje, o professor não é “aquele que fala”, como detentor absoluto do conhecimento. Professor é quem, detendo um saber, direciona estudantes para um roteiro de estudos. Por onde começar, para onde seguir. O que é prioridade ou não. Cada aula representa uma oportunidade de integração entre o aluno e a informação que se pretende alcançar.

Sob um viés conceitual, o educador passa a ocupar uma posição no centro da relação. Esqueça a sua memória de um mestre na lateral da sala, pouco vulnerável ao poder dos alunos. Em um futuro no qual serão cada vez mais comuns as aulas virtuais, o mestre terá a função de um intermediário entre o conhecimento, a tecnologia e o aluno.

Desafios do aprendizado

Estudantes, assim como os trabalhadores, estarão sendo desafiados em todos os momentos. O modelo de aula expositiva é substituído, então, pela estratégia de ensino por tarefas. A multiplicidade de informações disponíveis é tão relevante quanto a possibilidade de encaminhar estudos personalizados.

No caso do nosso professor de anatomia, Cláudio, ao invés de simplesmente apresentar um pedaço do crânio, pode desafiar a turma ou um aluno específico a encontrar na rede as últimas referências sobre o tema. E propor a criação de uma apresentação que, para os padrões atuais, certamente parecerá uma produção de cinema.

2025: o ano do ensino massivo, online e aberto

[Este post faz parte da série “10 Tendências que afetarão o ensino superior até 2025]

Sebastian Thrun estava certo, apesar dos escorregadas de previsão acumuladas pelo caminho. Em 2015, o co-fundador da Udacity disse que, em 2025, a formação baseada em Cursos Massivos Abertos e Online (MOOCs, em inglês) estaria não apenas consolidada, seria um padrão global, capaz de deixar para trás, finalmente, a atual estrutura, criada nos séculos passados.

A Udacity é fruto de um experimento na Universidade de Stanford, onde os fundadores Sebastian Thrun e Peter Norvig lecionavam e queriam fazer um curso aberto para o mundo. Inicialmente, eles criaram a plataforma para oferecer um curso aberto e gratuito de “Introdução à Inteligência Artificial”. Após o estrondoso sucesso, com mais de 160 mil alunos inscritos em 190 países, a  plataforma começou a operar comercialmente em 2011. Atualmente, conta com centenas de cursos criados em parceria com empresas como Amazon e Facebook.

Em 2025, de uma forma geral, os cursos de formação profissional, inclusive os universitários tradicionais, deverão ter perdido espaço e sentido com o amadurecimento das tecnologias e com a transformação dos modelos de ensino. O ensino será mais online porque a internet terá altíssima velocidade. Ele deverá ser também mais aberto, como consequência das mudanças e eliminação dos entraves vinculados às atuais normas e regras de ensino. Os MOOCs deverão ser, também, fenômenos de massa, pois as tecnologias possibilitarão a formação de turmas globais.

Entre erros e acertos

O criador do Udacity foi ousado. Além de dizer que os seus “diplomas” seriam um padrão, ele também previu que, por volta de 2065, haveria apenas uma dezena de instituições educacionais no mundo fornecendo educação superior, e que a Udacity seria uma delas. Porém, até aqui, o caminho para essa dominação não parece tão simples como de início, quando o mercado era dominado por Udacity, Coursera e edX, as três pioneiras no segmento MOOC.

Em 2012, talvez empolgado pelo crescimento acelerado do segmento, o New York Times chegou a declarar 2012 como o ano do MOOC. Foi o ano em que as três empresas pioneiras criaram uma onda e prometeram um tsunami positivo.

Dois anos depois, em 2014, o próprio Sebastian Thrun voltou atrás em suas convicções absolutas. Ele disse, então, que “o MOOC básico é ótimo para os 5% melhores estudantes, mas não é ideal para os 95% restantes “. Como resultado, o  Udacity mudou suas prioridades de curto prazo e implantou estratégias para se tornar uma das 10 maiores instituições do mundo com foco em treinamento corporativo e profissional.

A concorrência também cometeu erros de avaliação. Também em 2012, Anant Agrawal, CEO da edX, previu que, em menos de um ano, uma das universidades parceiras da edX ofereceria um diploma puramente online. Os anos se passaram desde então e ainda não há sinal de diploma puramente online de nenhuma das instituições parceiras. Em 2015, a Coursera, fundada por dois professores de Stanford, é, de longe, a maior em termos de número de cursos oferecidos e estudantes matriculados.

Em 2025, os atestados de sucesso

O tempo passou, o tempo voou nos braços da revolução digital e os MOOCs passaram pelo processo de amadurecimento, como qualquer outro negócio. Em 2025, aos 58 anos, cada vez mais remoçado, Sebastian Thrun reconhecerá que a transformação da educação superior ocorreu por razões diferentes daquelas inicialmente imaginadas.

Inclusive, Thurn terá se equivocado com relação à expectativa de uma enorme quantidade de estudantes recorrendo às instituições de ensino de ensino massivo. O desenvolvimento dos MOOCs terá se adaptado, então, a mudanças sociais. Ok, até lá, a tecnologia terá consolidado o avanço exponencial previsto. As aulas serão em realidade mista, com a incorporação de benefícios dos avanços da holografia. E, com a tradução instantânea, será possível integrar turmas em todos os idiomas.

Todas as condições para a existência de cursos superiores integralmente online via MOOCs estarão disponíveis no cenário. O problema deverá ser, ironicamente, o excesso de tecnologia. Cada cidadão global deverá ter 9,5 dispositivos tecnológicos vinculados a ele. Portanto, é possível prever, também, uma onda anti-MOOCs, como um desejo global de resgatar a humanização do ensino. Com isso, é provável que o segmento siga evoluindo.

Ensino One to One

[Este post faz parte da série “10 Tendências que afetarão o ensino superior até 2025]

As tecnologias amadurecidas e metodologias inovadoras possibilitam uma educação individualizada. Na construção do modelo, alguns dos temas em evidência são adaptive learning e t-learning, entre outros. Esse deve ser o cenário da educação superior em 2025.

Em 2025, os estudantes de cursos universitários deverão ter “professores” 100% dedicados e pacientes para acompanhar cada um deles. Disponíveis em cada minuto dos cursos que estarão fazendo. Vinte quatro horas por dia, sete dias por semana. Por “professores”, com aspas, entenda-se suporte tecnológico, em software e hardware presentes em todas as coisas.

Novos universitários serão beneficiados pelas tais tecnologias que deverão possibilitar o acesso a educação altamente individualizada. A educação personalizada deverá ser, já em 2025, integralmente aplicada aos novos conceitos de ensino superior, assim como em outros níveis.

Até 2027, os robôs substituirão os professores, segundo a previsão do britânico Anthony Seldon, especialista em educação, feita em 2017. Ou pelo menos, numa visão nossa — talvez menos radical –, irão reconfigurar completamente seu papel. Ele não foi o primeiro a notar o potencial da tecnologia para substituir os trabalhadores humanos. Se os “robôs” assumem a forma de programas de software artificialmente inteligentes (AI) ou máquinas humanóides, eles podem ser os novos professores.

As mudanças evidenciam, como diferencial, a possibilidade de os cursos começarem a qualquer momento, em qualquer mês, de acordo com o interesse do estudante. Como há grande número de atividades de ensino a distância, apenas supervisionadas por professores humanos, deixa de ser necessário um calendário baseado em semestres ou anos.

Bastarão um currículo mínimo obrigatório, mesmo assim com uma flexibilidade enorme para atender ao surgimento de profissões que ainda nem existem em 2017. Se você deseja começar um curso, faça a inscrição e pronto. Identifique professores para a função de supervisores e é isso. Siga em frente.

 

Atendimento

E como isso deve se dar na prática? Recém-aprovado no curso da área de Tecnologias de Saúde, que requer conhecimentos em ciências exatas e de saúde, na turma de março de 2025, César tem apenas um medo: matemática. Biologia ele “tira de letra”, como se dizia antigamente. Ao contrário dos números, seu grande terror.

Não devia se preocupar. Ao contrário dos seus pais, que se limitavam a seguir a rota definida por campos específicos de interesse, o estudante terá todo o apoio para superar as resistências e limitações de aprendizado e campos abertos em todas as dimensões.

César se beneficia da evolução alcançada pelas tecnologias de inteligência artificial e de aprendizado de máquina. Em 2025, ela possibilitará a maturidade de propostas dos modelos de educação baseados em “adaptive learning” e “t-learning”, entre outros exemplos. Em síntese, são propostas que estimulam a interação do estudante com os objetos de estudo.

Esses são sistemas capazes de aprender o jeito correto de lidar com a dificuldade de cada aluna. E vão ajudar não só ao César, como a qualquer colega dele. Milhões de estudantes como ele vão poder usar os recursos como a interação contínua por vídeos, recorrendo à Internet para oferecer conhecimentos.

Imagine que, em determinado momento, César esbarra em dificuldades para entender o conceito de “equações lineares homogêneas”. O sistema não só identifica onde está a resistência do estudante como cria instantaneamente um roteiro de aprendizado e apresenta filmes de apresentação de todos os conceitos e práticas.

Serão os benefícios da evolução de recursos de “adaptive learning”. Plataformas adaptativas propõem atividades diferentes para cada estudante, a partir da observação e da coleta de dados sobre sua performance, suas respostas e suas reações diante de tarefas.

O software de apoio ao estudante pode oferecer a César, portanto, um reforço sobre algum conteúdo no qual ele demonstrou dificuldade. Ou, ainda, repetir alguma questão que foi respondida corretamente após um intervalo, para garantir que o acerto não foi um golpe de sorte.

O futuro é e sempre será uma incógnita, mas a customização de tudo (incluindo a educação) é um caminho sem volta.

Brenner Lopes é Mestre em Administração com ênfase em Inteligência Competitiva e é sócio na Consultoria Nous SenseMaking.
 Carlos Teixeira é jornalista e futurista, consultor associado da Nous SenseMaking. Especialista em Comunicação Integrada, Gestão da Informação e Inteligência Estratégica.
João Lopes é consultor da Nous SenseMaking e professor, com graduação em Administração de Empresas e pós-graduação em Engenharia da Produção e Gerenciamento de Projetos.

 

Virtualização da Educação

[Este post faz parte da série “10 Tendências que afetarão o ensino superior até 2025]

[1]Nota dos autores

O cenário será marcado pela utilização massiva de tecnologias e metodologias de ensino a distância (EAD), e-learning, ensino híbrido — on e off line — blended learning, mobile learning entre outras.

Um estudante universitário de 2017 que acorde em uma universidade do ano de 2025 terá um susto ao perceber a diferença do ensino a distância atual em relação ao do futuro. Mesmo em prazo tão curto, os saltos exponenciais da evolução tecnológica asseguram que cursos virtuais terão poucas semelhanças com o que se pratica na atualidade.

Na verdade, os conteúdos e a forma oferecidos atualmente pelas escolas, mesmo no exterior, podem ser avaliados como partes da pré-história do ensino intermediado pela tecnologia. Não haverá o smartphone, o desktop, a internet lenta e o excesso de textos. O vídeo será o padrão. Não em telas, mas em qualquer suporte, seja em uma mesa, uma parede, espelho ou no chão.

A força da digitalização de tudo

Para compreender a diferença profunda entre duas realidades é necessário identificar as principais forças das transformações tecnológicas vigentes por volta de 2025. O funcionamento do mundo estará moldado pela capacidade de processamento, velocidade de tráfego de informações e poder de armazenamento da computação.

Será a internet ultra veloz, no planeta que estará mais próximo da computação quântica, propiciando força adicional à inteligência artificial. Entenda que os computadores serão praticamente invisíveis, como a eletricidade. Basta um botão — virtual — para acessar a rede em qualquer lugar, por qualquer plataforma.

Sistemas inteligentes adotados em processos de e-learning serão capazes de entender que a frase “vou chutar o balde” tem um significado diferente de “vou dar um chute em um recipiente de transportar água”. Ou seja, vai entender a linguagem natural através da qual os seres humanos se comunicam.

Máquinas que aprendem, que processam a fala, a ponto de “enganar” os interlocutores, e que reconhecem imagens já são tecnologias quase prontas. Agora, pense no seguinte: em pouco mais de sete anos, será possível acompanhar a aula de um professor em japonês ou mandarim. E trocar ideias com os seus colegas japoneses, chineses, sul-africanos em conversas animadas. Com tradução simultânea. E por voz.

Agora, a pergunta que não pode ser calada: será possível convencer o nosso estudante a sair de casa, enfrentar distâncias mesmo que em um carro confortável e totalmente automático para ter uma aula diante de um professor, no modelo atual? A resposta mais provável é que não. Parece mera questão de lógica. Estudantes vão querer experiências imersivas, mesmo em uma aula sobre filosofia de Platão, sobre literatura gótica ou matemática integral e derivadas.

É natural que se espere, para 2025, que os recursos de tecnologia educacional oferecidos aos alunos, mesmo em sala de aula, estejam todos adaptados para atender aos diferentes interesses e necessidades da comunidade de aprendizado. Adicione, então, à capacidade de processamento e à internet em todos os lugares a oferta dos sistemas de virtualização de imagens — realidades virtual (RV), aumentada (RA) e mista (RM) — e a receita para o fortalecimento do ensino a distância estará completamente definida.

Corrida pela adoção

A carência das melhores tecnologias não impede que já se tenha iniciado o movimento pela adoção das estratégias associadas ao ensino superior a distância. Nos Estados Unidos, por exemplo, universidades renomadas já aderem à modalidade de educação virtual. Em maio, a Universidade de Harvard e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) firmaram parceria para oferecer versões online de seus cursos presenciais.

As estatísticas revelam que, atualmente, 12% dos alunos de ensino superior estão na modalidade de ensino a distância. Já em 2022, estima-se que o segmento será responsável por 16% do total de matriculados. Deverão ser 1,2 milhão de pessoas, com crescimento médio anual de 3,8% até lá.

O potencial de crescimento se dá por causa da conveniência e custo mais baixo comparados aos cursos tradicionais. O avanço de tecnologias como realidade virtual, que possibilitam chats ao vivo, produção audiovisual intensa e softwares para provas e exames, por exemplo, também colabora para a disseminação desses cursos e para maior aceitação deles.

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[1] Este post é o primeiro da série que detalhará as dez tendências que afetarão o Ensino Superior até 2025. Os posts são baseados no estudo “10 tendências que moldarão o ensino superior no Brasil até 2025”, produzido pela empresa de consultoria Nous SenseMaking, de qual os autores fazem parte.

Brenner Lopes é Mestre em Administração com ênfase em Inteligência Competitiva e é sócio na Consultoria Nous SenseMaking.
 Carlos Teixeira é jornalista e futurista, consultor associado da Nous SenseMaking. Especialista em Comunicação Integrada, Gestão da Informação e Inteligência Estratégica. É editor do site Radar do Futuro