[Este post faz parte da série “10 Tendências que afetarão o ensino superior até 2025”]

12/06/2025, 19:10 hs – O professor Herbert Simon está atrasado para o comício de um dos candidatos a presidente na Brasiléia. Ele como professor da disciplina de Análise do Discurso Político, está correndo pois não quer dar um mal exemplo aos alunos da disciplina. Na programação da disciplina para essa noite, o professor e a turma iriam se encontrar no local do comício por volta das 19:15 hs, para poderem assisti-lo juntos e após o pronunciamento do candidato, previsto para finalizar-se por volta das 20:30 hs, retornariam para a sala de aula (ou melhor para um espaço reservado para os trabalhos e discussões que irão desenvolver, já que agora “a sala de aula” é qualquer espaço dentro ou fora da universidade, físico ou virtual; mas nesse dia específico, o espaço integrava a estrutura física da universidade), que teria como foco a aplicação das técnicas de análise do discurso que permeiam a espinha dorsal do conteúdo dessa disciplina. Divididos anteriormente em grupos de trabalho, uma parte dos alunos filma o pronunciamento com seus celulares, enquanto uma outra parte faz anotações (também nos seus celulares) sobre pontos de destaque que serão melhor trabalhados em “sala de aula”; outro grupo ainda (sim, grupo, já que praticamente todas as atividades são desenvolvidas em grupos), faz rápidas interações com alguns dos presentes no comício, gravando e filmando algumas declarações.
Em 2025, com o objetivo de manter o foco e atenção dos aprendizes (aprendiz, porque continuarão o processo de aprendizagem pelo resto da vida), as instituições de ensino superior estão focadas em disponibilizar condições para a reflexão e análise crítica da sociedade à qual seus aprendizes (os chamados centennials, todos nativos digitais e com características predominantemente imediatistas, ansiosos e sempre interagindo com múltiplas tarefas e plataformas), fazem parte.
A construção do aprendizado se dá a partir de sua construção individual por cada um dos aprendizes, já que o papel do professor, como facilitador, não é o de discorrer sobre uma profunda explicação sobre tudo o que envolve aquele assunto, mas sim o de estimulá-los a desenvolver suas capacidades mentais. Isso foi aprendido ao longo dos anos a partir de percepções, análises e pesquisas profundas de especialistas em educação, que foram taxativos em afirmar que o aprendizado só pode ser realizado pelo sujeito que aprende; que assim adquirem, nesse processo, a capacidade de aprenderem por conta própria.
Nos espaços de aprendizagem na universidade, quase não se encontra papeis disponíveis, mesmo porque faz algum tempo, eles foram quase totalmente abolidos, os aprendizes já não realizam tarefas, exercícios e outros trabalhos escrevendo em papel. Assim como questões como gravar em suas mentes fatos históricos antigos ou gravar fórmulas para provas (provas?), ficaram para trás, já que têm à sua disposição, um acervo quase infinito de informações disponíveis, atualizadas e de qualidade, que acessam através de um “click” (todos os livros e outras fontes de consulta de que necessitam estão no formato virtual).
O espaço físico / temporal no contexto da interação entre o aluno e o professor também está diferente, pois a tecnologia mudou essa relação e agora o aprendiz não irá mais precisar esperar até a aula para tirar suas dúvidas sobre a disciplina, agendas, etc.; podendo buscar de maneira simplificada as respostas nos suportes digitais disponíveis pela universidade ou simplesmente enviando uma mensagem aos professores ou colegas via redes sociais ou aplicativos de mensagens em celulares.
Segundo pontuado por Davenport (2001, p. 25), “atenção é o envolvimento mental concentrado com determinado item de informação. Os itens entram em nosso campo de percepção, atentamos para um deles e, então decidimos quanto à ação pertinente”.
Ou seja, em 2025, a questão do atenção-foco, será uma prioridade e a problemática que a envolve hoje em grande parte estará resolvida por ambientes, metodologias, interações e tecnologias, como algumas das que foram descritas no contexto desse artigo.
O desafio da atenção-foco, é a oitava tendência, dentre dez identificadas no trabalho de cenários “Tendências que moldarão o ensino superior em 2025”, conduzido pelo time de consultores da Nous SenseMaking.

Brenner Lopes é Mestre em Administração com ênfase em Inteligência Competitiva e é sócio na Consultoria Nous SenseMaking.
João Lopes é consultor da Nous SenseMaking e professor, com graduação em Administração de Empresas e pós-graduação em Engenharia da Produção e Gerenciamento de Projetos.
Davenport, Thomas; Beck, John C. A economia da atenção. RJ: Campus, 2001.