O setor de serviços é heterogêneo em praticamente todos os aspectos, englobando desde ramos como bares até atividades de P&D. Uma classificação bastante utilizada é entre serviços de consumo final e serviços para empresas. Apesar de a maior parte da literatura sobre o setor se concentrar no primeiro grupo, é o segundo que tem mais ramificações e impactos na economia, conforme discutido em post anterior.

Porém, mesmo dentro desses grupos, há, ainda, grande heterogeneidade. Arbache (2014)  propõe a classificação dos serviços para empresas em dois grupos: aqueles que contribuem principalmente para a agregação de valor e os serviços de custo, ou seja, aqueles que são itens básicos de produção. Esta divisão é necessária, pois os grupos de serviços participam de forma distinta do processo produtivo e parecem impactá-lo de maneira diferente.

O primeiro grupo é formado por atividades que contribuem mais para a customização e a diferenciação dos produtos. Por consequência, esses serviços tornam os produtos menos facilmente substituíveis e podem promover maior competitividade, produtividade e retorno do capital. Neste grupo incluem-se serviços que normalmente requerem mais capital humano, como P&D, design, consultorias de gestão, projetos de engenharia e arquitetura, produção de softwares, branding e marketing. Essas atividades são mais importantes em mercados de produtos mais sofisticados, nos quais a diferenciação é mais necessária.

Já o segundo grupo é composto por serviços que afetam principalmente os custos de produção sem necessariamente contribuir para a geração de valor, como logística e transportes, infraestrutura, reparos e manutenção, serviços financeiros, viagens e acomodação. Naturalmente, serviços de custo melhores ou mais baratos podem contribuir para aumentar a competitividade, mas normalmente pouco contribuirão para diferenciar produto. Quanto mais homogêneo ou “commoditizado” for um bem, mais importantes serão os serviços de custo para lhe garantir competitividade.

Não por acaso, as atividades de serviços de agregação de valor nas cadeias globais de valor estão concentradas nos países desenvolvidos, enquanto montagem e serviços de custo estão normalmente em países em desenvolvimento (UNCTAD, 2013).

Em recente artigo, Arbache e Moreira (2015) apresentam evidências de que ramos industriais que usam mais intensivamente serviços de agregação de valor têm produtividade do trabalho maior do que ramos que usam mais intensivamente serviços de custo.

Tornar nossos serviços de custo mais competitivos certamente trará ganhos para toda a economia. Mas, para aumentar a produtividade agregada e gerar mais riqueza e bons empregos, será preciso investir mais nos serviços de agregação de valor.