Com uma metodologia inovadora, Hausmann, Hidalgo et al. (2013) demonstram que países desenvolvidos têm vantagem comparativa em uma gama maior de bens e que, quanto mais bens sofisticados um país produzir, maior será a chance de ele produzir outros produtos sofisticados e, assim, gerar valor e renda.
A partir de dados de comércio internacional, os autores desenvolveram um método que busca identificar produtos que têm como requisitos capacidades produtivas similares. Na definição dos autores, capacidades produtivas são um conjunto amplo de características de um país que não são facilmente transferidas para outros, como conhecimento produtivo tácito espalhado em redes de pessoas e empresas, direitos de propriedade, regulação, infraestrutura e instituições em geral.
Segundo os autores, para se desenvolver, um país deve ampliar suas capacidades produtivas. Uma forma de fazer isso seria expandindo a produção de bens menos para bens mais sofisticados que exijam capacidades produtivas parecidas. Os pares de produtos que exigem capacidades produtivas similares aparecem coligados e agrupados a outros pares em comunidades em uma rede, no chamado “Espaço Produto” (ver o Gráfico abaixo para o caso do Brasil).[1]
Um país que já possui vantagem comparativa na produção de, digamos, camisas terá mais facilidade para produzir calças do que turbinas de avião. Nesse sentido, não adiantaria estimular a instalação de uma fábrica de foguetes em uma região onde só se produz frutas. Essa região não terá a infraestrutura, o conhecimento tácito, o capital humano e todos os bens e serviços necessários para que o empreendimento tenha sucesso.
Berlingieri (2013) demonstra que quanto mais serviços “embarcados” um produto exportado tem, mais competitivo ele será no mercado internacional. Portanto, a presença de serviços sofisticados conectados com a indústria parece ser um tipo de capacidade produtiva importante para um país.
Como já visto aqui neste blog, o Brasil é muito pouco competitivo no setor de serviços. Assim sendo, aumentar a eficiência e a sofisticação dos nossos serviços é requisito fundamental para realizarmos nosso anseio de ser mais competitivo em produtos de mais alto valor agregado e participar pela “porta da frente” das cadeias globais de valor.
Gráfico – Espaço Produto do Brasil, 2012.
Fonte: The Observatory of Economic Complexity (Hausmann, Hidalgo, et al., 2013).
[1] Os autores criaram uma ferramenta interativa, na qual é possível ver os detalhes para cada país, que pode ser acessada em https://atlas.media.mit.edu/pt. Usando a mesma metodologia, o DataViva faz um estudo de municípios, regiões e estados do Brasil em http://pt.dataviva.info/
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