Economia de Serviços

um espaço para debate

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Boletim de Serviços – junho de 2017

O Boletim de Serviços de junho de 2017 está no ar, clique aqui para acessá-lo. Alguns dos destaques:

  • O volume do setor de serviços registrou leve queda de 0,1% em março na comparação anual, com destaque negativo para os serviços de valor (-5%).
  • A inflação de serviços acumulada em 12 meses registrou queda, chegando a 4,9% em abril.
  • Após um mês negativo, o setor de serviços apresentou o melhor saldo em dois anos, tendo criado 32,2 mil novas vagas.
  • O déficit na balança de serviços seguiu em US$ 2,5 bi. no mês de abril.
  • O IED de serviços apresentou expressivo crescimento de 186% com relação a 2016, tendo chegado a US$ 5,8 bilhões em abril.

Para acessar a metodologia e as séries históricas em excel, acesse: https://economiadeservicos.com/boletim.

Ainda é cedo para comemorar o fim da recessão

Na última semana, foram divulgados os resultados das contas nacionais trimestrais. Pela primeira vez em quase dois anos e meio, o PIB do primeiro trimestre de 2017 apresentou crescimento em relação ao trimestre imediatamente anterior. Em um cenário de desemprego de 13,6% e de grande turbulência política, o resultado pode e foi (moderadamente) comemorado. Porém um olhar mais atento recomenda bastante cautela nessa celebração.

Primeiro, porque o cenário de grande incerteza política se agravou consideravelmente desde o fim do primeiro trimestre, e isso pode reduzir o teto de crescimento deste ano, seja por conta de uma menor chance de aprovação de reformas e a consequente desconfiança, por parte do mercado, na capacidade de crescimento no longo prazo, seja por conta da provável diminuição no ritmo de queda da taxa básica dos juros.

Segundo, porque o crescimento foi puxado em grande medida por uma safra recorde, que resultou em um crescimento de consideráveis 11,5% do setor agropecuário, melhor resultado do setor desde 1996. O setor de serviços, responsável por cerca de ¾ da economia brasileira, apresentou crescimento modesto (0,2%) no período. Por ser majoritariamente não-comercializável entre fronteiras, o setor é bastante pró-cíclico, e seguiu sentindo os efeitos das quedas do consumo, tanto das famílias (-0,1%) quanto do governo (-0,6%), e da formação bruta de capital fixo (-1,6%). Este último resultado é especialmente preocupante pois é um forte determinante de crescimento futuro.

Terceiro, porque, tanto no acumulado dos últimos quatro trimestres, quanto na comparação com o primeiro trimestre do ano passado, o resultado segue no campo negativo: -2,3% e -0,4%, respectivamente. Como o lado do consumo segue fraco e parte considerável do crescimento no trimestre se deu por conta de um resultado extraordinário da agropecuária, é recomendável, novamente, ter cautela.

Olhando pelo lado positivo, alguns segmentos de serviços apresentaram crescimento no período, depois de diversos trimestres de queda: transporte, armazenagem e correio (3,1%); serviços de informação (1,9%); outros serviços (0,9%); e atividades imobiliárias (0,2%). Além disso, o setor como um todo, apesar de praticamente não ter crescido, teve, pela primeira vez desde o final de 2014, um resultado não negativo. Soma-se a isso o resultado positivo da indústria no período, de 0,7%, também pela primeira vez desde o último trimestre de 2014.

Em suma, o resultado do PIB no primeiro trimestre de 2017 trouxe algumas notícias positivas, mas ainda é cedo para comemorar o fim da crise. Além disso, ao mesmo tempo que temos que nos preocupar com as questões conjunturais, se certos obstáculos estruturais não forem enfrentados – como a baixa produtividade, em especial no setor de serviços, a baixa complexidade da nossa economia e nossa pequena integração a posições privilegiadas nas cadeias globais de valor –, dificilmente conseguiremos crescer de maneira sustentada nas próximas décadas.

PS: os dados do post e do gráfico abaixo foram atualizados com os resultados do segundo trimestre de 2017 do Sistema de Contas Nacionais.

O comércio de serviços e o Paradoxo de Leontief

Por muito tempo, a teoria de comércio internacional e muitos dos economistas consideraram os serviços como uma atividade não-comercializada entre fronteiras, portanto pouco relacionada com as ferramentas analíticas convencionais focadas no comércio de mercadorias. Visto em retrospecto, isso parece estranho, já que, por exemplo, o serviço de transportes está na base mesmo das transações com bens. Já alguns setores industriais, como construção, são essencialmente não-comercializáveis.

É possível, sim, aplicar a teoria convencional do comércio de mercadorias às transações com serviços. Pelo lado da oferta, um dos modelos básicos para explicar a existência do fluxo de comércio entre dois países deriva do trabalho de dois economistas suecos do início do século XX. Na primeira década daquele século Eli Hecksher produziu trabalho seminal com explicação de tipo neoclássico para a existência de comércio e justificativa para identificar por que uma economia se tornaria exportadora de um dado produto e importadora de outro. Duas décadas depois, um aluno seu, Bertil Ohlin, elaborou um pouco mais essa formulação, e o conjunto desses trabalhos ficou conhecido como o Teorema de Hecksher-Ohlin.

Essencialmente, esse Teorema diz que (admitido como verdadeiro um conjunto expressivo de supostos, que não vem ao caso explicitar aqui) um país onde haja abundância de mão de obra tenderá a ser exportador líquido dos bens em cujo processo produtivo seja empregado de maneira mais intensa o fator trabalho. Da mesma forma, um país abundante em capital tenderá a ser exportador de bens capital-intensivos.

Uma teoria não deveria ser aceita se não for comprovada empiricamente. A literatura relacionada a testes desse Teorema é talvez a mais volumosa, no âmbito do comércio internacional. O que importa aqui é a referência a um dos primeiros testes empíricos, feito para a estrutura de comércio externo dos Estados Unidos no final da década de 1940. Wassily Leontief usou a matriz de insumo-produto para avaliar o que ocorreria, em termos da composição dos produtos transacionados, caso houvesse um choque de demanda.

Para surpresa sua e de boa parte da academia, ele encontrou indicadores de que a maior economia do planeta (portanto a mais rica em capital) de fato importava produtos intensivos em capital. O inverso do que postula o Teorema de Hecksher-Ohlin. Esse resultado ficou conhecido como o Paradoxo de Leontief.

E qual a importância disso para o comércio de serviços?

O Gráfico 1 mostra – com base nos dados da UNCTAD (2016) – a evolução recente do comércio global de serviços. Em torno de 70% do valor total comercializado diz respeito a economias desenvolvidas. Precisamente aquelas onde, segundo a lógica de Hecksher-Ohlin, se supõe que haja abundância de capital.

Agregue-se a isso o fato de que entre 2009 e 2015 o superávit agregado das economias desenvolvidas no comércio de serviços aumentou de US$ 323 bilhões para US$ 490 bilhões, enquanto o saldo correspondente ao conjunto das economias em desenvolvimento passou de um déficit de US$ 191 bilhões para um déficit de US$ 356 bilhões no mesmo período: países ricos têm vantagens comparativas em serviços. As exportações de alguns serviços por parte de economias emergentes (transportes, viagens e outros serviços) têm crescido mais do que o observado nos países desenvolvidos, mas não o suficiente para alterar esse quadro geral.

Ora, a produção de serviços é essencialmente intensiva em trabalho. Jensen (2011) apresenta dados para a economia dos Estados Unidos no ano 2007 que ilustram esse ponto: naquele ano a indústria de mineração gerou apenas 0,5% do emprego total, a construção 5,5% e a atividade manufatureira 9,9%. Já o conjunto de serviços relacionados a negócios (finanças, seguros, serviços profissionais, administrativos e outros) geraram 25%, enquanto os serviços pessoais (educação, saúde, artes, diversão e outros) geraram outros 25% do total de empregos.

Esses dois conjuntos de evidências tomados em conjunto, isto é, as indicações de alta concentração do comércio de serviços entre economias ricas em capital e o fato de esse ser um setor onde a produção é intensiva em trabalho sugeriria uma situação semelhante à encontrada por Leontief.

Ocorre que no debate que se seguiu à divulgação dos trabalhos de Leontief algumas explicações alternativas foram apresentadas para justificar os resultados obtidos. Elas incluíam desde considerações sobre o atípico período de análise até a desconsideração do fator terra, igualmente abundante no caso da economia norte-americana. A mais substantiva dessas explicações, contudo, foi a desconsideração do elemento capital humano: dado o diferencial de produtividade naquele momento entre a economia estadunidense e o resto do mundo, não fazia sentido se levar em conta apenas o número de trabalhadores; haveria que explicitar o efeito do diferencial de qualificação da mão de obra e o correspondente diferencial de produtividade.

Ainda de acordo com os dados de Jensen (2011), na economia dos Estados Unidos é clara a concentração de trabalhadores mais qualificados e mais bem pagos nos setores de serviços, em comparação com os empregados em outras atividades. Por exemplo, apenas 7% dos empregados no setor manufatureiro detinham graus elevados de formação profissional, enquanto nos serviços vinculados a negócios esse percentual era de 17%, 12% nos setores de finanças e seguros, e 27% nas áreas científica e técnica.

E mais: a estrutura de exportações de serviços por parte dos Estados Unidos apresenta relação direta entre a razão de valor exportado por trabalhador empregado e o nível médio de remuneração dos trabalhadores empregados em cada setor. Uma vez mais, um resultado que é um contrassenso, segundo a lógica de Hecksher-Ohlin, caso não se destaque a qualificação da mão-de-obra.

Há um conjunto de outras possíveis explicações – ainda de acordo com a teoria de comércio formulada para mercadorias – para o comércio de serviços. Não é o caso de elaborá-las aqui.

Bastaria referência apenas a uma das explicações pelo lado da demanda. Nas últimas 3-4 décadas os economistas passaram a elaborar teoricamente explicações para aquilo que se convencionou chamar de transações intrassetoriais, isto é, exportações e importações simultâneas de produtos classificados como semelhantes (por exemplo, a França exportando ao mesmo tempo veículos de passeio de marca Citroën para a Itália e importando veículos Fiat, com características técnicas semelhantes).

Parte das razões para tanto estaria associada a diferenças em gostos dos consumidores em cada país. Assim, no caso de serviços, há quem goste de novelas brasileiras, assim como haverá quem prefira a música romântica italiana ao rock americano. Diferenças em gostos podem ser elementos determinantes, tanto do comércio de mercadorias quanto das transações em serviços.

Em resumo, a teoria básica de comércio internacional, pensada para explicar a movimentação internacional de mercadorias, pode ser de grande ajuda no entendimento também dos elementos determinantes do comércio de serviços. Essa associação é tarefa em curso.

Renato Baumann é Doutor em Economia pela Universidade de Oxford. Professor do Departamento de Economia da UnB. Secretário-Adjunto de Assuntos Internacionais do Ministério do Planejamento. Ex-Diretor do Escritório da CEPAL no Brasil.

REFERÊNCIAS

UNCTAD (2016), Handbook of Statistics

J.B. Jensen (2011), Global Trade in Services – Fear, Facts and Offshoring, Peterson Institute for International Economics, Washington

A versão revisada do Acordo de Compras Públicas da OMC: uma oportunidade?

A recente revisão do Acordo de Compras Governamentais (GPA) da Organização Mundial do Comércio (OMC) lançou nova luz sobre o paradigma de que países em desenvolvimento só teriam a perder com a adesão ao Acordo. Isso ocorreria em razão da correlação entre tornar-se membro e renunciar à habilidade de usar as compras governamentais como ferramenta de desenvolvimento por meio da garantia de preferências a fornecedores domésticos.

Os progressos implementados pelo GPA Revisado deslocaram o peso relativo dado às desvantagens para um ponto onde é possível vislumbrar que os benefícios decorrentes da adesão ao GPA eventualmente possam superar os custos impostos pela abertura do mercado nacional de compras governamentais à concorrência estrangeira.

Na linha de frente de tais avanços, os novos dispositivos de Tratamento Especial e Diferenciado garantem a países em desenvolvimento uma acessão gradual e flexível, por meio de autorizações negociadas e temporárias que incluem manter acordos de preferências de preço com terceiros países, estabelecer patamares de acesso mais altos e ampliar gradativamente a cobertura do acordo com relação a entidades ou setores específicos.

Outra importante concessão autoriza o uso condicional de offsets, que são ações ou condições que encorajem o desenvolvimento local ou que melhorem a balança comercial das partes, tais como políticas de conteúdo doméstico, licenciamento de tecnologia, investimento, comércio recíproco ou similares.

Vistos em conjunto, estes dispositivos permitem, na prática, que países em desenvolvimento que adiram ao GPA acessem o mercado de compras dos demais membros sem precisar reciprocar de imediato, comprometendo-se inicialmente apenas com as regras procedimentais e de transparência.

Ainda em consequência da revisão, um novo pacote de cobertura foi negociado entre os membros, acrescentando um montante estimado de 80-100 bilhões de dólares anuais em novos compromissos à espantosa soma, já coberta pelo acordo, de 1,7 trilhão de dólares ao ano, o que corresponde à cerca de 2,5% da economia mundial.

Não obstante, os potenciais benefícios vão além dos ganhos de mercado. Os membros gozam de importantes sinergias entre seus compromissos perante os diversos acordos da OMC, bem como podem se favorecer de incorporação de boas práticas de governança, promoção de competição, aumento do investimento estrangeiro, internacionalização de empresas e de economia para o governo.

A visão relativamente otimista dos prováveis efeitos da acessão ao GPA é geralmente corroborada pelas principais análises publicadas sobre a experiência particular de alguns países membros. Com relação à experiência coreana, Choi (2003) concluiu que a acessão daquele país resultou em importantes incrementos na intensidade de competitividade, governança e eficiência em seu mercado de compras governamentais, sem, contudo, resultar em um significativo aumento da penetração de importações.[1]

Taipé Chinês, por sua vez, produziu diversos resultados positivos derivados de sua acessão, entre eles, a reforma do regime de compras governamentais nacional. Segundo Lo (2011), em que pese a decisão de aderir ao GPA impor um desafio a fornecedores locais, o impacto não foi tão grave se comparado aos aparentes ganhos. Reporta, ainda, que companhias locais teriam já assegurado contratos internacionais de aquisições governamentais de um valor aproximado a US$ 491 milhões no fim de 2010.[2]

Conforme o acordo evolui, é possível notar uma menor resistência de países em desenvolvimento ao GPA. Dentre os BRICS, por exemplo, apenas Brasil e África do Sul permanecem completamente à margem do Acordo. Índia, Rússia e China são observadores, sendo que os dois últimos já possuem compromissos de adesão negociados por ocasião dos respectivos protocolos de acessão à OMC. Na América Latina, Colômbia, Panamá, Costa Rica, Chile e até mesmo a Argentina, geralmente tida como protecionista, são observadores do acordo. É provável que, muito em breve, o México também adquira esse status.

Tornar-se observador do GPA é particularmente interessante, porque permite, sem qualquer ônus, tomar parte nas discussões que influenciarão os termos futuros do Acordo quanto a temas relevantes como, por exemplo, participação de pequenas e médias empresas, práticas de aquisições governamentais sustentáveis e padrões de segurança internacionais.

Sob a perspectiva do Brasil, permitiria levar a cabo os estudos necessários à reavaliação de seu posicionamento refratário, bem como poderia trazer dividendos políticos ao reforçar a imagem de transparência e apoio ao multilaterismo, na esteira do atual contexto de recrudescimento do protecionismo e da possível adesão do País à OCDE.

Segundo Anderson, Müller, Pelletier e Osei-Lah (2011), o valor de futuras acessões ao GPA deve ser avaliado primordialmente sob três aspectos: a importância sistêmica de possíveis novos compromissos de acesso a mercados; os benefícios; e os custos individuais de adesão, dentre eles, custos negociais, custos de adaptações legislativas e institucionais e o impacto na indústria local.

Para os mencionados autores, o impacto negativo na indústria local de países em desenvolvimento seria menor que o esperado, dado que há grande probabilidade de que fornecedores estrangeiros, ao ganharem a licitação, subcontratem firmas e trabalhadores locais. Os contratos poderiam, além disso, acarretar possíveis efeitos spillover, como, por exemplo, transferência de tecnologia e aumento do investimento estrangeiro direto (IED). Ademais, como previamente comentado, o novo GPA prevê a possibilidade de medidas transitórias e exclusões negociadas de forma a mitigar a exposição de setores sensíveis.[3]

Vincular-se às discussões como observador é essencial para tecer um diagnóstico preciso quanto aos benefícios individuais da adesão do Brasil ao GPA. Sem incorrer em qualquer custo ou compromisso, é provável que tal passo repercuta positivamente na interação do País com o mundo e no aumento de sua corrente de comércio.

Eduardo Rolim de Pontes Vieira é Analista de Comércio Exterior da Secretaria de Assuntos Internacionais do Ministério do Planejamento. Bacharel em Publicidade e Marketing pela Unb, em Direito pelo IESB, cursa presentemente pós-graduação em Direito Tributário e Finanças Públicas pelo Instituto Brasiliense de Direito Público – IDP.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

[1] Choi, Inbom (2003). “The Long and Winding Road to the Government Procurement Agreement: Korea’s Accession Experience” in Will Martin and Mari Pangestu, eds., Options for Global Trade Reform: A View from the Asia-Pacific (Cambridge: Cambridge University Press, 2003, chapter 11, pp. 249-269.

[2] Lo, Changfa (2011). “The benefits for developing countries of accession to the Agreement on Government Procurement: the case of Chinese Taipei”, in Arrowsmith and Anderson (2011), chapter 5, pp 140-148

[3] Anderson, Robert D., Kodjo Osei-Lah, Anna Caroline Müller and Philippe Pelletier (2011). “Assessing the Value of Future Accessions to the WTO Agreement on Government Procurement (GPA: Some New Data Sources, Provisional Estimates, and an Evaluative Framework for Individual WTO Members Considering Accession”.

Comércio exterior de serviços – o que vem pela frente?

Há muito que este blog vem discutindo as causas e consequências da elevada e crescente contribuição do setor de serviços para a economia brasileira. Seja pelo lado da participação no emprego, no PIB ou na produtividade, os serviços são cada vez mais determinantes dos destinos da nossa economia.

Um aspecto menos visível, mas que merece maior atenção, é o comércio exterior de serviços. Considere comparações entre os quinquênios inicial e final do período 1995 a 2016. No quinquênio 1995-1999, a corrente anual média de comércio de serviços foi de US$ 20 bilhões, o que correspondeu a 19% da corrente de comércio de bens. No quinquênio 2012-2016, a corrente já era de US$ 114 bilhões anuais, valor correspondente a 28% da corrente de bens.

O aumento da corrente de serviços foi mais fortemente influenciado pelas importações, como mostra o gráfico abaixo. De fato, enquanto no primeiro quinquênio as importações anuais médias de serviços foram de US$ 14,5 bilhões, as exportações anuais médias foram de US$ 5 bilhões. Já no último quinquênio, a média anual de importações passou para US$ 78 bilhões, enquanto que a de exportações passou para US$ 37 bilhões. O gráfico mostra que uma espécie de “boca de jacaré” se abriu, levando a um crescente déficit da conta de serviços – no primeiro quinquênio, o déficit anual médio foi de US$ 8,4 bilhões, mas no último quinquênio o déficit anual médio já tinha subido para US$ 40 bilhões.

O déficit do comércio de serviços passou a ter  crescente relevância para o saldo da balança comercial agregada de bens e serviços. No primeiro quinquênio, o déficit anual médio de serviços correspondeu a 61% do déficit da balança comercial Já no último quinquênio, o déficit anual passou a corresponder a números situados no intervalo entre 100% e 200% do déficit da balança comercial. Ou seja, os serviços tornaram-se o mais importante determinante do saldo da balança comercial e causa fundamental do déficit de transações correntes.

Como mostra o gráfico, parece ter havido mudança estrutural no comércio de serviços a partir de 2004, quando a corrente de comércio passou a crescer rapidamente. A partir de 2014, no entanto, a corrente de comércio entrou em declínio puxada principalmente pela queda das importações.

A queda recente da corrente de serviços pode ser explicada, ao menos em parte, pela recessão e pela desvalorização da taxa de câmbio. Mas é muito provável que uma vez que a economia volte a se recuperar, as importações de serviços também voltarão a se recuperar, mas a taxas desproporcionalmente maiores que a do crescimento do PIB. E isto se deve à elevada elasticidade da importação de serviços com relação ao produto. O quadro de recuperação também deverá ser acompanhado de aumento do déficit de serviços porque a elasticidade  das importações é maior que a das exportações, o que decorre, ao menos em parte, da crescente relevância dos serviços no comércio e nas cadeias globais de valor.

O que vem pela frente?

É muito provável que a corrente de comércio de serviços siga aumentando no futuro próximo e que influencie cada vez mais o resultado das contas externas. Para além do diferencial de elasticidades,  o que determinará mesmo o aumento da corrente de serviços será o explosivo crescimento da importância dos serviços de agregação de valor e diferenciação de produtos e da economia digital na produção e na gestão da produção, no comércio e no bem-estar das pessoas.

Gestão e uso de dados, serviços nas nuvens, e-commerce, entretenimento digital, marcas, propriedade intelectual, design, marketing, distribuição, uso de serviços de plataformas, dentre muitos outros serviços sofisticados estão se tornando componentes praticamente obrigatórios do dia-a-dia das empresas e da cesta de consumo das pessoas. Como a maior parte daqueles serviços é, e se tudo continuar como está, seguirá sendo importada, o déficit comercial de serviços provavelmente aumentará substancialmente nos próximos anos.

Um indicador dessa tendência são as contas externas de pagamentos de serviços de propriedade intelectual e de serviços de telecomunicação, computação e informações. As importações anuais médias de propriedade intelectual passaram de US$ 1 bilhão para US$ 5 bilhões no primeiro e último quinquênios, e as importações anuais médias de serviços de telecomunicação, computação e informações passaram de US$ 670 milhões para US$ 4 bilhões. No último quinquênio, aquelas duas contas já respondiam, sozinhas, por quase 20% do déficit total da conta de serviços.

Essas tendências, juntamente com a commoditização digital, sugerem fortemente que o comércio de serviços tem que ser parte integrante das políticas de crescimento econômico sustentado, bem como das agendas de políticas comercial, de investimento, industrial, tecnológica, capital humano e de infraestrutura. Afinal, já há pistas suficientes mostrando que, no futuro próximo, não será possível criar riquezas, gerar empregos de qualidade e entrar pela porta da frente nas cadeias globais de valor senão a partir da capacidade de desenvolver e gerenciar serviços sofisticados e de “empacotá-los” dentro de bens e de terceiros serviços.

O valor das plataformas: a diferença entre criar e dirigir um Uber

Com o aumento do uso de ferramentas da chamada “economia colaborativa” (ou “economia do compartilhamento”, “gig economy”, “economia do acesso”, etc), muito tem se falado e debatido sobre o comportamento da atual e das novas gerações de consumidores.

Sem forçar nos generalismos, parte dessas gerações parecem ter a sua demanda atendida mais pelo acesso do que pela posse de bens como carros e imóveis, por exemplo. Muito tem se falado, também, sobre as grandes possibilidades de geração de trabalho (e não necessariamente de emprego formal) nessa nova economia.

Talvez permaneçam pouco explorados, ainda, os efeitos da economia do acesso para o desenvolvimento e para a distribuição de renda em nível global. Se, por um lado, essa nova economia pode aumentar o emprego de recursos subutilizados e até a possibilidade de se fazer “bicos”, parece claro que o grosso do valor gerado nessas plataformas fica com os seus criadores e gestores, não com as pessoas e empresas que as povoam, como temos discutido aqui no blog. Enquanto os criadores do Uber (ou do AirBnB) estão ricos, os motoristas têm que dirigir muitas horas diárias para se sustentar.

É natural que o empreendedor inovador fique com o grosso do retorno da sua invenção, mas, pelo seu caráter de atuação global, é possível que essas plataformas, ao mesmo tempo que melhoram a vida do consumidor e geram trabalho ao redor do mundo, concentrem ainda mais a renda global. Afinal, a maioria das grandes plataformas digitais que domina mercados (Google, Facebook, Amazon, Uber, AirBnB, etc) foi criada e está situada nos Estados Unidos, mais especificamente no Vale do Silício.

Em razão da disponibilidade de mão de obra qualificada, melhores sistemas educacionais e universidades, maior acesso a conhecimento e a tecnologias de ponta e um melhor ambiente de negócios em geral, os países avançados tendem a ficar com a maior parte do valor gerado por essas plataformas. Além disso, por terem as vantagens de incumbentes, as empresas detentoras dessas grandes plataformas tendem a expandir a sua atuação para outros segmentos, nos quais costumam entrar já com enorme vantagem competitiva. Um exemplo disso é Amazon, que começou como uma loja online de livros em 1996 e hoje é a maior provedora de espaço na nuvem do mundo, além de ser uma das maiores empresas do varejo global.

Como explicado na “curva sorriso” e no exemplo da fabricação do iPhone, países em desenvolvimento tendem a ser mais usuários (como fornecedores ou consumidores) que criadores dessas novas soluções e plataformas. Esse processo tende a concentrar a renda.

Não se pretende, aqui, ser ludita e lutar contra tecnologias que trazem tanta comodidade e oportunidade de renda ao redor do mundo. O avanço delas é inevitável e até bem-vindo. Será necessário, porém, reconhecer que não se tratam de empresas convencionais e que seus impactos em mercados e na distribuição de renda também não são convencionais. Portanto, essas empresas precisam ser reguladas de maneira diferente, para que não abusem das suas posições para tomar medidas anticompetitivas nos seus e nem em outros mercados. Além disso, será preciso pensar formas de suavizar os efeitos negativos das tecnologias para a distribuição de renda.

Para países em desenvolvimento, como o Brasil, seria interessante pensar maneiras inteligentes para estimular a criação e o crescimento de startups que criassem soluções e plataformas de alcance global – sem gerar distorções alocativas como muitas das políticas industriais do passado.

Quanto à regulação, já há debate e até algumas ações ao redor do mundo em curso – veja a matéria de capa recente da Economist sobre o assunto –, mas a aplicabilidade de muitas das ideias propostas é difícil, dado o caráter global das empresas e a falta de instituições globais com capacidade para responder a isso. Há, também, algumas ideias debatidas para reduzir os potenciais impactos das novas tecnologias na concentração de renda, inclusive por pessoas como Bill Gates, que defende a criação de um imposto sobre o uso de robôs.

Com relação ao mercado de startups, há exemplos bem-sucedidos no Brasil e em outros países de desenvolvimento, em geral envolvendo uma mescla de iniciativas privadas e políticas públicas de desburocratização, aproximação de mercado e academia e transferência de conhecimento e tecnologia. É preciso avaliar seus impactos e trabalhar para expandir as iniciativas mais exitosas. Talvez assim consigamos gerar os nossos unicórnios e participar de modo mais efetivo da economia do século XXI.

A cura de Baumol

Morreu no último dia 4 de maio o economista americano William Jack Baumol. Baumol foi um dos economistas mais influentes do século XX e, provavelmente, seguirá sendo um dos mais influentes neste início de século XXI. A sua obra marcou o estudo da economia com contribuições substantivas. Em ordem cronológica, podemos citar o modelo Baumol-Tobin de demanda por dinheiro em espécie na década de 50; seu esforço em modelar externalidades e o imposto Pigouviano como remédio nos anos 70; e a teoria dos mercados contestáveis formulada nos anos 80. Outras contribuições relevantes foram feitas nos campos do desenvolvimento econômico, empreendedorismo e pensamento econômico, porém, sem a mesma originalidade das áreas mencionadas previamente.

Para os propósitos deste blog, a doença de custos de Baumol foi a maior das suas contribuições. Em artigo seminal publicado em 1967, intitulado Macroeconomics of Unbalanced Growth: The anatomy of urban crisis, Baumol introduz uma perspectiva original sobre a evolução da produtividade – e, portanto, dos preços – de diferentes segmentos produtivos a partir do que ficou conhecido como “doença de custos de Baumol”. O conceito “doença de custos” não foi cunhado por ele. Ao longo dos anos, outros economistas assim entenderam a sua contribuição e, em 2013, o próprio Baumol publicou um livro intitulado The Cost Disease: Why Computers Get Cheaper and Health Care Doesn’t, no qual ele organiza décadas de um debate que ele próprio iniciou.

Seu argumento está assentado na divisão de dois grandes grupos econômicos: um, o que ele denominou de tecnologicamente progressivo, e o outro, de tecnologicamente não-progressivo. Essa diferenciação é fundamentada na capacidade que um dos grupos tem de expandir a sua produção por inovações, acúmulo de capital e economias de escala. Ultimamente, porém, essa diferenciação vem do papel que o trabalho humano desempenha na produção. Segundo Baumol,

The basic source of differentiation resides in the role played by labor in the activity. In some cases labor is primarily an instrument – an incidental requisite for the attainment of the final product, while in other fields of endeavor, for all practical purposes the labor is itself the end product. Manufacturing encompasses the most obvious examples of the former type of activity. (…) Thus it has been possible (…) to effect successive and cumulative decreases in the labor input coefficient for most manufactured goods, often along with some degree of improvement in the quality of the product. (…) On the other hand there are a number of services in which the labor is an end in itself, in which quality is judged directly in terms of amount of labor. Teaching is a clear-cut example, where class size (…) is often taken as a critical index of quality. Here, despite the (…) variety of innovations, there still seem to be fairly firm limits to class size.” (Pág. 416)

Ou seja, Baumol não se refere a outras atividades distintas da indústria como menos importantes ou menos sofisticadas. Sua categorização mostra que a quantidade de trabalho humano envolvido na indústria depende do estágio de maturidade tecnológica que permite mais ou menos trabalho.

Muitas são as implicações da sua visão original, apesar de algumas delas terem passado praticamente em desapercebidas. O recente debate sobre commoditização digital e a percepção de que a contabilidade nacional tem problemas de mensuração das atividades econômicas, especialmente a superestimação do tamanho do setor de serviços, são reinterpretações da visão original de Baumol que jogam preciosa luz sobre o debate das novas tecnologias, mudança estrutural e da desindustrialização ao trazer para o centro do debate as trajetórias não convergentes da produtividade entre os diversos setores e o inevitável encarecimento relativo de tudo aquilo que depende intrinsecamente da criação e do trabalho humano.

Em tempos de inteligência artificial e robotização frenética, o trabalho humano foi colocado em xeque. Teremos emprego? Teremos serventia? E, mais importante, teremos trabalho? Chegou a hora de reinterpretar a visão de Baumol. Talvez a doença de custos seja a cura para o nosso temor de sermos descartados por robôs e computadores.

Custos e benefícios da abertura do mercado de serviços

Este blog tem discutido há muito que os serviços brasileiros são relativamente caros e de baixa qualidade para padrões internacionais, o que compromete a competitividade das empresas que os utilizam como insumos de produção. Também tem mostrado que vários segmentos do mercado de serviços são bastante protegidos da competição internacional.

A quase instantânea reação a essas evidências é a de apoiar a abertura do mercado de serviços como forma de minorar os impactos negativos mais imediatos para as empresas. Posição mais que legítima. A defesa da maior competição deve, porém, levar em conta outros pontos que também têm impactos para a competitividade, produtividade e geração de riquezas e empregos. Dentre esses pontos, incluem-se os que seguem.

Primeiro, os serviços de custos, como logística e fretes, portos, serviços financeiros convencionais, serviços industriais e serviços de manutenção e apoio, são normalmente menos comercializáveis internacionalmente em razão da sua natureza — pense nos serviços de cargas internas — e, portanto, são providos majoritariamente em nível local. Já os serviços de agregação de valor e diferenciação de produtos, como licenças e royalties, softwares customizados, design, marcas, marketing, distribuição e pós-vendas, são mais passíveis de serem comercializados internacionalmente também em razão da sua natureza — pense nos serviços providos via internet.

Segundo, embora a participação dos serviços de agregação de valor e diferenciação de produtos no valor adicionado esteja crescendo, os serviços de custos ainda são absolutamente majoritários nas nossas matrizes de custos industriais  e de commodities (juntas, as duas classes de serviços correspondem a nada menos que 64% do valor adicionado da indústria). Matrizes internacionais de insumo-produto (WIOD) mostram que a participação dos serviços de custos é desproporcionalmente elevada no Brasil porque ela espelha a estrutura de produção — bens sofisticados consomem mais serviços de agregação de valor, enquanto que bens menos sofisticados consomem mais serviços de custos. Commodities, semimanufaturados e outros produtos e serviços de baixo valor adicionado respondem pela maior parte do PIB e das nossas exportações.

Terceiro, muitos dos mais importantes serviços de custos consumidos pelas empresas no Brasil são excessivamente concentrados e oligopolizados, o que leva a preços altos, ineficiências e poucos incentivos para inovar. O mercado de serviços financeiros, que perfazem, em média, 25% dos serviços consumidos pelas empresas, é revelador.  O aumento da competição e da eficiência nos serviços de custos requer, antes de tudo, a remoção de barreiras à entrada de novas empresas e a modernização da regulação que governa aqueles serviços. A tributação incidente sobre muitos serviços de custos é elevada e distorciva e compõe o quadro de ineficiências e preços altos.

Quarto, evidências empíricas mostram que enquanto os serviços de agregação de valor e diferenciação de produtos elevam a produtividade e a competitividade das empresas, os serviços de custos têm pouco ou nenhum impacto na produtividade, o que decorre desses serviços serem condição necessária, mas não suficiente para se competir internacionalmente. Serviços eficientes e modernos de logística e portos, por exemplo, reduzem custo, mas não criam valor nem inserem o produto em estágios mais avançados das cadeias globais de valor. Isto, quem pode fazer, são os serviços de agregação de valor e diferenciação de produtos, sobretudo por meio das relações sinergéticas e simbióticas entre bens e serviços para criar valor (Arbache 2016, capt 2).

As considerações acima sugerem que, na margem, a abertura do mercado terá maior impacto nas importações de serviços de agregação de valor do que nos serviços de custos. Por isto, não se deve esperar que a abertura venha, per se, a impactar substancialmente a competitividade e a produtividade das empresas.

A maior dependência da importação de serviços de agregação de valor e diferenciação de produtos decorrente da abertura poderá ter impactos não negligenciáveis nos incentivos para se desenvolver esses serviços no país, o que poderá ter implicações importantes na nossa capacidade de adicionar valor e de participar de fases mais sofisticadas das cadeias globais de valor. As maquilas do norte do México e a Zona Franca de Manaus são reveladores dos efeitos dessa dependência sobre o que e o como se produz.

Por fim, embora os serviços de custos sejam mais importantes para os produtos que mais produzimos e exportamos, mesmo ali os serviços de agregação de valor já exercem influência importante. Pense na soja em grão. P&D e royalties embutidos nas sementes e nos agrotóxicos, serviços técnicos especializados, serviços de satélite, comercialização em mercados futuro, comercialização internacional por trading companies, dentre outros serviços sofisticados — e que são majoritariamente importados – já respondem por elevada e crescente parcela do valor final da commodity.

O que fazer?

A esta altura do acirramento da competição global por um lugar ao sol, é crucial, crítico até, reconhecer as limitações dos nossos serviços e de seus impactos deletérios na produtividade das empresas e também na produtividade agregada, já que eles perfazem 73% do PIB.

Mas tão ou mais importante que abrir o mercado é remover as enormes barreiras à competição interna que geram verdadeiros cartórios. Além disso, é preciso identificar os principais bottlenecks a partir das relações sinergéticas e simbióticas entre bens e serviços para se criar valor e ali promover aumento dos investimentos e maior acesso à tecnologias (as novas políticas operacionais do BNDES são encorajadoras e vão nesta direção). Outras políticas que serão úteis para o desenvolvimento e a competitividade dos serviços incluem medidas que atraiam investimentos de multinacionais de serviços e seus laboratórios de P&D, estimulem as universidades e institutos de pesquisa a desenvolverem tecnologias de serviços sofisticados, reforma tributária que não discrimine a provisão de serviços de agregação de valor no país, investimentos em infraestruturas avançadas que estimulam negócios no setor (como banda larga) e formação de quadros voltados para as necessidades dos investimentos em serviços.

A maior abertura do setor é inquestionável, mas ela deve ser feita com visão estratégica e deve compor um conjunto coordenado de políticas que se complementem e que contribuam para gerar prosperidade e inserção internacional do país pela “porta da frente”. Deve, ainda, levar em conta a economia política da proteção e os erros de política que foram cometidos no passado e que ajudaram a criar tantas ineficiências no país.

A Conectividade e a Vulnerabilidade dos Usuários da Internet

Atualmente, o Wi-Fi faz parte da vida das pessoas, que ficam satisfeitas por poderem se conectar no café, no hotel, no Shopping. Porém, o acesso à Internet pode expor as pessoas a risco de ataques maliciosos.

O avanço tecnológico também traz problemas, e um deles é o crime cibernético, que pode ser um grave problema para as pessoas. Depois do ataque cibernético de escala mundial que aconteceu na última sexta feira (12/05), muitos usuários da Internet puderam perceber que os benefícios da era digital também podem vir acompanhados de riscos.

De acordo com o Norton Cybercrime Report, empresa que realiza o estudo mais importante do mundo a respeito do tema, em 2015 cerca de 689 milhões de pessoas foram vítimas de crimes online em 21 países. No Brasil, a maior preocupação é com a vulnerabilidade de crianças e adolescentes online.

O montante perdido para o crime cibernético no Brasil em 2015 foi o equivalente a 45 bilhões de reais. O tempo gasto no mundo para sanar os ataques cibernéticos, em 2015, foi de 19,7 horas e o valor global estimado gasto com esses ataques foi de 125,9 bilhões de dólares, que é um valor considerado alto o suficiente para mobilizar recursos e incentivar os Governos a tratarem mais seriamente do assunto.

Depois que houve a invasão de hackers ao sistema Swift do Banco Central de Bangladesh, quando foram roubados 81 milhões de dólares, a rede Swift resolveu encorajar os demais bancos para que se unam e criem medidas para barrar esse tipo de crime. Diversos grandes bancos se uniram para tentar combater o crime cibernético e melhorar a segurança digital dos consumidores e das empresas. Esse é um exemplo de medida que envolve a possibilidade de ação conjunta entre o governo e a iniciativa privada.

Em março de 2016, a Norton publicou um post sobre os cuidados que os usuários devem ter ao se conectarem ao Wi-Fi público. Mais pessoas acreditam que, nos últimos 5 anos, está mais difícil ficar seguro online (63%) do que no mundo real (52%). Infelizmente, esses crimes podem ser caracterizados como uma das consequências geradas pela globalização, que talvez possa ser sanada, ao menos parcialmente, com a ampliação dos investimentos em tecnologia, principalmente nos países em desenvolvimento.

Para prevenir esses ataques, principalmente os de maior gravidade, como aqueles financeiros, bancários ou de bullying e invasão e exposição de dados privados, é importante reforçar a regulação do meio digital, mas sempre com o cuidado de não tornar a Internet menos livre ou menos propícia à inovação e ao surgimento de novos negócios.

Boletim de Serviços – Maio de 2017

O Boletim de Serviços de maio de 2017 está no ar, clique aqui para acessá-lo. Alguns dos destaques:

  • O volume do setor de serviços registrou contração de 2% em fevereiro na comparação anual, com destaque negativo para os serviços de valor (-13,5%).
  • A inflação de serviços acumulada em 12 meses registrou leve aumento, chegando a de 5,5% em março.
  • Após um mês positivo, o setor de serviços voltou a apresentar saldo de empregos negativo, tendo destruído 58 mil vagas em março.
  • As exportações de serviços registraram um aumento de 30% na comparação anual.
  • Comparado a março de 2016, o IED apresentou expressivo aumento de 105%.

Para acessar a metodologia e as séries históricas em excel, acesse: https://economiadeservicos.com/boletim.

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