[Este post faz parte da série “10 Tendências que afetarão o ensino superior até 2025”]
“Base sólida para a construção de uma sociedade mais consciente e igualitária, a educação, entretanto, possui muitos desafios em nosso país, desde o ensino básico até o superior. Um dos principais fatores que motiva o interesse dos investidores é o baixo número de adultos brasileiros que chegaram ao ensino superior: 14%”. A média dos países da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) é de 35%, segundo a publicação Education at a Glance 2016, da OCDE, que comparou dados de mais de 40 países, incluindo o Brasil.
No Brasil, a educação é e continuará sendo um investimento certeiro – e de baixo risco. Poucos setores da economia atravessaram a recente crise brasileira com tanta desenvoltura quanto o de ensino privado. No caminho inverso da grande maioria das empresas, as escolas particulares, tanto as de ensino básico como as de nível universitário, fizeram investimentos, intensificaram processos de consolidação e alçaram a indústria acadêmica ao topo do ranking dos mercados mais promissores e rentáveis do país, já que a mesma educação que transforma e constrói uma sociedade melhor também pode, do ponto de vista financeiro e empresarial, gerar grandes lucros a seus investidores.
Desde que o MEC publicou a portaria que acelera e flexibiliza a implementação de cursos superiores na modalidade EAD, sem o credenciamento para cursos presenciais, as instituições de ensino vislumbraram a oportunidade para expandir seus negócios para outras regiões. Nessa onda, grandes investidores passaram a aportar recursos financeiros e a se consolidarem por meio de fusões e aquisições.
Por trás deste imenso movimento estão nomes como Jorge Paulo Lemann, fundador da Escola Eleva, no bairro de Botafogo/RJ, que aportou R$ 100 milhões e ainda criou um fundo com R$ 1 bilhão para investir no setor educacional. Além de Lemann, outros investimentos têm sido capitaneados, como é o caso da Kroton e da Avenues, rede global de educação básica, fundada em New York em 2012 e que se instalará no Brasil a partir do segundo semestre de 2018.
Com o avanço da entrada de grupos internacionais no mercado brasileiro, o setor educacional passou a ser dominado e regulamentado por poucos: grandes corporações controlam a oferta de cursos presenciais e EAD no país. Com forte presença nas principais regiões brasileiras, esses grupos iniciaram o processo de expansão de suas bandeiras, “marcas”, através do ensino superior e flertam na aquisição de empresas do segmento do ensino médio.
Para alguns especialistas no assunto, esse intenso movimento de investimentos no mercado educacional levanta inúmeras discussões e dúvidas, principalmente quando o centro das questões está relacionado à qualidade do ensino x geração de lucro.
Investimento privado impulsiona o setor educacional
O crescimento do mercado de ensino privado cria oportunidades também para bancos e financeiras. Com um rigor maior do Ministério da Educação e da Caixa Econômica Federal para a liberação do Fundo de Financiamento Estudantil (FIES), instituições privadas de crédito se tornaram alternativas aos estudantes que não podem pagar as mensalidades da faculdade.
No campo privado, o crédito universitário é oferecido principalmente por quatro instituições: Bradesco, Ideal Invest (gestora do programa Pravaler Crédito Universitário, que tem o Itaú como sócio minoritário), Fundaplub, instituição que gere linhas de financiamento oferecidas pelas próprias universidades, e o Santander, que não oferece financiamento para a graduação, mas empresta para o pagamento de cursos de pós-graduação e MBAs.
Novo posicionamento em 2025
O ano de 2025 estará marcado pela consolidação do mercado educacional no País. Como dizem os Engenheiros do Hawaii, “Nessa terra de gigantes, que trocam vidas por diamantes, a juventude é uma banda numa propaganda de refrigerantes”.
Iniciativas apoiadas em tecnologia, principalmente com o uso de potentes Data Analytics e IA (Inteligência Artificial), permitiram a oferta de produtos e serviços sob medida, reformularam os processos e, com métodos disruptivos, as IES desenvolveram novas alternativas educacionais que lhes possibilitaram se posicionar no mercado de forma a gerar valor para seus clientes – os estudantes.
Receberam, ainda, atenção e investimentos das gigantes companhias de TI’s e, sobretudo, com o desenvolvimento e investimento em seus centros de pesquisas, produziram inúmeras startups ligadas ao segmento agindo como fomentador e investidor destes projetos. Essa iniciativa permitiu que as receitas provenientes de matrículas e mensalidades representassem cerca de 40% e os demais serviços propostos alcançassem 60% do faturamento, transformando as instituições de ensino em um hub de negócios.
Outro aspecto que provocou fortes impactos no setor educacional foi a expansão destes grupos privados na América Latina. Também percebemos que algumas instituições de ensino se fortaleceram neste período através de um posicionamento de nicho mercadológico, apostando suas estratégias em um modelo de ensino altamente profissionalizante e com parcerias internacionais e programas de intercâmbio com instituições de renome. Algumas instituições de ensino já perceberam no mercado brasileiro uma grande oportunidade e passaram então a investir fortemente no país.
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