Em artigo anterior, abordei a expansão do uso da telessaúde no Brasil, inclusive por universidades e hospitais públicos, permitindo a disseminação do conhecimento para regiões com menos acesso. A cada ano essa modalidade de ensino e compartilhamento de informações para ajudar no aprendizado e diagnósticos de doenças tem aumentado, auxiliando os médicos e pacientes em todo país.

Além da telessaúde, outras ferramentas digitais têm sido amplamente empregadas para auxiliar pacientes e médicos na prestação de serviços para saúde. De acordo com pesquisa realizada pelo SEBRAE, as startups de serviços são as mais buscadas pelos investidores (97%). Entre os serviços, destacam-se os serviços de saúde, com quase 30% da preferência.

O atendimento de pacientes para diagnóstico e tratamento on-line não é permitido atualmente, mas aplicativos e outras ferramentas podem ser utilizados para outros serviços relacionados à saúde, como o monitoramento dos pacientes, agendamento de consultas, histórico médico, etc. Além de diminuir os custos, essas ferramentas contribuem com a organização e economia de tempo (tanto do paciente como do serviço médico).

O Sistema Único de Saúde (SUS) tem utilizado o sistema de envio de mensagens por SMS para agendar consultas de pacientes, lembrá-los do agendamento e monitorar pacientes crônicos (com diabetes e hipertensão). No monitoramento, o SMS é enviado aos pacientes cadastrados, que devem responder à mensagem informando sua pressão arterial ou seu nível de glicose. Com a informação em mãos, o serviço de saúde pode orientá-lo a procurar o posto médico mais próximo para orientações ou passar dicas de exercícios ou nutrição.

O envio de SMS custa ao governo entre R$ 1,50 e R$ 2,00 por paciente, por mês. Um custo baixo que pode auxiliar os médicos do serviço de saúde a monitorar seus pacientes mais críticos, sem a necessidade desses se deslocarem até o local. Esse método pode auxiliar a desafogar os ambulatórios que recebem milhares de pessoas diariamente, além de agilizar os atendimentos aos pacientes críticos, uma vez que os registros geram o histórico.

Há também aplicativos desenvolvidos com o intuito de aproximar médicos e pacientes, onde quer que estejam. Esses aplicativos permitem a “contratação” de especialistas que visitam os pacientes em casa ou em consultórios próximos à localização do paciente, facilitando o atendimento e o tratamento de casos menos graves. Além de atendimento médico, esses aplicativos disponibilizam uma rede integrada de laboratórios, fisioterapeutas e cuidadores.

Em um país como o Brasil, que passa por um processo de envelhecimento de sua população, serviços desse tipo facilitam o atendimento de idosos. Em muitos casos não há como deslocar a pessoa idosa, e o aplicativo permite o deslocamento do especialista. De certa forma, esses aplicativos ajudam na prestação do serviço de saúde suplementar. Tornam-se alternativas viáveis às pessoas que não podem arcar com os custos de um plano de saúde, mas podem pagar por uma consulta com preço mais baixo.

As operadoras de serviços de saúde também se utilizam dessas ferramentas. Visando a comodidade dos clientes, os prestadores de serviços disponibilizam aplicativo com a rede credenciada, a possibilidade de agendamento de consultas, boleto virtual, além de instrumentos de promoção da saúde (como contador de passos, alimentação saudável, etc.). Há ainda o uso de aplicativos gerenciais, que auxiliam as operadoras do serviço a gerenciar seus fluxos. Isso é de grande valia para empresas de menor porte. De certa forma essas ferramentas contribuem para respostas mais imediatas aos pacientes/clientes, podendo agregar ainda mais valor ao serviço prestado.

Outra modalidade de serviço digital para saúde é o de diagnóstico. Além daqueles aplicativos já bastante conhecidos que medem frequência cardíaca e temperatura, uma nova tecnologia portátil deve chegar ao mercado, diagnosticando de maneira rápida e precisa doenças a partir de um exame de sangue. Uma gota de sangue colocada em um dispositivo que captura imagens em alta resolução conta as células e identifica anomalias. O equipamento portátil está em análise pelo FDA, agência reguladora dos EUA, e deve ser aprovado para uso em breve.

A tecnologia tem agregado muito valor aos serviços de saúde, agilizando diversos processos, auxiliando na organização (tanto de empresas como de clientes) e facilitando o diagnóstico de doenças e os tratamentos. Ainda tem reduzido custos do serviço, o que permite uma ampliação do atendimento. Há grande expectativa de que a tecnologia seja cada vez mais agregada aos serviços de saúde, dando maiores oportunidades aos usuários desse importante serviço.