Na última semana, o IBGE divulgou os resultados mais recentes do Sistema de Contas Nacionais Trimestrais. Como foi bastante noticiado, ao apresentar dois trimestres consecutivos de crescimento positivo, a economia brasileira saiu oficialmente da recessão, depois de dois anos.
Apesar da boa notícia, o crescimento modesto (0,2% em relação ao primeiro trimestre) não foi uniforme. O setor de serviços, responsável por quase 75% do PIB, foi o que registrou maior crescimento trimestral – 0,6% – com destaque para o segmento de comércio (1,9%). Esse resultado foi puxado principalmente pela volta do crescimento do consumo das famílias (1,4%), fruto da queda do desemprego e de uma maior estabilidade do rendimento médio real da população.
Ainda no setor de serviços, outros segmentos além do comércio mostraram crescimento positivo no período, também puxados pelo aumento da demanda interna: Atividades imobiliárias (0,8%); Outros serviços (0,8%); e Transporte, armazenagem e correio (0,6%). Geram preocupação os segmentos de Serviços da informação (-2,0%); o setor público (-0,3%); e Intermediação financeira e seguros (-0,2%). Todos estes segmentos apresentaram queda de atividade com relação ao primeiro trimestre.
Além desses segmentos, preocupam também o crescimento nulo da agropecuária (após um primeiro trimestre atípico) e o resultado negativo da indústria (-0,5%) (após um primeiro trimestre positivo), além da quarta queda consecutiva do investimento (Formação bruta do capital fixo) (-0,7%), o que pode gerar restrições no crescimento futuro.
Em suma, há motivos para acreditar que o pior da crise já passou, mas também não faltam razões para se preocupar. Para além das questões conjunturais, é preciso pensar em meios de tornar a economia brasileira definitivamente mais competitiva e menos sujeita aos “voos de galinha”. Preparar as novas gerações para as habilidades do século XXI e colocar os serviços e os desafios da economia digital no centro dos debates será fundamental para isso.
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