Economia de Serviços

um espaço para debate

Month: março 2016

AliExpress, Spotify e os novos intermediadores

Em muitos mercados, o número de intermediadores tem diminuído. Antigamente, se um consumidor precisasse de uma peça importada específica para o seu computador, ele teria que buscar em lojas especializadas, que, por sua vez, teriam que importar a peça de fornecedores no exterior, caso não a tivessem em estoque. Nos dias de hoje, esse mesmo consumidor pode comprar quase que diretamente dos produtores, por meio de sites como o AliExpress ou eBay.

Atualmente, grande parte dos aplicativos e sites de sucesso se baseiam em aproximar prestadores e compradores de serviços – em muitos casos, compradores também são prestadores e vice-versa. Em geral, aplicativos como o AirBnB ou mesmo sites como o Estante Virtual, nascem da percepção de uma falha de mercado.

Pense no exemplo da Estante Virtual, plataforma que reúne milhares de sebos espalhados pelo país. Antes, se um consumidor procurasse um livro fora de circulação, ele limitaria sua busca a lojas de livros usados locais. Caso encontrasse em uma dessas lojas, provavelmente não saberia se está pagando caro ou barato, pois estaria limitado às opções locais.

O site aumenta a concorrência entre sebos, já que o consumidor acessa o catálogo de lojas de todo o país. Adicionalmente, o serviço amplia de forma considerável o mercado para os sebos. Uma loja de livros usados no interior do Paraná pode, pelo Estante Virtual, vender seus livros para um cliente no Nordeste – algo impensável há 20 anos.

Portanto, o maior valor do site é agir como um intermediador, que informa tanto o preço quanto a qualidade do serviço ou bem prestado, por meio de avaliação de usuários. Esse processo, que se repete em diversos mercados, traz importantes ganhos de eficiência e de bem-estar. O consumidor passa a ter acesso a uma maior diversidade de bens e serviços, normalmente a preços mais baixos, por conta da menor assimetria de informação e maior concorrência.

Tal transformação acaba por diminuir o mercado de intermediários locais e, portanto, muda consideravelmente a estrutura de diversos setores. Um exemplo disso são os serviços de streaming de músicas, como o Spotify ou o Deezer. Até recentemente, um artista que não tivesse uma gravadora e distribuidora dificilmente conseguiria ser ouvido para além de sua região.

Uma grande gravadora era necessária não apenas para que o artista tivesse acesso a equipamentos de última geração, mas principalmente para que a sua obra fosse gravada em um meio físico (disco, fita, CD, etc) e fosse distribuída para lojas e estações de rádio. Nos dias de hoje, um músico ou uma banda pode gravar seu disco em casa e, por meio de distribuidores independentes, inserir sua música nessas plataformas que contam com milhões de ouvintes do mundo todo e seguem crescendo[1]. Os custos da intermediação são consideravelmente mais baixos, dado que há maior concorrência e os serviços são menos complexos do que antes.

Movimento similar está ocorrendo no mercado editorial. A Amazon, responsável por 74% do mercado norte-americano de e-books (ver gráfico abaixo), permite que um autor publique e venda seus livros em formato digital por meio do seu serviço Kindle Direct Publishing, com o escritor recebendo até 70% do preço em royalties.

Apesar dos ganhos para consumidores e empresas já discutidos, esses novos serviços também levantam algumas questões. Se por um lado eles aumentam a competição para o consumidor final, parece estar havendo uma concentração nos mercados de intermediários. Num futuro próximo, é possível que artistas e escritores sejam praticamente obrigados a publicar suas músicas no Spotify ou seus livros na Amazon, sob o risco de não terem audiência fora dessas plataformas.

Com isso, esses novos intermediários virariam quase monopsônios (compradores únicos) e teriam poder excessivo para determinar quanto um autor ou artista “mereceria”. Já há diversos artistas no Brasil e no resto do mundo se queixando das divisões de lucros dos serviços de streaming. Essa pode ser a primeira de muitas batalhas, em diversos mercados.

Gráfico 1 – Participação no total de ebooks vendidos no mercado americano em 2015

[1] Alternativamente, o artista pode simplesmente disponibilizar sua música em seu site, como muitos já o fazem.

Fluxos internacionais de dados e a globalização digital

“Na era digital, a moeda forte de troca é a informação, acessível e universal.”

Em 2001, a Revista Superinteressante publicou o texto “Sociedade da Informação”, de onde a frase acima foi retirada. A publicação preconizava a importância da informação em um contexto em que a Internet dava os primeiros sinais de seu potencial como meio de comunicação. O futuro previsto pelo texto apontava que as empresas de informática, eletrônica e comunicação ditariam “a tônica dos novos tempos”, em que o acesso à rede global de computadores seria cada vez mais importante para a sociedade e a economia.

Quinze anos depois, já é possível afirmar que a rápida expansão da Internet de fato consolidou um novo mercado de dados. Nesse contexto, armazenar, transmitir e garantir a segurança da informação se tornou um fator chave para a economia global.

Conforme apresentado em relatório recente da McKinsey, os fluxos globais contribuíram para o crescimento do PIB mundial em 10% em 2014 – um aumento de U$S 7,8 trilhões. Desse total, U$S 2,8 trilhões referem-se apenas ao fluxo internacional de dados (ou cross-border data flows), representando uma participação superior à do fluxo de bens. O ponto central é que, enquanto os fluxos de bens e serviços levaram centenas de anos para se desenvolverem, a expansão dos fluxos de dados ocorreu principalmente nos últimos 15 anos.

Mais ainda, é possível notar que, ao mesmo tempo em que o fluxo de bens e serviços tradicionais perderam momentum, o fluxo de dados – mensurado pelo uso de cross-border bandwidth – cresceu 45 vezes entre 2005 e 2015 (ver figura abaixo). O estudo prevê, ainda, que o fluxo de dados crescerá mais 9 vezes nos próximos cinco anos, se os fluxos de comércio digital, pesquisas, vídeos, comunicações e tráfego entre empresas seguirem o ritmo de expansão atual.

Figura – Expansão do fluxo de dados
Fluxo de dados

Fonte: Mckinsey.

A nova era digital inaugura uma etapa para o processo de globalização – ou globalização digital -, ditada pelos fluxos de dados que mudaram as formas de transmissão de informação e inovação e estabeleceram novos mecanismos de interação entre pessoas e empresas.  Isto significa que “globalization is becoming more about data and less about stuff” (“a globalização está se tornando um fenômeno mais relacionado a dados e menos relacionado a coisas”, em tradução livre), conforme o título da coluna da Harvard Business Review sobre o tema.

No entanto, a figura acima mostra que o fluxo de dados é menor em países periféricos, indicando que a universalização do acesso à rede e o consequente aproveitamento dos fluxos globais de dados ainda encontra obstáculos ao redor do mundo.

Isso significa que, enquanto os países mais desenvolvidos caminham para a maior integração ao fluxo internacional de dados, países menos desenvolvidos apresentam maior dificuldade em embarcar na nova era digital.  Melhorar o acesso à rede e modernizar políticas regulatórias sobre o tema são apenas os passos iniciais para que esses países tenham a chance de ingressar competitivamente em um mercado cada vez mais digitalizado.

O Brasil é um exemplo contundente de uma economia que, apesar de se encontrar entre as 10 maiores do mundo, ainda apresenta baixo acesso à Internet, o que impacta negativamente a participação do país no fluxo digital.

A sociedade da informação traz uma infinidade de oportunidades em um mundo globalizado e digitalizado. Tais oportunidades abrangem o desenvolvimento de uma gama de atividades associadas a serviços em nuvem, Internet das Coisas, e-commerce, dentre outras potencialidades trazidas pela rede. Saber aproveitá-las é o grande desafio para países que, como o Brasil, estão chegando atrasados à revolução digital.

O Ensino a Distância pode melhorar o desempenho educacional do país?

Em um post anterior, Tiago Xavier abordou a relação entre o setor de tecnologia da informação e comunicação e o desenvolvimento econômico. E quanto à educação? É possível utilizar tecnologias de informação para melhorar o desempenho educacional do país? A resposta parece ser positiva, e um dos caminhos para obter essa melhoria é a modalidade de educação a distância (EaD).

Para as empresas que adotam a EaD, para os estudantes e também para os educadores, essa modalidade apresenta diversos benefícios, como, por exemplo, a flexibilidade nos horários das aulas, a autonomia para os estudos, e a redução dos custos com deslocamento. O Canadá foi o pioneiro na educação a distância e hoje é membro global do Conselho Internacional de Educação Aberta e a Distância. Das 56 universidades canadenses existentes, 53 oferecem cursos a distância.

No Brasil, a EaD permitiu a ampliação no número de alunos que podem obter o nível superior sem que estes necessariamente precisem abrir mão de outras atividades que os impedem de comparecer às aulas presenciais, dada a possibilidade de adaptar as aulas aos seus horários disponíveis. Além disso, essa modalidade permite que estudantes tenham aulas com professores qualificados, em qualquer lugar do mundo, sem a necessidade de deslocamento. As empresas que adotam a EaD também economizam, visto que não há a necessidade de um espaço físico com estrutura para aulas presenciais.

Apesar dos benefícios, o ensino a distância traz alguns desafios. De acordo com o Censo realizado pela Associação Brasileira de Ensino a Distância, a evasão é o maior obstáculo enfrentado por instituições que oferecem cursos remotos, seguida da resistência dos educadores quanto à modalidade de EaD. Portanto, por parte das instituições de ensino, presar pela motivação dos alunos e contratar professores qualificados e atenciosos é condição essencial para o sucesso de cursos desse tipo.

Assim, os investimentos em EaD devem ser realizados com cuidado. É necessário que haja um contínuo monitoramento das atividades. Universidades como Harvard e MIT estão estudando como o big-data pode melhorar a atuação de seus professores em cursos online.

Presente em diversas áreas do conhecimento (ver Gráfico 1), o ensino a distância ainda recebe relativamente pouco investimento público. A maior parte dos investimentos realizados nessa área são privados e isso parece gerar disparidades regionais (ver Censo EaD 2014). No Brasil, 41% das instituições que oferecem cursos EaD estão no Sudeste; 25%, na Região Sul; 15%, no Nordeste; e 10%, no Distrito Federal. A menor quantidade de instituições encontra-se nas regiões Norte e Centro-Oeste (excluindo-se o DF), que, juntas, somam 9% do total.

O caso da EaD é apenas um exemplo de como uma economia globalizada e com trocas de informações e serviços pode melhorar e promover o crescimento de alguns setores. Economias que possuem excesso de mão de obra qualificada, ou aquelas que conseguem desenvolver melhores pesquisas em determinadas áreas, podem auxiliar os países menos desenvolvidos nessas áreas. Nesse contexto, a profusão de cursos online abertos do tipo MOOCS (Massive open online course), bem como a iniciativa MIT OpenCourseWare (que disponibiliza online o conteúdo dos cursos do MIT), são interessantes exemplos.

Gráfico 1. Percentual de cursos regulamentados e totalmente a distância: ofertados em 2014, por área do conhecimento

Senza titolo

Fonte: Censo da Associação Brasileira de Ensino a Distância (2014/2015)

Conheça as fintechs: as startups que já deveriam estar no seu celular

Silicon Valley is coming.

Com a frase acima, o CEO da JP Morgan Chase Jamie Dimon referia-se às fintechs, novas empresas de tecnologia financeira que estão revolucionando o sistema financeiro. Essas startups exploram a revolução digital para prover serviços financeiros com flexibilidade e com a comodidade de um atendimento que tem como único intermediário o smartphone. A ausência de uma estrutura física de atendimento possibilita o fornecimento de recursos com taxas inferiores aquelas cobradas por intermediários tradicionais.

Essas empresas têm conseguido atrair de forma massiva os jovens, que são seu público-alvo justamente por sua aversão à burocracia das agências e bancos. O resultado desse fenômeno é o assustador crescimento das fintechs: em 2014, os aportes nessas empresas foram superiores a US$ 12 bilhões, o triplo do volume registrado no ano anterior.

Gráfico 1: Investimentos globais em fintechs

investment-in-fintechs

                        Fonte: Accenture, 2015.

As fintechs vão muito além do tradicional mercado bancário, com o fornecimento de recursos em diversas modalidades, como o empréstimo para pequenos negócios (OnDeck), peer-to-peer (Venmo) e crowdfunding (Kickstarter). Entre os destaques brasileiros está o Nubank: criada em 2014, a startup oferece o serviço de cartão de crédito internacional sem anuidade, com todo o controle e relacionamento feito por meio de seu aplicativo. A empresa recebeu mais de US$ 200 milhões em seu quarto aporte e já tem mais de 1,5 milhão de pessoas em lista de espera para receber o cartão.

Ainda não se sabe, todavia, se os serviços prestados pelas fintechs como o Nubank serão complementares ou substitutos aos tradicionais serviços financeiros. No grupo dos mais jovens, que costumam enfrentar questões financeiras menos complexas , o desempenho é expressivo. Iniciativas recentemente anunciadas, como a possível estruturação de um programa de milhas, sinalizam o interesse em ganhar espaço entre clientes de renda mais elevada. Mas ainda não se pode afirmar se a startup conseguirá satisfazer as demandas mais sofisticadas e mais intensivas em recursos também desses clientes. Ao que tudo indica, a própria experiência com os usuários mais jovens poderá gerar insumos suficientes para um avanço mais forte na direção de clientes mais maduros no futuro.

Permanecem em aberto, no Brasil e no mundo, questões importantes sobre como regular e supervisionar essas empresas, que também carregam consigo os riscos inerentes à qualquer atividade financeira. Além disso, mesmo com um mercado ainda em crescimento, algumas startups já iniciaram o caminho inverso, com vendas totais ou em participação para bancos.

A união, todavia, parece mutuamente benéfica, já que implica em aportes robustos e em acesso a informações sobre perfis de clientes para as startups. Do lado dos bancos, crescem as possibilidades de inovação no provimento de serviços prestados por dispositivos móveis. Para os usuários, a própria existência das fintechs em um sistema bancário concentrado como o brasileiro pode trazer benefícios, como uma corrida para prestar serviços mais baratos e de melhor qualidade.

Inovação via serviços

Durante o período pós-guerra, a indústria emergiu por sua capacidade de promover o crescimento e impulsionar o progresso tecnológico. Por esta razão, durante bastante tempo as discussões acerca da inovação se concentraram nesse setor da economia.

No entanto, o processo de mudança estrutural e a “servicização” abriram espaço para o debate sobre o potencial ganho de competitividade da economia por meio da adoção de serviços de maior teor tecnológico e intensivos em conhecimento (Arbache e Aragão, 2014; OECD, 2014).

Nesse tópico, começam a emergir questões sobre a inovação impulsionada pela adoção de serviços ao longo do processo produtivo nos diversos setores da economia. Não por acaso, percebe-se que, de um lado, a inovação na indústria está cada vez mais associada ao aumento da demanda por serviços e, de outro, que constitui uma resposta ao avanço tecnológico nas atividades desse setor (Cáceres e Guzmán, 2015). Isto é, a inovação passa a ser vista como resultado da interação entre os setores da economia, em que o consumo intermediário de serviços avançados tem um papel de destaque.

O diagrama da OECD (2003) ilustra a interação entre serviços e manufatura no sistema nacional de inovação, em que serviços intensivos em conhecimento (ou KIS – Knowledge Intensive Services – na sigla em inglês) ganham importância por sua capacidade de difundir o conhecimento e dar suporte a inovação nos demais setores, aumentando o valor adicionado dos produtos.

Figura: interação entre serviços e indústria no sistema nacional de inovação

interação kis-ind

Fonte: OECD (2003)

Nesse contexto, serviços empresariais (telecomunicações, P&D, serviços de TI, dentre outros) estimulariam a capacidade inovativa de seus clientes-firmas, dando suporte à introdução de novos processos tecnológicos e aumentando a capacidade de design, desenvolvimento, introdução e alocação eficiente no mercado ou melhoria de produtos (Evangelista, 2013).

Evidências empíricas do impacto de serviços sobre a inovação na economia são encontradas em trabalhos como o de Hipps et all (2015):  com base em dados para a economia europeia, os autores encontram uma relação positiva entre o emprego em serviços intensivos em conhecimento e o nível de inovação no país (Gráfico) — o índice de correlação entre as variáveis chega a 0,827.

Assim, a inovação em serviços deixa de ser vista como um fim em si mesma e passa a ganhar dimensão no sistema nacional de inovação. Desse modo, promover a interação entre os setores e o avanço tecnológico nas atividades de serviços passa  ser um passo estratégico para recuperar a competitividade da economia e, especialmente, da indústria.

Gráfico – Relação entre serviços intensivos em conhecimento e o nível de inovação

kisXinovação

Fonte: Hipp et all (2015)

 

Referências

ARBACHE, J. e ARAGÃO, C. (2014): Infraestrutura e competitividade da indústria brasileira, Confederação Nacional da Indústria – Brasília: Confederação Nacional da Indústria.

CÁCERES, R. e GUZMÁN, J. (2015): Seeking an innovation structure common to both manufacturing and services. Services Bbusiness, 9: 361-379.

EVANGELISTA, R., LUCHESE, M e MELICIANI, V. (2013). Business services, innovation and sectoral growth, Structural Change and Economics Dynamics, 35: 119-132.

HIPP, C., GALLEGO, J. e RUBALCABA, L. (2015): Shaping innovation in European knowledge-intensive business services. Service Business 9: 41-55.

OECD (2003), Report: Knowledge intensive service activities (KISA’s) in Korea’s innovation system, Strategic Research Partnership of KDI, Korea: OECD.

OECD (2014), OECD Perspectives on Global Development 2014: Boosting Productivity to Avoid the Middle Income Trap, Paris: OECD.

Um (preocupante) panorama do setor de serviços em 2015

Assim como o restante da economia, o setor de serviços foi fortemente afetado pelo momento de turbulência pelo qual o país passou e ainda passa. Em 2015, o setor apresentou contração de 2,7%, retração superada apenas pela indústria, que teve crescimento negativo de 6,2% (ver Gráfico 1). Esse é o pior resultado para o setor de serviços em toda série histórica, iniciada em 1996.

Gráfico 1 – Variação anual do PIB pelo lado da oferta

PIB1

Fonte: Contas Nacionais Trimestrais (IBGE, 2016).

O que mais chama atenção nesse resultado é que ele é fruto de uma contração generalizada do setor. Como mostrado no gráfico 2, apenas dois segmentos de serviços apresentaram crescimento positivo no ano passado: intermediação financeira e seguros e atividades imobiliárias. Chama especial atenção o tamanho da queda do comércio e da atividade de transporte, armazenagem e correio, ambas atividades com enorme importância para cadeias produtivas e, portanto, para o restante da economia.

Gráfico 2 – Variação anual dos segmentos de serviços

PIB2

Fonte: Contas Nacionais Trimestrais (IBGE, 2016).

Os resultados negativos também tiveram reflexos no mercado de trabalho. Nos últimos anos, os serviços sempre contribuíam com um saldo líquido positivo de empregos. Em 2014, o setor foi o único a apresentar saldo positivo. Em 2015, porém, as atividades de serviços foram as que mais demitiram, terminando o ano com saldo líquido de -1,1 milhão de demissões (ver Gráfico 3).

Gráfico 3 – Saldo líquido de empregos, por setor – 2014 e 2015

CAGED

Fonte: CAGED (Ministério do Trabalho, 2016).

Conforme destacado no último Boletim de Serviços, serviços voltados para o consumidor final e para empresas, seja pela classificação de valor ou de custo, demitiram mais do que contrataram em 2015, o que confirma que a situação do emprego piorou  de maneira generalizada no setor (ver Gráfico 4).

Gráfico 4 – Saldo líquido de empregos, por tipo de serviço – 2014 e 2015

CAGED2

Fonte: Machado, Arbache e Moreira, 2016 (Boletim de Serviços).

Nem mesmo o cenário mais favorável para o comércio exterior, com a forte desvalorização do real e o esfriamento da demanda interna, foi suficiente para reverter o déficit na balança comercial de serviços. Enquanto a balança de bens fechou 2015 com um superávit de US$ 17,7 bilhões, a balança de serviços apresentou déficit de US$ 36,9 bi. Assim como nos outros indicadores, o resultado atingiu todas as categorias de serviços (ver Gráfico 5).

Gráfico 5 – Balança comercial de bens e serviços, por bens e tipos de serviços, em US$ milhões (FOB) – 2014 e 2015

BCBS

Fonte: Machado, Arbache e Moreira, 2016 (Boletim de Serviços).

Por fim, vemos que a inflação de serviços foi consideravelmente superior ao índice geral, quando utilizada a metodologia de classificação do Boletim de Serviços[1]. Os serviços tradicionais, puxados principalmente pelas tarifas de transporte público e de luz, registraram inflação de 14,1% em 2015. Destaca-se a deflação dos serviços modernos, que registraram deflação de 3,8%.

Gráfico 6 – Inflação de bens e serviços (IPCA) – 2014 e 2015

IPCA

Fonte: Machado, Arbache e Moreira, 2016 (Boletim de Serviços).

O quadro geral do setor de serviços foi, portanto, bastante negativo em 2015. O setor, que era uma espécie de “âncora” do emprego, passou a demitir mais do que contratar. Ademais, os serviços responderam por parte importante do aumento de preços. Por fim, o tamanho e a constância do déficit da balança de serviços reforça a percepção da baixa competitividade internacional dos nossos serviços.

Tendo em vista o tamanho do setor de serviços e sua influência sobre indicadores chave da economia, parece-nos razoável sugerir que o setor de serviços deveria ser alçado ao centro do debate sobre a recuperação econômica e aumento da competitividade.

 

[1] O índice de inflação de serviços calculado pelo Banco Central só leva em conta consertos e manutenção, pintura de veículo, serviços de saúde, serviços pessoais e cursos. A metodologia de Machado, Arbache e Moreira é mais abrangente, incluindo itens como alimentação fora do domicílio, serviços de transporte, comunicação etc.

Boletim de Serviços – Março de 2016

O Boletim de Serviços de março de 2016 está no ar, clique aqui para acessá-lo. Alguns dos destaques:

  • O índice de receita nominal do setor de serviços teve redução de 0,36% na comparação anual. Já o índice de volume teve variação negativa superior a 5% na comparação anual
  • A tendência de eliminação de vagas no setor de serviços continua em 2016: em janeiro mais de 88,6 mil postos foram encerrados
  • A inflação anual de serviços ficou abaixo dos 13% em janeiro
  • A balança comercial de serviços registrou um déficit 50% menor do que o registrado no mesmo mês do ano anterior.

Volume

Para maiores detalhes, acesse o último número do Boletim de Serviços e consulte as séries históricas no endereço https://economiadeservicos.com/boletim/.

Mudanças regulatórias nos Serviços de Saúde

Os serviços de saúde no Brasil passaram a ser um direito de todos a partir da Constituição Federal de 1988. Dois anos depois, nasceu o Sistema Único de Saúde (SUS), e em 1998 surgiu o sistema de Saúde Suplementar.

Com a reforma do Estado, em 1999 foram criadas as Agências Reguladoras, dentre elas, duas relevantes para a saúde: a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Estas Agências tornaram-se responsáveis por regulamentar o setor e fiscalizar o cumprimento das legislações vigentes, visando à proteção e à saúde da população. A partir da criação das Agências, marcos regulatórios para os serviços de saúde foram surgindo e se modificando conforme o avanço tecnológico do setor e as demandas dos usuários desses serviços.

A primeira mudança regulatória significativa, após a criação das Agências reguladoras, foi a descentralização dos serviços de saúde, tornando, além da União, os municípios e estados responsáveis pelo atendimento da população[1].
Após a criação da ANS, a saúde suplementar passou a ser regulada, apesar da existência de planos de saúde antes mesmo daquele período. Ao mesmo tempo, observou-se crescimento da saúde suplementar no país, com os provedores privados chegando a atender 50 milhões de pessoas em 2015 (aproximadamente 25% da população). Esse aumento fez com que o controle se tornasse ainda maior.

Figura 1: Gráfico de crescimento de beneficiários dos planos de saúde privado em 10 anos.

Beneficiários de planos privados

Fonte: Autoria própria, 2016. A partir de dados da ANS.

A regulação da saúde suplementar ocorre para que se atinjam três objetivos principais: estabilidade do mercado; controle de informações e assimetria de condições (empresa-consumidor); e participação do consumidor no mercado privado. Nos últimos anos os planos individuais têm sido os mais regulados, tendo a ANS controlado até mesmo o aumento de preço dos contratos. Já os planos coletivos por adesão ou empresariais sofrem menos regulação, sendo os seus reajustes não controlados.

Além do preço, a prestação dos serviços de saúde também é regulada, sendo definido o rol de procedimentos mínimos que o plano de saúde deve cobrir. Neste caso, o próprio SUS também tem uma tabela de procedimentos obrigatórios cobertos pelo sistema.

Os procedimentos mínimos cobertos na prestação do serviço de saúde também dependem de regulamentações. Há uma comissão no âmbito do Ministério da Saúde que avalia os procedimentos e produtos que serão financiados pelos serviços públicos e privados. Muito mudou em relação aos procedimentos e produtos, tendo em vista o avanço tecnológico. Diversos procedimentos e produtos (em especial este último) incluídos no Brasil também são utilizados no exterior, demonstrando o acompanhamento das discussões internacionais pelos agentes reguladores brasileiros.

Na ANVISA, o destaque da mudança regulatória está na observação dos regulamentos internacionais e na tentativa de harmonização da Agência brasileira com demais Agências no mundo. Quase todos os regulamentos publicados pela ANVISA observam padrões internacionais, procurando-se evitar as distorções regulatórias brasileiras, costumeiramente observadas.

A mais nova mudança regulatória no país trata do Telessaúde, sistema de atendimento à distância que une a saúde com a telecomunicação e a informática, permitindo o acesso ao serviço de saúde mesmo para pacientes distantes dos grandes centros. Os marcos regulatórios de Telessaúde dispõem sobre a criação do sistema, os convênios com universidades e entes da federação e a integração do Sistema com o SUS. Ainda não estão regulamentados os serviços prestados por aplicativos de celulares e o acompanhamento de informações sobre os avanços de sistema.

Um marco regulatório que tem sido observado no país e traz mudanças significativas para a sociedade é a questão da Avaliação do Impacto Regulatório (AIR). Este procedimento deveria ser aplicado a todos os regulamentos e legislações nacionais, mas ainda é pouco utilizado pelos legisladores. Para os serviços de saúde, a boa notícia é que as Agências reguladoras têm se empenhado na aplicação de metodologias capazes de avaliar, antes da publicação de regulamentos, os impactos positivos e negativos para a população e para a economia. Isto deve contribuir para a melhoria dos serviços de saúde, minimizando os impactos causados pela regulação. A AIR está sendo implementada por todas as Agências no mundo e o Brasil não pode ficar de fora.

A regulação de mercado nos serviços de saúde pode trazer grande impacto, inclusive em seu crescimento. Faz-se essencial e necessária a regulação do setor de serviços de saúde alinhada com regulamentos internacionais, atingindo-se a convergência regulatória, visando a melhor inserção desses serviços brasileiros em cadeias globais de valor.

 

[1] VIEIRA, C. Gestão Pública e relação público-privada na saúde. Revista de Administração Hospitalar e Inovação em Saúde. V. 12, nº 01, p. 85 – 100. 2015.

Qual a relação entre o setor de Tecnologia da Informação e Comunicação e o desenvolvimento econômico?

Desenvolvimento econômico e crescimento de longo prazo têm suas origens, usualmente, na inovação e no aumento da produtividade. A caracterização da produtividade e seu aumento contínuo como um fator determinante do desenvolvimento econômico é um fato estilizado da economia: um grande número de estudos mostra que diferenças no crescimento da produtividade são responsáveis não só pela variação na taxa de crescimento dos países ao longo do tempo, mas também pela diferença no nível de desenvolvimento deles.

Neste sentido, o objetivo deste post é avaliar qual a contribuição do setor de TIC para o desenvolvimento econômico dos países. Como este setor é conhecido por sua inovação constante e por fornecer significativos ganhos de produtividade, há de se esperar alguma correlação positiva entre o setor de TIC de um país e seu grau de desenvolvimento econômico. Para avaliar esta correlação quantitativamente, optou-se por calcular o coeficiente de correlação de Pearson utilizando as seguintes variáveis: como medida do setor de TIC, utilizou-se o Networked Readiness Index (NRI); como medida de desenvolvimento econômico, foi utilizado o conceito de densidade industrial.

O coeficiente de correlação de Pearson é uma medida do grau de relação linear entre duas variáveis quantitativas. Calculando-se o coeficiente de correlação entre duas variáveis, podemos avaliar não só se elas estão relacionadas, mas também qual a intensidade desta relação. O coeficiente varia entre -1 e 1. Quanto mais próximo dos extremos, mais correlacionadas as variáveis estão: ou seja, o crescimento de está associado ao crescimento da outra. O sinal indica se a correlação observada é direta ou inversa (se elas crescem no mesmo sentido ou em sentidos opostos).

O Networked Readiness Index (NRI) é um índice desenvolvido pelo Fórum Econômico Mundial para medir o nível de preparo tecnológico das economias. Seu objetivo é avaliar o grau de propensão dos países analisados para explorar as oportunidades oferecidas pelo setor de TIC, possibilitando, com isso, identificar áreas de prioridade para alavancar o desenvolvimento. Por ser considerado o indicador mais abrangente na avaliação das tecnologias da informação e comunicação dos países analisados, ele pode ser considerado um bom indicador de medida do grau de desenvolvimento do setor de TIC de um país. O índice foi abordado de forma mais abrangente em um post anterior.

A densidade industrial é uma medida que reflete a razão entre o valor adicionado da indústria de um país e sua população total. O conceito de densidade industrial busca identificar a capacidade e o interesse de um país em mobilizar seus recursos produtivos para promover o desenvolvimento industrial. O diagrama de espaço indústria, mostrado na Figura 1 abaixo (e explorado em post anterior), descreve a trajetória do desenvolvimento industrial dos países, utilizando um gráfico de três dimensões: densidade industrial, participação da indústria no PIB e participação dos serviços comerciais no PIB. O diagrama é dividido em quatro regiões distintas: R1, R2, R3 e R4.

Figura 1 – Diagrama Espaço Indústria

Diagrama Espaço IndustriaFonte: Arbache (2014).

Em geral, os países iniciam sua trajetória rumo ao desenvolvimento industrial na região R1. Nesta região, a densidade industrial é baixa, a participação da indústria no PIB é pequena e a participação dos serviços no PIB também é baixa. Logo, pode-se concluir que os países em R1 são essencialmente agrários, com grande parte do PIB vindo da agricultura. Com a chegada à região R2, os países alcançam o primeiro estágio de desenvolvimento industrial: indústrias de base, manufaturas de baixo valor adicionado e serviços de custo ganham importância na economia: a participação da manufatura no PIB cresce, mas a dos serviços comerciais é baixa.

O grande salto para o desenvolvimento é observado na transição da Região R2 para R3. Neste estágio, a densidade industrial passa a crescer rapidamente e vem acompanhada do aumento da participação dos serviços comerciais no PIB. A indústria passa a produzir bens mais sofisticados, que começam a requerer serviços profissionais especializados no processo de produção. Em virtude disso, a participação da indústria no PIB tende a diminuir: parte dos serviços da linha montagem industrial, até então executados internamente pela própria indústria, passam a ser terceirizados para empresas de serviços comerciais mais especializadas. É justamente neste ponto que começam a aparecer os serviços de outsourcing.

Finalmente, a região R4 é caracterizada pelo estágio mais avançado do desenvolvimento industrial (o qual poucos países alcançam). Nela, a densidade industrial continua a se expandir, juntamente com a demanda por serviços comerciais. Como consequência, a participação da indústria tende a declinar ainda mais, indicando uma intensa participação do setor de serviços profissionais na indústria, visando à produção de bens cada vez mais sofisticados: bens e serviços passam a se combinar para criar um terceiro produto, que não é um bem industrial tradicional, nem tampouco um serviço convencional. Os exemplos vão desde smartphones e tablets (nos quais os serviços de software compõem a maior parte do valor agregado) até mesmo carros e apartamentos do século XXI (com seus computadores de bordo e softwares de automação residencial).

Se, empiricamente, podemos esperar uma correlação positiva entre densidade industrial e serviços comerciais e profissionais, podemos esperar que esta correlação se manifeste também entre a densidade industrial e o setor de TIC. Este comportamento foi de fato observado avaliando-se os valores dos coeficientes de correlação calculados, apresentados na Tabela 1 abaixo.

Tabela 1 – Coeficiente de Correlação de Pearson para NRI e Densidade Industrial – 2012 a 2014

Coeficientes Correlação NRI-DIFonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Mundial e do Fórum Econômico Mundial.

Como era de se esperar, a correlação calculada é positiva e bastante forte. O resultado indica que os conceitos e indicadores por trás do NRI estão fortemente correlacionados com a densidade industrial dos países. Como o conceito de densidade industrial é uma medida de desenvolvimento econômico, o resultado nos leva a crer que o setor de TIC pode ter papel importante no desenvolvimento econômico dos países. Consequentemente, dar atenção especial ao setor de TIC pode ser um caminho interessante para o desenvolvimento.

O Brasil precisa pensar políticas públicas de desenvolvimento econômico que levem em conta o setor de serviços, que hoje representa 75% do PIB nacional. O tempo de se negociar acordos de comércio pensando em commodities e subsídios agrários ficou para trás: o país precisa pensar em como transformar seu setor de serviços, hoje essencialmente focado em serviços de custo de baixo valor agregado e de baixa produtividade, em um setor de serviços comerciais sofisticados, de alto valor agregado. Para tanto, reformas estruturantes (política, administrativa, tributária) são necessárias para que não só o setor de TIC volte a crescer, mas principalmente para que os setores demandantes de soluções de TIC também voltem a crescer, impulsionando assim a inovação e o desenvolvimento do país.

O mercado de serviços (e de tecnologia) está para peixe

A área de tecnologia é uma das mais aquecidas do mercado e, hoje, praticamente qualquer tipo de empresa ou negócio precisa de soluções deste tipo para conduzir suas atividades, otimizar tarefas e processos e aumentar a produtividade e segurança em todos os níveis.

Toda empresa em breve, deverá ser uma empresa de tecnologia.

Empresas petrolíferas, automotivas e especialmente as do segmento de serviços terão que ser essencialmente “empresas de tecnologia”. Senão, morrerão.

A demanda por softwares, sistemas integrados, automação e customização é crescente entre as companhias de sucesso, que passam a incorporá-los não só na rotina, serviços e comunicação como também em pontos importantes de interação com os clientes, a exemplo dos sistemas de pagamentos realizados online, que precisam ser cada vez mais seguros e práticos.

O ano é para aquisições

Tanto para o dia-a-dia dos atendimentos, produção ou – o mais comum – para um bom backoffice dos trabalhos, soluções em tecnologia são cada vez mais requisitadas e de tempos em tempos as grandes empresas do setor fazem novas aquisições. No entanto, ao passo em que sobe esta demanda, cresce também a competição. E, por isso, tais empresas têm se acostumado não só a adquirir mais recursos, como também a realizar acordos com outras competidoras do ramo para aumentar as fatias de mercado e o alcance de soluções integradas. Esse deve ser um ano em que algumas aquisições devem acontecer, pelo enfraquecimento de algumas economias e empresas com menos capacidade de inovação.

Nesse post, vamos falar um pouco sobre algumas das maiores aquisições entre empresas de tecnologia (em nível global) e mostrar de forma rápida o que pode acontecer de forma mais intensificada nesse ano. Veja a seguir algumas das maiores “saídas” (vendas) em empresas de tecnologia do mundo:

Dell e EMC

Cloud computing é uma realidade já bastante ampla nas empresas. A EMC, famosa por atuar neste mercado, tornou-se dona da VMware (virtualização de servidores) e, por nada menos que US$67 bilhões de dólares, foi adquirida pela Dell em 2015, uma das maiores fabricantes de computadores e implementadoras de hardware do mercado de tecnologia no mundo.

Avago Technologies e Broadcom

Se este nome ainda não lhe era conhecido, eis aqui o que ela faz: Avago fabrica semicondutores para veículos e aparelhos celulares, por exemplo. A Broadcom, por sua vez, produz chips para Wi-fi e Bluetooth. Ambas se juntaram para dominar ainda mais o mercado de dispositivos sem fios, que “surfam” a boa onda da mobilidade, do B.Y.O.D. e da nuvem, prometendo só crescer nos próximos anos. Em 2015, a Avago adquiriu a Broadcom por U$37 bilhões.

Facebook e Whatsapp

Algo em torno de 20 bilhões de dólares. Foi o preço que o gigante das redes sociais (o Facebook) pagou pelo Whatsapp, atualmente o maior sistema de troca de mensagens instantâneas do mundo. O Facebook, que já tinha ousado comprar o Instagram, desta vez deu um pulo mais alto e espera, com isso, (quem sabe?!) adquirir talentos ou patentes, mas fato é que a companhia de Zuckerberg tem corrido bastante atrás do objetivo de tornar a internet e a comunicação possível para todos.

Symantec e Veritas

Segurança da informação é um assunto sério. A Symantec (detentora do antivírus Norton, por exemplo) e a Veritas, referências neste mercado, se juntaram (ou melhor, a Veritas foi comprada) para oferecer soluções ainda mais integradas a seus clientes. Mas, neste caso, o negócio falhou e as duas voltaram a trabalhar separadamente. Prova de que tentativas são importantes, mas muitas vezes são apenas tentativas. E não há nada de mal nisso: o mercado de TI exige ousadia. A Symantec comprou a Veritas por US$13,5 bilhões em 2004.

Oracle e PeopleSoft

Às vezes mudanças causam dores. Mas, problemas com quadro de pessoal à parte, esta foi outra aquisição de destaque nos últimos tempos: a Oracle, gigante no setor (inclusive de in-memory database) adquiriu a PeopleSoft por mais de US$ 11 bilhões e passou a engrossar ainda mais o rol de soluções que oferecia para suas empresas clientes administrarem o fluxo de informações referente a seus ativos, recursos humanos e clientes, contribuindo para o sucesso de tais.

Embora haja ainda muitas outras aquisições que poderíamos citar, os exemplos acima nos mostram, ao fim, que toda empresa que queira se manter competitiva e qualificada, em um mercado tão dinâmico e veloz, deve constantemente se adequar às necessidades de seus clientes.

Não parece haver uma “feira” de aquisições por conta do momento econômico, mas este provavelmente será um ano de oportunidades, especialmente em serviços e tecnologia.