O déficit da balança serviços se tornou a principal causa do déficit em transações correntes. Em 2014, o déficit de serviços foi de US$ 48 bilhões, valor correspondente a nada menos que 46,5% do déficit total das contas externas.
No período de janeiro a agosto de 2015, o déficit de serviços foi de US$ 26,4 bilhões, bem menor que os US$ 30,7 bilhões acumulados em igual período do ano passado. No entanto, o déficit de 2015 corresponde a 57,2% do déficit em transações correntes ante 47,1% no mesmo período de 2015 (ver figura abaixo).
Logo, apesar de menor em valor absoluto, a contribuição relativa do déficit dos serviços para o déficit total em transações correntes aumentou significativamente neste ano.
A explicação para tanto é que o ajuste nas contas de serviços tem se mostrado relativamente mais insensível à crise do que o ajuste nas contas de comércio de bens.
De fato, alguns dos principais itens que compõem o déficit de serviços mudaram relativamente pouco ou nada até o momento. As despesas com alugueis de equipamentos (basicamente sondas, plataformas e outros equipamentos para o setor de óleo e gás), principal item do déficit do setor, se mantiveram quase imutáveis. Uma possível explicação disso seria a natureza dos contratos de aluguel, que provavelmente são de médio/longo prazo.
Despesas com viagens, outro item importante para o déficit, também caíram, sobretudo o item de viagens de negócios – as despesas com viagens pessoais caíram menos do que se poderia esperar em razão da crise econômica. Por outro lado, despesas com transportes e seguros caíram significativamente, o que, provavelmente, está associado à queda do movimento do comércio internacional.
O Boletim de Serviços de outubro mostra que, até agora, os maiores ajustes nas contas externas do setor se deram nos serviços de custo e nos serviços tradicionais para empresas. Serviços de agregação de valor, como pagamentos de royalties, e serviços modernos estão se ajustando mais lentamente.
Projeções sugerem que o déficit de serviços de 2015 será entre US$ 39,9 e US$ 41,8 bilhões. Em 2016, o ajuste no setor deverá se acentuar em razão da queda acumulada da renda per capita. É provável, por isto, que o setor de serviços venha a contribuir mais decisivamente para o ajuste nas contas externas.
Serviços nas contas externas
Fonte: Banco Central
Obs.: Déficit de serviços em 2015 – projeção nossa
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