Economia de Serviços

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Boletim de Serviços – Janeiro de 2016

Em novembro de 2015, o setor de serviços intensifica os resultados negativos registrados ao longo do ano. Por padrão tecnológico, nota-se que os serviços tradicionais possuem desempenho ainda mais preocupante: a retração do volume de atividade alcançou 7,5% (na comparação anual), acompanhada de uma redução acumulada de cerca de 550 mil postos de trabalho no período de janeiro a novembro de 2015.

Evolução dos indicadores de serviços, por padrão tecnológico

Serviços por padrão tecnológico

Fonte: PMS/IBGE, CAGED/MTE e Bacen. Elaboração própria.

Para maiores detalhes, acesse o último número do Boletim de Serviços e consulte as séries históricas no endereço https://economiadeservicos.com/boletim/.

Boletim de Serviços – Dezembro de 2015

Em outubro, o setor de serviços seguiu impulsionando o desemprego no país, com uma redução de 105 mil postos de trabalho. A análise por tipo de atividade revela que a eliminação de vagas se concentrou nos serviços tradicionais e nos serviços para empresas. A forte contração das atividades empresariais é importante explicação da contração do setor de serviços, e consequente redução da oferta de emprego.

Para maiores detalhes, acesse o último número do Boletim de Serviços e consulte as séries históricas no endereço https://economiadeservicos.com/boletim/.

emprego

A Crise e os Serviços

O atual momento difícil da economia tem afetado de maneira especialmente forte o setor de serviços, responsável por cerca de 70% do PIB brasileiro. Se até recentemente o setor puxava a economia, principalmente com a criação de vagas no mercado formal, hoje ele parece ser um dos principais entraves para a sua recuperação.

As notícias negativas sobre o desempenho dos serviços não param de se acumular. Os últimos dados do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) mostram que o setor foi responsável por um saldo líquido de quase 50 mil demissões em outubro, pior resultado do setor para o mês desde 1992. No mês, todos os segmentos de serviços apresentaram mais demissões que contratações.

O último Boletim de Serviços mostra que os resultados negativos de serviços não se restringem ao mercado de trabalho. Pelo menos desde maio de 2015, o setor apresenta queda de receita real em todos os tipos de serviços, sejam eles voltados para o consumidor final ou para empresas, sejam eles modernos ou tradicionais.

Além da falta de perspectivas de recuperação do mercado interno no curto e médio prazos e da baixa competitividade dos serviços brasileiros, o Índice de Confiança de Serviços, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), segue em seus menores níveis históricos (ver gráfico abaixo). O indicador aponta que o setor deve contratar e faturar ainda menos nos próximos meses.

Dado o seu tamanho, importância direta e indireta para a economia brasileira e as transformações por que passa a economia global, é preciso tratar o setor de serviços como chave não apenas para a saída da crise, mas, principalmente, para o desenvolvimento sustentado.

Reconhecer essa importância e passar a pensar os serviços como atividade estratégica não será suficiente, mas já será um passo importante.

Fonte: FGV/IBRE.

Fonte: FGV/IBRE.

A estória de Talal e as ineficiências regulatórias brasileiras

Pequenas reformas micro podem ter efeitos macroeconômicos importantes. Além de grandes estórias de superação, a vinda de refugiados e asilados ao Brasil trouxe também exemplos de como simples alterações no ambiente regulatório poderiam ter efeitos significativos na economia.

Nesse sentido, a estória do sírio Talal al-Tinawi é exemplar. Como o próprio Talal relata no vídeo abaixo, ele é engenheiro mecânico, chegou ao Brasil no final de 2013 e, por ainda não ter conseguido revalidar o seu diploma, decidiu abrir um restaurante.

No Brasil, o processo de revalidação de diploma estrangeiro, seja ele feito por cidadãos brasileiros ou de outras nacionalidades, depende da análise e aprovação de uma universidade pública nacional. As universidades cobram taxas que chegam a R$ 3.000,00, nem sempre estabelecem um prazo de resposta ao pedido e ainda podem se recusar a analisar o diploma. Isso leva a situações absurdas, como a de estudantes de graduação, Mestrado e Doutorado que recebem bolsas do Estado para estudar no exterior como as do Ciências sem Fronteiras, mas enfrentam dificuldades em tornar seus diplomas válidos no Brasil.

Essa regulação gera ineficiências e pode desestimular tanto a ida de brasileiros a universidades estrangeiras como a vinda de profissionais qualificados ao Brasil. Além disso, essa ineficiência afeta pessoas como Talal, que poderia ter sido, por meio de um processo mais célere, formalmente reconhecido em sua área de atuação, uma atividade de alta agregação de valor.

Essa discussão é especialmente relevante para os serviços, que é o setor privado com a maior concentração de profissionais com ensino superior completo ou mais – ver tabela abaixo.

Assim, atualizar nosso marco regulatório parece ser condição necessária para tornar os nossos serviços e a nossa economia mais competitivos.

Tabela – Distribuição de empregados, por nível de escolaridade e setor

Fonte: Elaboração própria a partir de RAIS (MTE), 2014.

Fonte: Elaboração própria a partir de RAIS (MTE), 2014.

O Setor de Serviços Paga Bem?

A resposta é: não e sim. Não, porque o salário médio do setor é baixo. De acordo com a Pesquisa Anual de Serviços do IBGE, em 2011, o salário médio do setor era de R$ 861 em valores de 2013. Sim, porque, como o setor de serviços é muito grande (70% do PIB e 73% da força de trabalho) e muito heterogêneo, então encontraremos ali desde pessoas bem remuneradas a pessoas mal remuneradas. Logo, os rendimentos podem depender bastante do segmento de serviços em que a pessoa se encontra.

A figura abaixo mostra o impacto da filiação industrial no salário esperado por setor. Ou seja, descontamos os efeitos de gênero, etnia, escolaridade, idade, tempo de experiência no emprego, função desempenhada, localização geográfica, dentre outras variáveis importantes na formação de salários para isolar o efeito de se estar filiado ao setor “X” ou “Y”.

Encontramos que, de forma geral, trabalhar no setor de serviços implica receber um prêmio salarial negativo. Isto ocorre não apenas porque os segmentos de serviços estão concentrados do lado esquerdo da distribuição, mas, também, porque é naqueles segmentos que estão grande parcela dos trabalhadores do setor.

Ou seja, se duas irmãs gêmeas com mesma escolaridade, no mesmo posto de trabalho, na mesma unidade da federação dentre outras características trabalhassem, digamos, uma no setor de limpeza urbana e esgoto (extremo esquerdo da distribuição) e outra no setor de extração de petróleo (extremo direito da distribuição), então os salários delas seriam substancialmente diferentes.

São muitas as explicações para isto, mas, dentre as principais estão estrutura de mercado e de competição, regulação de mercados, relação capital-trabalho por setor e, claro, a produtividade.

Como o setor de serviços em geral concentra empresas pequenas e em segmentos pouco produtivos e sofisticados como, por exemplo, alimentação, limpeza, comércio e alojamento, então não surpreende encontrar que o prêmio salarial no setor tende a ser negativo. Mas, como mostra a figura, há segmentos de serviços que pagam relativamente bem, como transporte aéreo e intermediação financeira.

Diferencial de salários interindustriais

Redução de vagas nos serviços aumentará taxa de desemprego

Nos últimos anos, vem ocorrendo uma clara mudança na dinâmica de criação de empregos no país, conforme apresentado no gráfico abaixo. A rápida verificação do movimento de trabalhadores admitidos menos os desligados indica que, a partir de 2010, o saldo de emprego passou a ser cada vez menor. Apesar disso, a geração de vagas ainda foi suficiente para reduzir a taxa de desemprego, que alcançou a taxa mínima histórica em dezembro de 2014 (4,3%).

A situação mudou quando a economia perdeu capacidade de gerar saldos positivos de postos de trabalho. Em um primeiro momento, foi o setor industrial que apresentou indícios da dificuldade de manter o nível de emprego, registrando saldo negativo ao final de 2014. No entanto, ainda assim a taxa de desemprego se manteve baixa em razão da geração de empregos no setor de serviços, que compensou a redução das vagas na indústria.

Mas, em 2015, essa compensação deixa de acontecer. Dados de janeiro a junho mostram que o setor de serviços já acumula saldo negativo de quase 157 mil postos de trabalho. Com isto, o setor que mais gerava vagas no país mudou de tendência, evidenciando um potencial aumento do desemprego nos próximos meses.

Dinâmica do Emprego

Gráfico emprego

Fonte: PME/IBGE e CAGED/MTE. Elaboração própria.

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