Economia de Serviços

um espaço para debate

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O uso da tecnologia em serviços de saúde

Com os avanços tecnológicos e o crescimento do uso de tecnologias de comunicação, como a internet e os smartphones, os bens industriais trazem cada vez mais serviços embutidos. O mesmo ocorre com os serviços de saúde, que são cada vez mais demandados pela população.

O uso de tecnologias na área da saúde pode tornar a distribuição desses serviços mais fácil e rápida, atingindo um número maior de pessoas, com custo menor. Estima-se que atualmente cerca de 85% da população mundial é atendida por rede sem fio de internet (wireless), sendo que há mais de 5 bilhões de aparelhos celulares em funcionamento.

Com o maior acesso, tem-se desenvolvido o chamado mHealth (Mobile Health), em que se utiliza a tecnologia da informação para atendimento e monitoramento dos pacientes e, em alguns casos, o aparelho celular funciona até como um produto médico[1]. Além de ser uma maneira de facilitar o acesso da população aos serviços de saúde, aplicativos de smartphones têm colaborado até com a formação de médicos e profissionais da saúde.

O aumento do uso desses sistemas fez com que a agência reguladora americana Food and Drug Administration (FDA) regulamentasse os aplicativos que podem ser utilizados como produtos médicos, tais como os que servem para diagnóstico de doenças, controle e monitoramento de pacientes, dando segurança para os usuários e orientação para os fabricantes dos produtos e desenvolvedores de aplicativos.

No Brasil, também se observa o uso desses aplicativos. Basta acessar as lojas virtuais dos telefones celulares para se encontrar aplicativos voltados à saúde. Alguns auxiliam no diagnóstico de doenças; outros visam o controle pelo próprio paciente no uso de medicamentos e exames diários, como de glicose ou pressão arterial; outros visam o monitoramento por parte dos médicos. Nestes, é possível compartilhar os resultados diários de exames com os médicos.

No país, este tipo de aplicativo ainda não tem regulamentação específica, apesar de serviços e produtos para saúde serem altamente regulamentados pelas agências reguladoras, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Outros dois usos de tecnologias em celulares que têm sido bastante utilizados no Brasil são o de telemedicina e o de telessaúde. No caso do primeiro, um sistema desenvolvido pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) permite a disponibilização de informações e imagens através de smartphones e tablets para qualquer faculdade de medicina do país, facilitando o acesso de alunos a informações básicas imprescindíveis para a formação médica. Com isto, é possível, por exemplo, construir uma imagem 3D de um órgão e disponibilizá-la para impressão através das impressoras 3D, possibilitando aos alunos tocar e avaliar detalhadamente a estrutura e funcionamento do corpo humano.

Já no telessaúde, programa desenvolvido pelo Ministério da Saúde, o objetivo é munir de informações profissionais da saúde que tratam da atenção básica. Neste caso, esses profissionais, que se encontram normalmente em locais distantes e, por vezes, não possuem acesso a informação, conseguem uma consultoria para esclarecimentos de dúvidas, procedimentos clínicos e ações em saúde, auxílio para diagnóstico de doenças, cursos e treinamentos específicos e acesso a uma segunda opinião baseada em estudos científicos e informações do sistema de saúde.

O crescente uso desses serviços agrega valor, melhora o acesso da população e de profissionais aos serviços e informações de saúde e pode representar um avanço no controle de doenças e diagnósticos mais rápidos.

Teleconsulta, foto por Intel Free Press.

veronicaVerônica M. Horner Hoe é graduada em Biologia, MBA em Políticas e Gestão Governamental, Mestranda em Desenvolvimento Sustentável. Foi gerente de assuntos regulatórios e meio ambiente, e atualmente é gerente de relações institucionais na ABIPLA (Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Limpeza e Afins). Coordena ações do Programa Movimento Limpeza Consciente, do setor de produtos de limpeza.

 

[1] BARTON, A. The regulations of mobile health application. BMC Medicine, 10:46, 2012.

A constante queda de atividade no setor de serviços

Com a divulgação dos últimos resultados das Contas Nacionais, vimos que, como esperado pelo blog, a situação dos serviços segue deteriorando. No terceiro trimestre de 2015, os serviços registraram queda de atividade de 1% frente ao trimestre anterior (ver Gráfico 1). Com a exceção de serviços públicos e de intermediação financeira, todos os segmentos de serviços apresentaram queda frente ao trimestre anterior (ver Gráfico 2).

No ano, o setor já acumula um crescimento negativo de 2,1%, e as projeções do mercado apontam que 2015 deverá apresentar o pior resultado do setor em décadas. Para se ter uma melhor dimensão do que está acontecendo com o setor: o volume de serviços produzidos no terceiro trimestre de 2015 se equivale ao do terceiro trimestre de 2012. Ou seja, o nível de produção de serviços “recuou” três anos. Pela primeira vez na série histórica, iniciada em 1996, o setor apresentou três trimestres consecutivos de contração.

Por sua forte ligação com o mercado interno, é provável que a situação dos serviços só melhore quando a atual crise macroeconômica e política for superada. Com o aumento do desemprego e queda real da renda da população, dificilmente o setor, voltado principalmente para o consumo final, se recuperará.

Ainda que as dificuldades de curto prazo sejam superadas, o setor de serviços deverá seguir uma trajetória de crescimento baixo e inconstante, devido a seus problemas estruturais. O principal deles, a baixa competitividade, tem diversas causas e é de difícil e lenta superação.

Com os avanços da tecnologia e maior integração econômica, os serviços estão cada vez mais comercializáveis entre países. Não à toa, acordos como o TTP (Tratado Trans-Pacífico) já colocam o setor como prioritário para o comércio e para a sustentação do crescimento dos países desenvolvidos.

Como consequência, teremos cada vez mais prestadores de serviços de outros países concorrendo internamente no Brasil. Serviços como consultoria, engenharia, design, marketing, serviços financeiros e os de tecnologia da informação, por exemplo, são aqueles em que a concorrência deverá aumentar fortemente nas próximas décadas.

Neste quadro, tornar os serviços, setor que concentra mais de 70% da economia nacional, mais competitivos torna-se uma questão de sobrevivência no século XXI. É preciso agir rápido e de maneira efetiva, sob o risco de ser tarde demais.

Gráfico 1

Gráfico 2

 

O Setor de Serviços é Crítico para a Retomada do Crescimento Econômico

A figura 1 mostra estimativas do PIB per capita e de sua taxa de crescimento até 2023. Se as nossas estimativas de taxa de crescimento do PIB per capita para 2016 se realizarem, ou mesmo que algo um pouco mais brando se verifique, ainda assim teremos configurado um quadro técnico de depressão. Infelizmente, as estimativas sugerem que  recuperaremos o PIB per capita de 2014 somente por volta de 2022. Esta perspectiva dramática requer estratégias de política econômica incisivas para se evitar que a economia permaneça estagnada por tanto tempo. E, para isto, teremos que pensar “fora da caixa”.

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Diferentemente de setores como a indústria, a agricultura e a mineração, o setor de serviços tem recebido historicamente pouca atenção das políticas de crescimento econômico. Embora o setor esteja atraindo um pouco mais atenção recentemente, ele ainda é visto como parte de uma agenda econômica secundária ou, se muito, complementar. De fato, nunca houve no país uma política para o setor de serviços ou algo que se assemelhe a isto.

Parte da explicação desta desatenção pode ser creditada à grande heterogeneidade do setor de serviços. Mas, ainda assim, o argumento pouco se sustenta à luz da experiência internacional – a União Europeia, por exemplo, reconhecendo a relevância da atividade, divulgou recentemente uma ampla estratégia para a modernização do setor visando competir globalmente. Estados Unidos, Nova Zelândia e outros países avançados também têm as suas estratégias. A China, por sua vez, reconhecendo a baixa competitividade dos seus serviços e a sua vital relevância para as suas aspirações de seguir crescendo velozmente, elegeu os serviços como uma das suas prioridades. E os resultados já começaram a surgir, seja no front da participação do setor no PIB, seja na capacidade de desenvolver tecnologias e agregar valor à indústria a partir de serviços.

No Brasil, a participação dos serviços no PIB e no emprego atinge padrões de países avançados – 72% e 74%, respectivamente. Para além desses números, o setor tem elevada participação nos custos das empresas industriais e de commodities e é parcela majoritária do consumo das famílias, com 64% da cesta de consumo. Logo, o setor é determinante para a competitividade setorial e agregada e é crucial para o bem-estar e para o combate à pobreza. Parece-nos, por isto, mais que razoável concluir que os serviços deveriam ser parte do “core” de qualquer estratégia de saída da crise.

Mas o que fazer? Por certo, há muito a se fazer nos âmbitos regulatório, de integração com outros setores para se fomentar uma relação sinergética e simbiótica, de desenvolvimento de capital humano e de gestão e de atração de investimentos, tal como já vem sendo discutido por este blog. Mas, dentre as chagas do setor que precisam ser atacadas com determinação, destaca-se a sua baixa competitividade.

A figura 2 mostra indicador de competitividade do setor de serviços construído a partir da razão entre preços relativos e produtividade do trabalho (ambos em relação aos EUA). O Brasil está na penúltima posição. Em razão da baixa eficiência e produtividade do setor, políticas inteligentes, bem desenhadas e focadas podem ter retornos elevados e podem ser determinantes para que o país possa abreviar a depressão em que está metido e retomar mais rapidamente o crescimento.

Pensar fora da caixa é atacar um setor esquecido, embora crítico para a economia.

competitividade

Boletim de Serviços – Dezembro de 2015

Em outubro, o setor de serviços seguiu impulsionando o desemprego no país, com uma redução de 105 mil postos de trabalho. A análise por tipo de atividade revela que a eliminação de vagas se concentrou nos serviços tradicionais e nos serviços para empresas. A forte contração das atividades empresariais é importante explicação da contração do setor de serviços, e consequente redução da oferta de emprego.

Para maiores detalhes, acesse o último número do Boletim de Serviços e consulte as séries históricas no endereço https://economiadeservicos.com/boletim/.

emprego

Por que as novas gerações não vão adquirir produtos?

Somos parte da geração que pertence à modernidade, tecnologia e facilidades! O que dizer de tempos passados quando o celular só servia para fazer ligações e mais nada? Hoje temos um computador na palma da mão e uma vida alterada pelo acesso.

Os serviços de assinatura, por exemplo, tornaram-se imprescindíveis para o cotidiano dos conectados. Se música é a paixão, o Spotify é o primeiro nome que jovens citam. Se livros: Amazon. E filmes, então, já não vêm mais em mídias, e sim por streaming.

Não dá para ficar sem as atualizações do LinkedIn que indicam quais são os melhores profissionais para a empresa, sem a timeline do Facebook, que mais parece um planeta do que uma rede social, sem as notificações do Twitter quando alguém que você segue favorita algo, sem as atualizações do app de música, sem todas as opções de assistir séries pelo Netflix, Youtube e aquela foto do almoço em família, que você precisa postar no Instagram. É o mundo em torno de um smartphone. E esse mundo é bem diferente de tempos atrás.

É uma vida mobile.

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(Foto: reprodução ilustração do livro Life as a Service)

Antigamente, somente pessoas mais velhas tinham condições e poder para comprar e tomar as decisões. Hoje, o alcance da maturidade possibilita que jovens de todas as idades comprem casas, carros e tudo mais. Mas será que eles estão preocupados com isso? Na constante transformação pela qual adquirir algo é menos importante que experimentar, os jovens serão os grandes donos das novas economias. O sonho de um jovem, na sua maioria, não é mais ter bens, acumular patrimônios, ter a segurança de se aposentar em uma grande empresa e ter a tranquilidade que nossos pais sempre buscaram.

Agora, o sonho é a experiência e a liberdade de escolher o próprio futuro, sem precisar seguir os padrões com os quais estávamos acostumados.

Economia do acesso 

Setenta e dois porcento da geração Millennials não sobrevivem sem seus dispositivos. Pesquisa da Nielsen identificou que, para os jovens de até 29 anos, o maior sonho é o acesso. Eles não sabem o que é viver sem internet, smartphones, aplicativos e toda tecnologia de conexão com a qual vivemos hoje. Muitos colocam celulares, por exemplo, como itens indispensáveis. Já automóveis, sonho máximo da “geração coca-cola”, não é mais o desejo deles.

As gerações anteriores, de certa forma, prepararam esse novo consumidor para dar valor às novas tendências de produtos e serviços. Com o advento da tecnologia no final dos anos 90, nossos pais começaram com a mudança de “Propriedade para Acesso”. E isso vem transformando empresas, vidas, negócios e produtos. Tudo passa a ser serviço.

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(Foto: reprodução ilustração do livro Life as a Service)

Na ilustração acima, a casa é o único item no qual necessitamos ainda ter a propriedade. Até o telefone, que há 20 anos era item que se adquiria com linha e título, já virou um serviço mais do que comum.

Da propriedade para o acesso

Dois grandes exemplos de que o acesso a serviços já domina parte do nosso consumo são os filmes e a fotografia. Difícil não ter na nossa cabeça como principal exemplo a morte da Blockbuster e a crescente adesão a serviços de streaming de filmes. Pra quê, em pleno 2015, precisamos comprar um DVD? Nesse mesmo espírito, deixamos de revelar fotos há anos.

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(Foto: reprodução ilustração do livro Life as a Service)

Esse novo consumo nos trouxe um agente importante para o segmento de serviços. Tudo é serviço, praticamente. Música, filmes, educação, entretenimento, segurança e, agora, transporte. Sem levar em questão a miopia de empresas como Kodak, Blockbuster, entre outras que vão morrer brevemente, podemos afirmar que quem dita a regra são os consumidores empurrados pela tecnologia. O Uber é um bom exemplo. Deixando de lado a polêmica, ele potencializa ainda mais a teoria do acesso. Em algumas cidades dos Estados Unidos, caso de São Francisco, o Uber, Lyft e Sidecar geram mais receita do que a maioria dos transportes públicos.

O Airbnb, o serviço de hospedagens 3.0, permite que, cada vez mais, preços e experiência estejam na vida dos viajantes. Redes de hotéis, operadoras de turismo e até sites de reservas já se desesperam por conta da popularização de serviços como esse, no qual o usuário quer a experiência além do serviço. Poderíamos enumerar centenas de novas empresas como essas que já iniciam a revolução do consumo de propriedade para acesso.

Preço e valor percebido

O valor percebido pelos consumidores atuais mudou bastante, o que faz com que algumas culturas simplesmente desapareçam. Adquirir algo e usar por poucas vezes é extremamente desnecessário nesses tempos. No livro Life as a Service, em parceria com o Murilo Gun, um dos pontos centrais é o exercício comum das pessoas em ter algo extremamente obsoleto como um bem. Caso da furadeira, citada pelo livro, ferramenta comum de se ter em casa, mas de pouco uso. Pra que a furadeira, se o que precisamos é um furo? Esse tipo de produto será automaticamente colocado na proposta de acesso. Alugar uma furadeira por, por exemplo, R$15/dia vale muito mais à pena que comprar uma por R$250 numa loja de departamentos.

Imobilizar um patrimônio será um grande sacrilégio para novas gerações.

A experiência acima de tudo e a reputação como pagamento

A geração Y (dos chamados Millennials) e as novas que virão vão pressionar ainda mais a mudança como empresas ganham dinheiro. Negócios que visam ao lucro somente já são percebidos por eles como “sem valor algum”. É evidente que algumas empresas ainda não notaram, outras tentam se adaptar e poucas assumem as rédeas da transformação.

Novas economias como a Criativa, a da Recorrência e a do Compartilhamento (todas elas inseridas no segmento de serviços) serão, de fato, os pilares para que empresas como o Uber, por exemplo, valha mais do que uma mineradora, que aplicativos como WhatsApp sejam o meio de comunicação universal, entre outros bons exemplos nos quais a experiência do consumidor está acima de qualquer coisa. Já existem, inclusive, formas de pagamento para receber um serviço que vão além da questão financeira. Caso do CouchSurfing, onde pessoas recebem, em suas casas, viajantes de quaisquer lugares do mundo, sem cobrar um centavo em troca. É a reputação em forma de pagamento. Dois imóveis no mesmo local, com o mesmo preço de aluguel, mas com reputações diferentes no Airbnb são diferenciados rapidamente um do outro, por conta de um simples “review” positivo. E o que esses novos consumidores buscam? Experiência e acesso.

Acima de tudo, as novas gerações serão os motores para que empresas tradicionais desapareçam e novas formas de se ganhar dinheiro e emprego se renovem.

 

rodrigo dantasRodrigo Dantas é fundador e CEO da Vindi (www.vindi.com.br) – plataforma de pagamentos online), criador do maior evento de empresas SaaS e Assinaturas do país, o “Assinaturas Day” (assinaturasday.com) e co-autor do livro Economia do Acesso e os modelos de negócios baseados em compartilhamento, recorrência e assinaturas.

Empresas de alto crescimento no setor de serviços?

Em pesquisa recente divulgada pelo IBGE, o setor de serviços mais uma vez se destacou como sendo o setor com maior capacidade de expansão na economia. Os dados da pesquisa são baseados no Cadastro Geral de Empresas e abrangem as firmas de alto crescimento, as quais são definidas como aquelas que apresentam crescimento médio do pessoal ocupado assalariado de pelo menos 20% ao ano por um período de três anos consecutivos ou mais. Os dados por setores indicam que os serviços representam 77% das empresas de alto crescimento, tanto em número absoluto de empresas, quanto em pessoal ocupado (ver tabela abaixo).

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Fonte: IBGE. Elaboração própria.

Conclusões menos óbvias podem ser obtidas com a análise dos dados desagregados por grupos de atividades de serviços conforme a metodologia de classificação das atividades. O gráfico abaixo mostra a participação dos serviços por tipo no grupo de empresas abrangido pela pesquisa. Os resultados indicam entraves ao estabelecimento de empresas de alto crescimento entre as atividades associadas à agregação de valor, as quais são essencialmente utilizadas como insumo na produção industrial. Em combinação com o gráfico de produtividade do trabalho (Valor Adicionado/Pessoal Ocupado), constata-se que as empresas de serviços de valor (que representam apenas 3% da pesquisa em questão) têm nível de produtividade do trabalho quase duas vezes maior que as dos demais serviços.

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Fonte: Estatísticas de Empreendedorismo 2013/IBGE. Elaboração própria.

Em conjunto, isso significa que as empresas que mais cresceram recentemente se concentraram em atividades com baixa capacidade de agregação de valor. O gráfico de teia abaixo detalha ainda mais esse resultado: as atividades que geram maior valor adicionado por pessoal ocupado encontram-se à esquerda e abrangem serviços para empresas e de valor (como Serviços de TI e Atividades Profissionais). No entanto, são as atividades localizadas no lado direito e, portanto, com baixíssimos indicadores de valor adicionado, que têm maior representatividade no grupo das empresas de alto crescimento.

Respondendo a pergunta do título: os números mostram que o setor de serviços, de fato, cresce em número de pessoal empregado. Mas, se concentra em atividades pouco produtivas e, portanto, com menor capacidade de contribuir para a competitividade econômica no longo prazo. Uma das possíveis razões para isso pode ser a interação ainda  incipiente entre os serviços de valor e os demais setores produtivos. Promover tal interação é um passo importante para gerar demanda por serviços mais produtivos e, ainda, contribuir para a dinamização das cadeias produtivas.

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Nota: os valores foram normalizados, considerando-se a média da razão VA/PO das empresas da pesquisa igual a 100.

Fonte: Estatísticas de Empreendedorismo 2013/IBGE. Elaboração própria.

O Setor de TIC no Brasil e o Networked Readiness Index (NRI) do Fórum Econômico Mundial

O Fórum Econômico Mundial, em parceria com pesquisadores das universidades de Cornell e INSEAD, publica anualmente, desde 2001, uma série chamada Global Information Technology Report (GITR). O relatório apresenta um panorama global anual do setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). São avaliados, sob o ponto de vista das tecnologias da informação, cento e cinquenta e dois países. O processo de avaliação é efetuado por meio de um índice desenvolvido para medir o nível de preparo tecnológico das economias avaliadas. Este índice é denominado Networked Readiness Index (NRI) e seu principal objetivo é avaliar o grau de propensão dos países analisados no relatório para explorar as oportunidades oferecidas pelo setor de TIC, possibilitando, com isso, identificar áreas de prioridade para alavancar o desenvolvimento.

Nesse sentido, o GITR é tido como a mais compreensiva avaliação de como as TICs impactam a competitividade e o bem-estar das nações e suas populações. O NRI, medido em uma escala que varia de 1 a 7, é composto por quatro categorias principais, dez pilares e cinquenta e três indicadores. Ele avalia não só o grau de desenvolvimento da infraestrutura dos países, mas também o cenário ambiental para o desenvolvimento de novas tecnologias, bem como o quanto elas estão integradas à vida e ao cotidiano da sociedade. As quatro categorias principais do NRI são:

  1. Categoria Ambiental: avalia as condições do ambiente de mercado e a estrutura regulatória dos países. Indicadores: efetividade do corpo legislativo, número de dias para se abrir um negócio;
  2. Categoria do Preparo: avalia a infraestrutura e se ela favorece a captação e o desenvolvimento do setor de TIC. Indicadores: cobertura da rede móvel celular, tarifas do setor de TIC (telefonia, banda larga);
  3. Categoria do Uso: avalia a adoção das TICs pelos principais stakeholders que compõem a sociedade. Indicadores: número de assinaturas de banda larga residenciais, índice de serviços de governo online;
  4. Categoria do Impacto: avalia a efetividade e o impacto econômico e social derivados do setor de TIC. Indicadores: Impacto das TICs no acesso a serviços básicos, acesso à internet nas escolas.

O Brasil ocupa atualmente a 84ª posição no ranking do NRI. A posição é bastante baixa, tendo-se em vista que o país está entre as dez maiores economias do globo. Comparando-o com seus similares, o Brasil aparece à frente apenas da Índia, quando comparado entre os BRICS. A Rússia, país com dimensões similares e com desafios de infraestrutura também parecidos, aparece consideravelmente à frente do Brasil, na 41ª posição do ranking.

Avaliando-se o NRI do Brasil aberto, percebemos que os maiores ofensores estão nos indicadores da categoria ambiental: a efetividade do corpo legislativo é avaliada como ruim, com 2,54 pontos de um total de 7. A Rússia possui 3,58 pontos neste quesito, enquanto a África do Sul possui 4,12. O indicador de número de dias para se abrir um negócio também é muito impactante para o Brasil: 83 dias, enquanto Rússia (11,2) e África do Sul (19) apresentam números abaixo de 20 dias. A alta carga tributária brasileira também desponta como um dos principais ofensores: por aqui, ela alcança 69% dos lucros das empresas; na África do Sul, 28,8%.

O Brasil também apresenta resultados ruins na categoria do impacto. Analisando-se os impactos econômicos, temos um número de patentes PCT (Patent Cooperation Treaty) no setor de TIC extremamente baixo, consequência direta do baixo incentivo à pesquisa e o baixo investimento em P&D no país. O percentual de empregos intensivos em conhecimento também é baixo no Brasil: 21% do total. A Rússia possui 43%. Esse resultado é consequência direta da queda da participação da indústria no PIB brasileiro, bem como da dominância do setor de serviços, formado basicamente por serviços de custo, pouco desenvolvidos. Hoje, o setor é responsável por mais de 70% do PIB e por 80% da mão de obra no Brasil.

Analisando-se os impactos sociais, temos um número baixo de escolas públicas conectadas à internet no Brasil. Além disso, a qualidade da conexão das escolas já conectadas pode ser considerada ruim. Outro indicador de impacto social, o do uso das TICs para eficiência governamental, também deixa a desejar. Prova disso é o recente caso do site e-social, criado para simplificar a emissão de guias tributárias do simples doméstico para o cidadão, e que ganhou destaque na imprensa pelos problemas apresentados e pela ineficiência em prestar o serviço a que foi proposto.

Assim, por tudo que foi aqui exposto, podemos afirmar que o desenvolvimento do setor de TIC vai muito além da melhoria da infraestrutura como a expansão da banda larga e da cobertura móvel celular, por exemplo. Hoje, os principais ofensores brasileiros estão nas categorias ambiental e de impacto, o que demonstra claramente um problema de coordenação. O país precisa de reformas: política, para tentar reverter o quadro de inefetividade de seu corpo legislativo; administrativa, para rever a burocracia que hoje sufoca o empreendedorismo; tributária, para diminuir a alta carga de impostos que sufoca indústria, comércio e contribuintes; dentre outras.

De nada vai adiantar alcançar 100% do território nacional com fibras ópticas e cobertura celular se esta infraestrutura não for aproveitada pela sociedade como um vetor para o desenvolvimento e para a transformação social. O setor de TIC só pode ser considerado efetivamente desenvolvido se, além de alcançar a maior parte dos usuários, também for utilizado para melhorar o acesso da população aos serviços básicos, melhorar a disseminação da informação na sociedade e criar novas oportunidades de emprego, funcionando como um catalisador de inovação e retroalimentando o sistema em busca de novas tecnologias e novos serviços, formando assim um círculo virtuoso.

PAÍS RANKING 2015 NRI 2015
Cingapura 1 6,02
Finlândia 2 6,00
Suécia 3 5,84
Holanda 4 5,80
Noruega 5 5,76
Suíça 6 5,68
Estados Unidos 7 5,64
Reino Unido 8 5,62
Luxemburgo 9 5,62
Japão 10 5,60
Rússia 41 4,53
China 62 4,16
África do Sul 75 3,99
Brasil 84 3,85
Índia 89 3,73

 

Tiago XavierTiago Xavier é engenheiro eletricista graduado pela Universidade de Brasília em 2003. Com sua formação voltada para a área de telecomunicações, trabalha há mais de dez anos com Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), com atuação em diversas empresas privadas e públicas.

 

Um Mercado Global de Serviços?

Temos discutido neste espaço que o setor de serviços já é, de longe, a atividade predominante na economia mundial, tal como atestam indicadores de participação no PIB, no emprego, no comércio internacional, quando medido em valor adicionado, e no investimento direto estrangeiro.

Mas uma nova etapa já está se descortinando, a qual dará ao setor participação ainda maior e mais preponderante. E causas para isso não faltam.

Diferentemente do passado recente, os serviços estão se tornando cada vez mais comercializáveis como se fossem bens manufaturados. Pense nos serviços de compras de varejo, como o e-commerce, nos de entretenimento, como o Netflix e o Spotfy, nos de transporte local, como o Uber, nos de hospedagem e passagens, como o Airbnb e Decolar.com, nas atividades internas e externas de TI das organizações, como o AWS, nos de telefonia, de localização geográfica, de compartilhamento de dados, de educação, de saúde, de seguros e de tantos outros que fazem cada vez mais parte do nosso dia-a-dia.

De fato, os mercados de serviços estão se expandindo tão rapidamente que o impensável já começa a acontecer: empresas start-ups com poucos ativos e  receitas relativamente modestas já valem mais que as suas concorrentes há muito estabelecidas e até que lideram seus respectivos mercados – o Airbnb, por exemplo, vale mais que a Accor, maior operadora de hotéis do mundo!

Dentre as razões para a explosão dos serviços incluem-se a mudança do padrão de consumo das pessoas em favor do consumo de funcionalidades digitais e de novas soluções e a mudança dos modelos de negócios das empresas em favor da terceirização e da servicificação da produção – a GE, por exemplo, já não mais vende as suas turbinas de aviões, mas as disponibiliza como parte de um pacote de serviços.

Mas o grande salto ainda está por vir, que é a constituição do mercado global de serviços.

A semente para o mesmo já foi semeada e é provável que em breve já se colham seus frutos. A semente são os acordos plurilaterais ora em discussão, como o Trans-Pacific Partnership (TPP), o Trans-Atlantic Trade and Investment Partnership (TTIP) e o Trade and Investment Agreement (TISA), que transformarão a economia mundial para sempre.

Uma vez em vigor, os acordos deixarão a Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) e o General Agreement on Trade in Services (GATS) para trás e novos padrões serão estabelecidos pelas vias da harmonização dos marcos regulatórios e técnicos e da remoção de muitos dos demais obstáculos que ainda restam para a formação de um amplo mercado de global de serviços.

Nesta etapa, que deverá decorrer algo em torno de cinco a dez anos, o comércio e os investimentos em serviços crescerão rapidamente e criarão milhões de empregos e trilhões de dólares em valor. Os países mais competitivos e os mais inovadores em serviços serão aqueles que mais se beneficiarão desse mercado.

Testemunharemos, desta forma, aquela que será uma das mais importantes transformações da história da economia mundial recente, com impactos sem precedentes e muito mais contundentes que a da globalização, tal como a conhecemos hoje.

 

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A Crise e os Serviços

O atual momento difícil da economia tem afetado de maneira especialmente forte o setor de serviços, responsável por cerca de 70% do PIB brasileiro. Se até recentemente o setor puxava a economia, principalmente com a criação de vagas no mercado formal, hoje ele parece ser um dos principais entraves para a sua recuperação.

As notícias negativas sobre o desempenho dos serviços não param de se acumular. Os últimos dados do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) mostram que o setor foi responsável por um saldo líquido de quase 50 mil demissões em outubro, pior resultado do setor para o mês desde 1992. No mês, todos os segmentos de serviços apresentaram mais demissões que contratações.

O último Boletim de Serviços mostra que os resultados negativos de serviços não se restringem ao mercado de trabalho. Pelo menos desde maio de 2015, o setor apresenta queda de receita real em todos os tipos de serviços, sejam eles voltados para o consumidor final ou para empresas, sejam eles modernos ou tradicionais.

Além da falta de perspectivas de recuperação do mercado interno no curto e médio prazos e da baixa competitividade dos serviços brasileiros, o Índice de Confiança de Serviços, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), segue em seus menores níveis históricos (ver gráfico abaixo). O indicador aponta que o setor deve contratar e faturar ainda menos nos próximos meses.

Dado o seu tamanho, importância direta e indireta para a economia brasileira e as transformações por que passa a economia global, é preciso tratar o setor de serviços como chave não apenas para a saída da crise, mas, principalmente, para o desenvolvimento sustentado.

Reconhecer essa importância e passar a pensar os serviços como atividade estratégica não será suficiente, mas já será um passo importante.

Fonte: FGV/IBRE.

Fonte: FGV/IBRE.

O papel estratégico do setor de serviços para o desenvolvimento e as políticas públicas

O setor terciário teve significativo crescimento nos últimos anos e, mesmo com a desaceleração recente, deve continuar como setor fundamental na dinâmica da economia brasileira. O desenvolvimento econômico e social recente na sociedade brasileira[1] tem sido importante para a evolução do comércio e dos serviços e deve sustentar, nos próximos anos, continuação da trajetória de aumento das vendas, expansão do mercado consumidor e diversificação dos negócios. A interação dos serviços com a indústria é importante no desenvolvimento produtivo das economias e deve estar na pauta da formulação de políticas públicas.

Existe reconhecimento da importância dos serviços na evolução recente da economia mundial[2]. Os serviços são a principal fonte de geração de empregos no mundo e o destino de parcela cada vez maior dos investimentos diretos estrangeiros greenfield. As indústrias de maior intensidade tecnológica têm maior intensidade de serviços empresariais. A indústria de transformação está-se combinando com os serviços em relação cada vez mais sinergética e simbiótica, o que impulsionará a produtividade e competitividade do setor industrial. Serviços avançados nas áreas de telecomunicações, serviços de internet, big data, internet of things, cloud computing e desenho de sistemas de computadores, por exemplo, estão na mira dos investimentos em P&D da indústria. A agregação de valor e a diferenciação e customização de produtos, elos centrais nas cadeias globais de valor, estão associados a serviços como P&D, design, projetos de engenharia e arquitetura, consultorias, softwares, serviços técnicos especializados, serviços sofisticados de TI, branding, marketing e comercialização, entre outros.

A relevância dos serviços na economia brasileira é decisiva para o desenvolvimento como um todo. A representatividade do setor terciário, de 2003 a 2015 (pelo acumulado em quatro trimestres até o 2º trimestre de 2015), passou de 65,8% para 71,7% do valor adicionado do PIB a preços correntes[3], segundo dados das Contas Nacionais Trimestrais do IBGE. Os serviços representaram 73,4% do emprego formal em 2014, de acordo com dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do MTE, sendo que apenas comércio e serviços privados (excluindo a administração pública) constituíram 54,6% do emprego formal total da economia brasileira neste ano.

Os setores de comércio e serviços são muito significativos para o tecido empresarial e produtivo brasileiro. De acordo com o Cadastro Central de Empresas (Cempre) do IBGE, em 2013, o setor terciário representou 84,7% das empresas e 74,6% do pessoal ocupado total, enquanto comércio e serviços tipicamente privados ou empresariais[4] corresponderam a 70,4% das empresas e 47,3% do pessoal ocupado total. A massa de salários e outras remunerações paga pelo setor terciário representou 72,1% em 2013, sendo que dessa massa salarial quase a metade adveio de comércio e serviços empresariais.

A heterogeneidade estrutural dos serviços constitui desafio para a formulação de políticas. O salário médio mensal dos serviços foi de 3,1 salários mínimos em 2013 (frente a 3,4 em 2007), mas existe grande variação salarial entre os setores de atividade, as seções CNAE, pelos dados do Cempre. Nota-se que setores como comércio representam 64,5% do salário médio total, ao passo que atividades profissionais, científicas e técnicas (129,0%) e informação e comunicação (174,2%) mostram salários mais elevados, acima mesmo da indústria de transformação (106,4%). Os serviços no Brasil são os maiores empregadores, mas apresentam produtividade mais baixa em relação a outros setores[5] e muita heterogeneidade. A produtividade de serviços voltados às famílias (R$28.736 por pessoa ocupada a preços correntes), por exemplo, é mais de cinco vezes superior à dos serviços de informação e comunicação (R$151.558), conforme os dados da Pesquisa Anual de Serviços, do IBGE.

A importância dos serviços, da diversificação produtiva e da interação desse setor em especial com a indústria não pode ser negligenciada e tem sido alvo de políticas públicas. Será fundamental para o desenvolvimento nacional a cooperação público-privada para acabar com gargalos e entraves ao funcionamento do comércio e dos serviços, buscando a melhoria da competitividade e da produtividade na economia como um todo.

Desse modo, evidencia-se a necessidade de fortalecer serviços relacionados a agregação de valor, maior produtividade e diferenciação de marcas e produtos, bem como intensificar a formação de novas competências para a prestação de serviços, em especial na interação com a indústria. O desenvolvimento de competências para aumentar a absorção tecnológica e a produtividade no setor de serviços torna-se essencial, em conjunto com a utilização de diversos mecanismos existentes, além do aprimoramento do ambiente institucional, visando ao atendimento de demanda interna, à consolidação e internacionalização de marcas brasileiras e ao aumento dos investimentos do setor de serviços.

Nesse sentido, têm sido realizadas discussões para subsidiar a formulação de políticas públicas no setor terciário. A Agenda de Competitividade do Varejo, que vem sendo construída em conjunto com representantes do setor, marca importante articulação recente para a impulsionar a competitividade nessa atividade, em conjunto com a iniciativa privada. A realização, recentemente, pela SCS/MDIC e a ABDI do seminário “O papel estratégico do setor de serviços para o desenvolvimento da indústria”, em 09/09/2015, trouxe especialistas das áreas acadêmica, governamental e empresarial para apresentarem e debaterem temas fundamentais para políticas de competitividade do setor. Essa discussão se soma à comemoração dos dez anos de criação da Secretaria de Comércio e Serviços do MDIC, o que revela preocupação governamental crescente de promover as capacidades desses setores na economia brasileira.

 

Marcelo MaiaMarcelo Maia é Secretário de Comércio e Serviços do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Nascido em Brasília, é formado em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e tem especialização em Direito Econômico, pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), MBA em Finanças, pelo IBMEC e tem certificado em Finanças e Administração pela University of California at Berkeley, nos Estados Unidos. Maia acumula experiência em gestão de grandes negócios, contabilidade, controladoria, relacionamento com fornecedores; marketing, logística e outras áreas.


Referências
 

ACATECH. National Academy of Science and Engineering. Securing the Future of German Manufacturing Industry: Recommendations for implementing the strategic initiative INDUSTRIE 4.0. Berlin: ACATECH, 2013. 

CNI. Confederação Nacional da Indústria. Serviços e Competividade Industrial no Brasil. CNI, 2014.

OECD. Organisation for Economic Co-operation and Development. OECD Perspectives on Global Development 2014: Boosting Productivity to Avoid the Middle Income Trap. Paris: OECD, 2014.

UNCTAD. United Nations Conference on Trade and Development. World Investment Report 2013 – Global Value Chains: Investment and Trade for Development. Geneva: UNCTAD, 2013.

 

[1] O mercado de consumo nacional e o crescimento da renda foram importantes para o comércio e os serviços em geral e devem continuar sendo significativos para a expansão do setor. O rendimento médio real do brasileiro em setembro de 2015, embora tenha caído 4,3% frente a setembro do ano passado, é 29,8% maior do que igual mês de 2003, conforme o IBGE. Em conjunto com a redução na desigualdade de renda, o crescimento do mercado de consumo foi evidenciado pela expansão da classe média no País, em que 53% da população (104 milhões de pessoas, do total de 200 milhões) já pertencia à classe média em 2012, frente a 38% em 2002, segundo a SAE/PR.

[2] Ver estudos como UNCTAD (2013), OECD (2014), ACATECH (2013) e, em especial, CNI (2014), este último preparado por Jorge Arbache.

[3] No setor terciário encontram-se atividades privadas e da administração pública. As atividades públicas somam 16,8% em 2015, não mostrando expansão muito significativa frente aos 16,3% de 2003.

[4] Considerando as seções CNAE: G Comércio; reparação de veículos automotores e motocicletas; H Transporte, armazenagem e correio; I Alojamento e alimentação; J Informação e comunicação; K Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados; L Atividades imobiliárias; M Atividades profissionais, científicas e técnicas; e N Atividades administrativas e serviços complementares.

[5] Ver, por exemplo, CNI (2014).

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