Economia de Serviços

um espaço para debate

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Por que não devemos limitar a Internet fixa

Nos últimos dias, muito tem se debatido sobre a questão da imposição de franquias de uso de dados por parte dos provedores de internet fixa. Na visão dessas empresas, o aumento do uso de serviços intensivos em banda, como o Netflix, o YouTube e plataformas online de jogos, tornaria inevitável a necessidade de imposição de limites no tráfego de dados.

Segundo o presidente da Vivo, discriminar usuários “leves” e “pesados” seria mais justo do que tratar todos igualmente. No mesmo sentido, o presidente da Anatel deu a entender que a era da internet fixa ilimitada havia chegado ao fim, e que as operadoras haviam “educado mal” os usuários, que estariam utilizando banda demais.

É verdade que o usuário (não apenas no Brasil) está utilizando mais banda por conta principalmente do avanço dos serviços de streaming e de computação em nuvem. Na era em que o tráfego de dados tem se tornado mais importante que o fluxo de bens, não há como ser diferente. Segundo estimativas da Cisco, o tráfego de dados da internet fixa no Brasil em 2019 deverá ser o dobro do nível de 2014.

Como argumentado por Rodrigo Zeidan em seu ótimo post sobre o assunto, o acesso à internet só passa a ser um bem rival (ou seja, o consumo de um usuário concorre com o de outro) se houver congestionamento na rede por conta de infraestrutura insuficiente para o tamanho da demanda. É possível que isto esteja ocorrendo no Brasil, mas uma forma menos restritiva para combater isto seria estimular o aumento da concorrência no mercado de provedores.

Atualmente, há forte concentração do serviço de provimento de internet no Brasil. Conforme é possível ver no gráfico 1, os três maiores provedores de internet do Brasil respondem, juntos, por 86% dos usuários de banda larga fixa. O quarto maior provedor, Algar, responde por apenas 1,8% dos usuários.

Gráfico 1 – Participação dos provedores de internet no total de usuários em dezembro de 2015

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da Anatel.

Neste cenário, o consumidor parece ter poucas opções, já que, em muitas regiões, não há mais do que dois ou três provedores de internet. Para efeito de comparação, enquanto a Oi, a terceira maior provedora de internet de banda larga do país, se encontra em 5.419 municípios (97% do total), a Algar, quarta maior provedora, fornece serviços em apenas 242 cidades (4%).[1]

Esta discussão é especialmente importante em um momento em que provedores de internet, que também costumam fornecer serviços de TV por assinatura, telefonia fixa e móvel, têm criticado abertamente serviços como Whatsapp, Netflix e YouTube, que se utilizam da internet e concorrem diretamente com aqueles serviços. Todas as três maiores provedoras de internet fixa também fornecem TV por assinatura (e telefonia fixa e móvel), que sofre concorrência direta do Netflix, possivelmente um dos principais responsáveis pelo aumento do consumo de banda.

Ao impor franquia de dados, os provedores de internet podem acabar “forçando” usuários – principalmente aqueles de mais baixa renda – a desistir de serviços como Netflix, YouTube e Skype para aderir aos serviços de TV por assinatura e telefonia prestados por aquelas mesmas empresas.

Talvez esta seja a questão mais preocupante da imposição de franquias de dados. A internet é, antes de tudo, uma plataforma para diversos mercados. Limitar, mesmo que indiretamente, o acesso a serviços que se utilizam de muita banda pode ter como consequência o desestímulo ao surgimento de novos aplicativos, jogos e serviços inovadores.

Não por acaso, a Netflix passou a pagar para provedores de internet americanos para que os usuários acessassem mais rapidamente seus serviços. Se todo serviço intensivo em banda se vir obrigado a fazer o mesmo, possivelmente teremos menos inovações na internet e serviços prestados por grandes empresas, que podem pagar por um melhor acesso, terão grande vantagem no mercado.

Um cenário com poucas provedoras impondo franquias de dados aos usuários pode resultar em usuários, especialmente os de mais baixa renda, “presos” aos serviços das provedoras de internet e em uma internet menos livre. Ademais, em uma era em que a internet e o fluxo de dados são (e serão cada vez mais) a norma, é mais que esperado que as provedoras de internet tenham que se adaptar, atualizando seus modelos de negócios, sem ir na contramão da tecnologia.

Um mercado mais competitivo de provimento de internet seria um ótimo caminho para que esses novos modelos apareçam. Portanto, antes de permitir a imposição de limites de dados, reguladores deveriam considerar como fazer com que mais empresas entrem no mercado de provimento de internet. Esta seria uma solução mais adequada para consumidores, empresas de conteúdo que atuam na internet e a sociedade em geral.

[1] Os dados sobre acessos a banda larga foram retirados da Anatel.

 

Um (preocupante) panorama do setor de serviços em 2015

Assim como o restante da economia, o setor de serviços foi fortemente afetado pelo momento de turbulência pelo qual o país passou e ainda passa. Em 2015, o setor apresentou contração de 2,7%, retração superada apenas pela indústria, que teve crescimento negativo de 6,2% (ver Gráfico 1). Esse é o pior resultado para o setor de serviços em toda série histórica, iniciada em 1996.

Gráfico 1 – Variação anual do PIB pelo lado da oferta

PIB1

Fonte: Contas Nacionais Trimestrais (IBGE, 2016).

O que mais chama atenção nesse resultado é que ele é fruto de uma contração generalizada do setor. Como mostrado no gráfico 2, apenas dois segmentos de serviços apresentaram crescimento positivo no ano passado: intermediação financeira e seguros e atividades imobiliárias. Chama especial atenção o tamanho da queda do comércio e da atividade de transporte, armazenagem e correio, ambas atividades com enorme importância para cadeias produtivas e, portanto, para o restante da economia.

Gráfico 2 – Variação anual dos segmentos de serviços

PIB2

Fonte: Contas Nacionais Trimestrais (IBGE, 2016).

Os resultados negativos também tiveram reflexos no mercado de trabalho. Nos últimos anos, os serviços sempre contribuíam com um saldo líquido positivo de empregos. Em 2014, o setor foi o único a apresentar saldo positivo. Em 2015, porém, as atividades de serviços foram as que mais demitiram, terminando o ano com saldo líquido de -1,1 milhão de demissões (ver Gráfico 3).

Gráfico 3 – Saldo líquido de empregos, por setor – 2014 e 2015

CAGED

Fonte: CAGED (Ministério do Trabalho, 2016).

Conforme destacado no último Boletim de Serviços, serviços voltados para o consumidor final e para empresas, seja pela classificação de valor ou de custo, demitiram mais do que contrataram em 2015, o que confirma que a situação do emprego piorou  de maneira generalizada no setor (ver Gráfico 4).

Gráfico 4 – Saldo líquido de empregos, por tipo de serviço – 2014 e 2015

CAGED2

Fonte: Machado, Arbache e Moreira, 2016 (Boletim de Serviços).

Nem mesmo o cenário mais favorável para o comércio exterior, com a forte desvalorização do real e o esfriamento da demanda interna, foi suficiente para reverter o déficit na balança comercial de serviços. Enquanto a balança de bens fechou 2015 com um superávit de US$ 17,7 bilhões, a balança de serviços apresentou déficit de US$ 36,9 bi. Assim como nos outros indicadores, o resultado atingiu todas as categorias de serviços (ver Gráfico 5).

Gráfico 5 – Balança comercial de bens e serviços, por bens e tipos de serviços, em US$ milhões (FOB) – 2014 e 2015

BCBS

Fonte: Machado, Arbache e Moreira, 2016 (Boletim de Serviços).

Por fim, vemos que a inflação de serviços foi consideravelmente superior ao índice geral, quando utilizada a metodologia de classificação do Boletim de Serviços[1]. Os serviços tradicionais, puxados principalmente pelas tarifas de transporte público e de luz, registraram inflação de 14,1% em 2015. Destaca-se a deflação dos serviços modernos, que registraram deflação de 3,8%.

Gráfico 6 – Inflação de bens e serviços (IPCA) – 2014 e 2015

IPCA

Fonte: Machado, Arbache e Moreira, 2016 (Boletim de Serviços).

O quadro geral do setor de serviços foi, portanto, bastante negativo em 2015. O setor, que era uma espécie de “âncora” do emprego, passou a demitir mais do que contratar. Ademais, os serviços responderam por parte importante do aumento de preços. Por fim, o tamanho e a constância do déficit da balança de serviços reforça a percepção da baixa competitividade internacional dos nossos serviços.

Tendo em vista o tamanho do setor de serviços e sua influência sobre indicadores chave da economia, parece-nos razoável sugerir que o setor de serviços deveria ser alçado ao centro do debate sobre a recuperação econômica e aumento da competitividade.

 

[1] O índice de inflação de serviços calculado pelo Banco Central só leva em conta consertos e manutenção, pintura de veículo, serviços de saúde, serviços pessoais e cursos. A metodologia de Machado, Arbache e Moreira é mais abrangente, incluindo itens como alimentação fora do domicílio, serviços de transporte, comunicação etc.

O mercado de serviços (e de tecnologia) está para peixe

A área de tecnologia é uma das mais aquecidas do mercado e, hoje, praticamente qualquer tipo de empresa ou negócio precisa de soluções deste tipo para conduzir suas atividades, otimizar tarefas e processos e aumentar a produtividade e segurança em todos os níveis.

Toda empresa em breve, deverá ser uma empresa de tecnologia.

Empresas petrolíferas, automotivas e especialmente as do segmento de serviços terão que ser essencialmente “empresas de tecnologia”. Senão, morrerão.

A demanda por softwares, sistemas integrados, automação e customização é crescente entre as companhias de sucesso, que passam a incorporá-los não só na rotina, serviços e comunicação como também em pontos importantes de interação com os clientes, a exemplo dos sistemas de pagamentos realizados online, que precisam ser cada vez mais seguros e práticos.

O ano é para aquisições

Tanto para o dia-a-dia dos atendimentos, produção ou – o mais comum – para um bom backoffice dos trabalhos, soluções em tecnologia são cada vez mais requisitadas e de tempos em tempos as grandes empresas do setor fazem novas aquisições. No entanto, ao passo em que sobe esta demanda, cresce também a competição. E, por isso, tais empresas têm se acostumado não só a adquirir mais recursos, como também a realizar acordos com outras competidoras do ramo para aumentar as fatias de mercado e o alcance de soluções integradas. Esse deve ser um ano em que algumas aquisições devem acontecer, pelo enfraquecimento de algumas economias e empresas com menos capacidade de inovação.

Nesse post, vamos falar um pouco sobre algumas das maiores aquisições entre empresas de tecnologia (em nível global) e mostrar de forma rápida o que pode acontecer de forma mais intensificada nesse ano. Veja a seguir algumas das maiores “saídas” (vendas) em empresas de tecnologia do mundo:

Dell e EMC

Cloud computing é uma realidade já bastante ampla nas empresas. A EMC, famosa por atuar neste mercado, tornou-se dona da VMware (virtualização de servidores) e, por nada menos que US$67 bilhões de dólares, foi adquirida pela Dell em 2015, uma das maiores fabricantes de computadores e implementadoras de hardware do mercado de tecnologia no mundo.

Avago Technologies e Broadcom

Se este nome ainda não lhe era conhecido, eis aqui o que ela faz: Avago fabrica semicondutores para veículos e aparelhos celulares, por exemplo. A Broadcom, por sua vez, produz chips para Wi-fi e Bluetooth. Ambas se juntaram para dominar ainda mais o mercado de dispositivos sem fios, que “surfam” a boa onda da mobilidade, do B.Y.O.D. e da nuvem, prometendo só crescer nos próximos anos. Em 2015, a Avago adquiriu a Broadcom por U$37 bilhões.

Facebook e Whatsapp

Algo em torno de 20 bilhões de dólares. Foi o preço que o gigante das redes sociais (o Facebook) pagou pelo Whatsapp, atualmente o maior sistema de troca de mensagens instantâneas do mundo. O Facebook, que já tinha ousado comprar o Instagram, desta vez deu um pulo mais alto e espera, com isso, (quem sabe?!) adquirir talentos ou patentes, mas fato é que a companhia de Zuckerberg tem corrido bastante atrás do objetivo de tornar a internet e a comunicação possível para todos.

Symantec e Veritas

Segurança da informação é um assunto sério. A Symantec (detentora do antivírus Norton, por exemplo) e a Veritas, referências neste mercado, se juntaram (ou melhor, a Veritas foi comprada) para oferecer soluções ainda mais integradas a seus clientes. Mas, neste caso, o negócio falhou e as duas voltaram a trabalhar separadamente. Prova de que tentativas são importantes, mas muitas vezes são apenas tentativas. E não há nada de mal nisso: o mercado de TI exige ousadia. A Symantec comprou a Veritas por US$13,5 bilhões em 2004.

Oracle e PeopleSoft

Às vezes mudanças causam dores. Mas, problemas com quadro de pessoal à parte, esta foi outra aquisição de destaque nos últimos tempos: a Oracle, gigante no setor (inclusive de in-memory database) adquiriu a PeopleSoft por mais de US$ 11 bilhões e passou a engrossar ainda mais o rol de soluções que oferecia para suas empresas clientes administrarem o fluxo de informações referente a seus ativos, recursos humanos e clientes, contribuindo para o sucesso de tais.

Embora haja ainda muitas outras aquisições que poderíamos citar, os exemplos acima nos mostram, ao fim, que toda empresa que queira se manter competitiva e qualificada, em um mercado tão dinâmico e veloz, deve constantemente se adequar às necessidades de seus clientes.

Não parece haver uma “feira” de aquisições por conta do momento econômico, mas este provavelmente será um ano de oportunidades, especialmente em serviços e tecnologia.

Brasil possui o sistema de saúde mais ineficiente do mundo

O sistema de saúde brasileiro é composto pelo SUS e pelo braço privado representado por planos de saúde e por profissionais autônomos. Para a realidade brasileira, o SUS representa significativo avanço na saúde pública. Entretanto, a existência do sistema privado evidencia a necessidade de complementação. Neste contexto, emerge o debate sobre a necessidade de mais fundos para financiar a saúde pública. Mas, como se sabe em círculos mais técnicos, o sistema de saúde brasileiro é ineficiente, o que significa que os recursos não são bem empregados.

No ranking anual de eficiência de sistemas nacionais de saúde, editado pela agência de notícias de negócios Bloomberg, o Brasil aparece consistentemente entre os últimos colocados (desde 2008). Como qualquer indicador de eficiência econômica, o ranking compara medidas de benefícios gerados com o custo de prover os serviços. Em linhas gerais, o ranking compara a expectativa de vida com o custo local do sistema de saúde.

Na lista de 55 países analisados em 2015, o Brasil ocupa a última posição. Como se trata de ranking de eficiência, a posição do Brasil no ranking significa que o país gasta muito com saúde, mas entrega pouco. O custo da saúde  no Brasil é comparável ao de países da Europa Ocidental. Gastamos em torno de 9% do PIB, número próximo ao de países como Noruega, Suécia e Reino Unido. O outro fator de custo utilizado pelo ranking é a comparação do gasto em dólares per capita com saúde. Mesmo com a depreciação cambial recente, o Brasil gasta bastante no setor. Por esse indicador, o gasto brasileiro se aproxima ao de países da Europa Oriental (Rússia, Hungria e República Tcheca) e da América do Sul (Argentina e Chile), que gastam cerca de 1000 dólares per capita.

Por outro lado, a expectativa de vida do Brasil é a sexta mais baixa entre os países analisados. Com 73,9 anos de vida, a expectativa de vida aqui é similar à de países como Jordânia, Irã, República Dominicana e Colômbia. Portanto, pela comparação entre expectativa de vida e custo do sistema nacional, o Brasil esta entre os países com gastos mais elevados, mas com relativa baixa expectativa de vida.

Certamente, outros fatores, além do sistema de saúde, afetam a expectativa de vida, tais como saneamento, violência urbana e estilo de vida da população. Como todo ranking, o posicionamento do Brasil não estabelece uma verdade absoluta, mas pode ser usado para levantar a questão do financiamento do sistema de saúde brasileiro (público e privado). Simplesmente aumentar o dispêndio em um sistema que onera demais a economia pode não ser a melhor opção.

Com o envelhecimento da população, os desafios serão ainda maiores. Com tratamentos mais caros em média e com a necessidades de grandes investimentos, a conta da saúde tende a pressionar a atividade econômica. Mais gastos por habitantes serão necessários, pressionando tanto o Estado quanto quanto o cidadão.

A pergunta crucial é se o sistema brasileiro, público e privado, possui estrutura organizada para suportar crescimento. De acordo com um ranking simples como o aqui apresentado, a comparação entre países sugere que o Brasil não aloca bem os recursos em saúde, pois gasta muito para um país sem alta expectativa de vida. Portanto, estratégias inteligentes para a organização do sistema de saúde serão fundamentais para o nosso futuro.

Veja o ranking abaixo:

gráfico6

Fonte: Bloomberg

O mercado de e-commerce no Brasil e no mundo: tendências e entraves

O comércio eletrônico global vem apresentando resultados impressionantes nos últimos anos. Em 2015, o setor movimentou quase US$ 1 trilhão, com previsão de expansão para US$ 1,5 trilhão até 2018. O Brasil é um dos maiores mercados globais, o qual deverá ter faturamento de R$ 56,8 bilhões em 2016, um aumento de 18% em relação ao ano anterior. Apesar de a maior parte das transações ainda ser feita a partir de desktops, já se sabe que os smartphones serão os grandes motores do crescimento do e-commerce. Hoje, metade das buscas por produtos ocorre pelo celular, mas a compra ainda tende a ocorrer por outros dispositivos.

mobile e-commerce

                                             Fonte: Criteo

Essa diferença entre tráfego mobile e vendas constitui uma janela de oportunidade para o comércio e para a conversão de usuários e clicks em reais consumidores. Um dos desafios a serem ultrapassados relaciona-se à melhoria da experiência de compra, pelo fornecimento de um site no formato adequado a uma navegação por celular. Aproximadamente 30% dos cem maiores varejistas globais ainda mostram ao usuário de celular uma versão de seu site destinada a uso em desktop, o que torna a navegação difícil e lenta. Varejistas no Brasil e no mundo perdem grandes oportunidades de negócios por desvalorizarem a experiência mobile do consumidor como forma de alavancar vendas online.

O grande gargalo da entrega

Os grandes players mundiais de logística para o comércio eletrônico já mostram sinais de incapacidade em atender à demanda gerada pelo e-commerce. Atualmente, tem-se observado uma elevação no preço desses serviços, e constantes atrasados nas entregas. Questões como essa levaram algumas redes varejistas virtuais a expandir seus planos na direção dos canais de transporte e logística. A Amazon, por exemplo, já possui frota própria de caminhões nos EUA, planeja aquisição de empresas europeias para expandir sua rede de entrega, e lançou recentemente seu programa Prime Air para realizar entregas com drones em menos de meia hora, ao custo de um dólar por serviço prestado. Apesar de ainda haver muita especulação em relação aos planos da empresa, a Amazon parece estar traçando forte estratégia de criação de um serviço global de entrega.

As empresas que não têm recursos suficientes para entrar nesse mercado encontraram, todavia, uma alternativa interessante: os chamados Click & Collect por meio do qual os clientes buscam suas compras em lojas físicas ou em pontos de coleta determinados. A parcela de compras online usando Click & Collect ainda é pequena, mas avançou bastante em 2015 em diversos mercados, inclusive no brasileiro.

A etapa de entrega ainda constitui um grande custo na estrutura operacional das empresas de e-commerce no Brasil. Entre as estratégias adotadas para reduzir o problema estão o estabelecimento de novos centros de distribuição fora da região sudeste e a redução no oferecimento de frete grátis, prática até pouco tempo comum entre as lojas virtuais. Há poucos provedores especializados em entregas no comércio eletrônico, o que repercute em uma série de frustrações pelo lado dos consumidores e prejuízos para as empresas. Dados do Reclame aqui revelam que a parte considerável das queixas sobre lojas de e-commerce refere-se à entrega. Os Correios figuram na 12ª posição na lista das empresas com maiores índices de reclamação naquele site. Isso é um indicador claro de gargalo para o crescimento do e-commerce no Brasil.

Somam-se a essas dificuldades a recente mudança nas regras de cobrança do ICMS, que entrou em vigor no início de 2016 e exige a repartição dos impostos estaduais entre os locais de origem e destino do bem. Isso obriga as empresas que atuam online a se cadastrar nas 27 secretarias estaduais da fazenda, caso queiram operar em todo território nacional, além de exigir a emissão de duas guias – para pagar impostos no estado de origem e de destino – em toda transação interestadual. Entidades representativas do setor privado apontam que a mudança ampliou a burocracia e elevou custos excessivamente, em particular para as micro e pequenas empresas. Na última semana, o STF concedeu liminar que isenta as empresas optantes pelo Simples Nacional dessas novas regras de cobrança.

Apesar do cenário econômico adverso previsto para os próximos anos, o comércio eletrônico ainda consegue vislumbrar taxas de crescimento expressivas. É preciso garantir que o Estado não criará mais obstáculos para uma atividade de tanto potencial, para que não nos distanciemos, mais uma vez, da realidade global do mercado, que caminha na direção da redução, e não do aumento de burocracias no setor.

Transporte: por que priorizar se ele é só uma atividade meio?

Pare e pense, o que seria de sua vida sem os serviços de transporte. Agora considere a situação de uma indústria ou de um produtor rural. Estimativas baseadas na Matriz Insumo Produto brasileira indicam que o setor de transporte é o segundo mais demandado pela economia (o comércio é o primeiro), mas está longe de apresentar bons resultados no país. Classificado como um dos principais entraves para a realização de negócios em território nacional, segundo o Fórum Econômico Mundial, o transporte, de passageiros e de cargas, coleciona problemas e resultados ruins.

Tabela: Classificação Fórum Econômico Mundial –  Pilar Infraestrutura de Transporte (Países selecionados)

tabelatransporte

Nota: A categoria Transporte Geral foi calculada pela Confederação Nacional do Transporte e corresponde à média aritmética das notas dos quatro modais de transporte pesquisados (rodovias, ferrovias, portos e aeroportos)

Fonte: Fórum Econômico Mundial (The Global Competitiveness Report 2015-2016)

O transporte agrega valor de lugar, mas este valor custa cada vez mais por aqui. Estudos do Instituto ILOS apontam que o custo com logística no Brasil é de cerca de 11,6% do PIB ao ano. Achou pouco dada a importância do setor? Nos Estados Unidos a percentagem é de 8,7. Ou seja, se tivéssemos uma estrutura de custos e condições de operação similares a americana, gastaríamos cerca de R$ 160 bilhões a menos para transportar nossos bens[1]. E isso é dinheiro perdido, um peso morto da nossa economia.

Como assim? Se o nosso transporte é mais caro significa que os nossos transportadores têm mais lucro, certo? Não exatamente[2]. O nosso transporte é mais caro porque os nossos custos de deslocamento e de transação são superiores aos percebidos por fornecedores de serviço americanos e isso influencia a nossa produtividade. Parte significativa desses custos está vinculada à elevada regulação do setor (com a existência de monopólios naturais, preços máximos, etc).

Poderíamos, então, argumentar que a saída é o desenvolvimento de estratégias empresariais que melhorem a performance operacional de forma a trazer ganhos de produtividade que se convertam em eficiência para a cadeia logística. Concordo que essas ações ajudam, mas o que faremos com a parte que não depende da empresa? O que faremos com a burocracia e com a inadequação da infraestrutura de transporte?

Apesar de as rodovias serem a infraestrutura mais abundante no país, nossa densidade ainda é muito reduzida[3]. Dos mais de 1,7 milhão de km de estradas brasileiras, pouco mais de 213 mil km são pavimentados e, desses, 57,3% estão em condições inadequadas, segundo avaliação da Confederação Nacional do Transporte, e elevam o custo operacional do transporte de cargas em 25,8%.

Gráfico: Densidade de infraestrutura no Brasil e em países selecionados (em km/1.000 km2)

grafico_densidade

Fonte: Dados do IBGE, Dnit e Cia.

Temos poucos aeroportos e, os que temos, precisam de modernização urgente em seus terminais de passageiros e pistas para atenderem melhor a demanda futura (sem falar na urgência da modernização do sistema de controle de tráfego aéreo). As empresas ferroviárias investem milhões em sistemas e em estratégias de consolidação para reduzir as perdas advindas dos pontos críticos[4] que reduzem a velocidade operacional dos comboios e geram custos adicionais. Nos portos, filas de navio. Nas cidades, filas de carros, ônibus parados, metrôs lotados e população desassistida.

Assim, para solucionarmos os problemas que prejudicam nossos deslocamentos precisamos internalizar que modernizar e dinamizar o sistema de transporte não é adquirir um veículo novo, mais moderno ou mais eficiente em termos ambientais, ou implantar um novo sistema de gestão por resultados. Modernizar o transporte é possibilitar que ele seja mais dinâmico, mais integrado, ou seja, sistêmico.

O desafio é grande, mas as oportunidades também. Destravar os entraves do transporte é uma condição necessária, mas não suficiente, para elevar os ganhos de produtividade no país.  Eu ousaria dizer que o investimento em infraestrutura de transporte não é, e nunca foi, a solução para o crescimento econômico do país (afinal, o transporte é atividade meio). Contudo, a não modernização nesse serviço básico, que permite agregação de valor de lugar aos bens e é fundamental para a produção de bens e serviços, tem elevado potencial de inibidor do desenvolvimento nacional.

Priscila SantiagoPriscila Santiago é bacharel em economia pela Universidade de Brasília. Mestre em Gestão Econômica do Meio Ambiente (UnB) , Especialista em Planejamento Tributário (UnB) e em Gestão de Negócios (Fundação Dom Cabral). Atualmente é doutoranda no programa de pós graduação em economia da UnB. Trabalha há mais de seis anos com economia do transporte.

 

[1] Considerou-se o custo logístico do Brasil na situação atual (11,6% do PIB) e na hipotética similar aos EUA (8,7%). A diferença entre elas seria uma potencial economia de recursos que poderiam ser realocados.

[2] Dados do IBGE (Pesquisa Mensal de Serviços) apontam que em 2015 houve queda de 6% no volume de serviços transportados. A variação nominal da receita do setor foi de 2% (lembrando que a inflação foi de 10,67%).

[3] Enquanto os EUA possuem 438,1 km de rodovias para cada 1.000 km2 de área territorial, o Brasil possui 25,0km.

[4] Passagens em nível críticas e invasões de faixa de domínio.

O comportamento do consumidor e o futuro do varejo

Hoje, metade da população adulta mundial possui um smartphone. Esse usuário checa seu celular, em média, 150 vezes ao dia. Ao entrar em uma loja, o contato com um produto já é imediatamente seguido por um click na tela mais próxima para se buscar avaliações e construir uma opinião sobre o item de interesse. Essa ausência de distinção entre os mundos offline e online marca uma transformação importante no padrão de comportamento do consumidor, que finalmente começou a ser compreendida pelas grandes redes varejistas de lojas físicas e online.

Entendendo o consumidor omni-channel

Uma pesquisa realizada pelo Google mostrou que, desde 2011, o uso do recurso de busca “perto de mim” aumentou em 34 vezes – sendo que 80% dessas buscas foram feitas por smartphones. Enquanto 94% dos consumidores pesquisaram sobre lojas próximas à sua localização, 51% de fato visitaram a loja, enquanto 29% realizaram uma compra.

stats                                        Fonte:  Think with Google

Isso demonstra que estar no radar das plataformas de busca tornou-se ainda mais crucial para o crescimento das vendas de qualquer rede de varejo. Assim, ter uma estratégia de sucesso hoje significa ser capaz de alcançar os consumidores onde quer que eles estejam, em qualquer dispositivo que eles estiverem usando.  Essa é a importância de se compreender o padrão de comportamento dos chamados consumidores omni-channel, que utilizam simultaneamente diversos canais de compra e que almejam uma experiência consistente e complementar entre eles, durante toda a sua jornada em busca do produto.

Em função disso, o que se constata é que os meios digitais não só fomentam o comércio eletrônico, mas também levam mais consumidores para as lojas. Pesquisa da MasterCard revelou que oito em cada dez  consumidores utilizam celulares em pesquisas dentro do próprio estabelecimento. Isto é, o celular já é parte da experiência de consumo, como um “assistente pessoal” para preencher lacunas informacionais e para planejar futuras compras. As empresas que desejam conquistar esses consumidores precisarão fornecer, por meio do celular, as informações necessárias para uma experiência de consumo mais integrada entre os canais, que eles ainda não conseguem obter. Um exemplo disso é a informação sobre a disponibilidade de um item – o chamado “inventário online” (local inventory ads ou LIAs), onde o cliente consegue saber, de forma precisa, onde ele poderá encontrar um determinado produto. Dados do Google mostram que a varejista Sears Outlet mais que dobrou o número de visitas às lojas da rede após o uso de LIAs em comparação com o retorno obtido por propagandas tradicionais. No caso da empresa, cada dólar gasto em mídias sociais reverteu-se em oito dólares em vendas nas lojas físicas. Por esse motivo, as empresas precisam avançar em direção ao frictionless shopping, isto é, a eliminação das barreiras entre sistemas físicos e digitais, algo crucial para atender as demandas dos consumidores omni-channel. A adoção dessa estratégia já gera resultados para várias empresas, como é o caso da rede Macy’s: as ações de marketing para atrair clientes em canais in-store e online elevaram consideravelmente as vendas em suas lojas físicas. Além disso, conforme pesquisa do Google, clientes que transitam entre canais são mais “valiosos”: seus gastos são cerca de 250% superiores aos dos que realizam compras por apenas por um canal.

É em função desse novo padrão de comportamento do consumidor que as empresas precisam se preparar para um futuro cada vez mais mobile. Assim, o sucesso na adoção de estratégias para a integração cada vez maior entre lojas físicas, sistemas de entrega dos produtos, smartphones, desktops e tablets  é que definirá os grandes varejistas de amanhã.

O Setor de Serviços Está se Concentrando – E agora?

Você sabe qual é o principal destino dos investimentos diretos estrangeiros no Brasil? E sabe a qual setor pertencem os cinco segmentos de negócios de maior preferência de fusões e aquisições (M&A) no país? Se você arriscou serviços, acertou.

De fato, os serviços são o alvo predileto de mais de 60% dos investimentos diretos estrangeiros. E os cinco segmentos que mais passaram por M&A recentemente são, por ordem, tecnologia da informação, serviços auxiliares, serviços financeiros, varejo e serviços públicos (eletricidade,  gás, rodovias, etc) – juntos, eles respondem por mais de 50% das operações no Brasil. Os estrangeiros são responsáveis por ao menos metade daquelas operações de M&A.

Se, por um lado, os investimentos e M&A em serviços são mais que bem-vindos, por outro lado, é necessário evitar movimentos de concentração.

Na verdade, vários segmentos de serviços já são altamente concentrados e outros estão se concentrando. O gráfico abaixo mostra a participação de mercado das oito maiores empresas por segmento. Nos serviços de telecomunicação, segmento crítico para a competitividade de praticamente toda a economia, 64% do mercado pertence àquelas oito empresas; em transporte aéreo, 89%; e em serviços de audiovisual, 52%.

Evidências empíricas mostram que a produtividade não aumenta com a concentração; em alguns casos, até diminui. Desta forma, a concentração pode ser danosa para a alocação eficiente de recursos. A experiência internacional mostra que competição tende a ser acompanhada por menores preços, mais inovação, qualidade e outros indicadores importantes de desempenho.

Como o setor de serviços é cada vez mais determinante tanto para o consumo e o bem-estar das famílias, como para o consumo intermediário e a competitividade das empresas, seria importante aprimorar as políticas  de modernização dos marcos regulatórios setoriais de tal forma a estimular o investimento e a competição, inclusive com a entrada de novos competidores. Seria também importante o aprimoramento de políticas que  visem ampliar o acompanhamento e  o monitoramento do setor por parte dos órgãos reguladores e antitruste de tal forma a impedir ou mitigar os riscos da concentração.

Gráfico: Segmentos de serviços mais concentrados – participação das oito maiores empresas no mercado (%)

concentracao no mercado de serviços

Fonte: Pesquisa Anual de Serviços (PAS-IBGE)

Nota: Não estão incluídos nos dados o setor financeiro, de saúde e educação

 

(Des)Conectados

Os anos 2000 marcaram o avanço do uso da Internet. O lançamento dos smartphones prenunciou uma nova fase em que se manter conectado se tornaria um fator estratégico para empresas e uma exigência cada vez maior da sociedade. Desde BlackBerrys a iPhones, o novo sistema de comunicação passou a incorporar uma infinidade de serviços em que o diferencial seria a capacidade de acessar a Internet a partir de qualquer lugar no planeta.

Ao mesmo tempo, os negócios passaram a incorporar tais funcionalidades e o acesso quase imediato à informação passou a ser fator crucial de competividade. É nesse contexto que surgem oportunidades para o desenvolvimento de soluções inteligentes que demandam o acesso à Internet.

Porém, a oferta e a qualidade dos serviços de Internet são pré-requisitos para que seja possível usufruir das potencialidades da rede.

O mapa abaixo ilustra a discrepância entre regiões e países quanto ao uso da rede. Destacam-se os países desenvolvidos como os grandes usuários da Internet. O gráfico seguinte aponta que, além do baixo acesso, países de menor grau de desenvolvimento apresentam serviços de Internet mais caros. Esses dados revelam a ineficiência do serviço naqueles países e, principalmente, o atraso em relação aos países desenvolvidos.

Mapa – Dispositivos conectados à Internet

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Fonte: Internet Census 2012.

Gráfico: subscrições e preço da Internet, por nível de desenvolvimento dos países

Sem títuloNota: LDCs = least developed countries.

Fonte: International Telecommunication Union.

Olhando para o Brasil no mapa, chama atenção a diferença regional quanto ao acesso à Internet. Segundo dados da PNAD/IBGE referentes ao ano de 2013, mais de 50% da população ainda não têm acesso à rede. Os dados são ainda mais preocupantes ao se considerar a velocidade da conexão. Conforme ranking mundial de velocidade da Internet da Akamai, o Brasil ocupa a 94ª posição, com uma velocidade média de conexão de 3,6 Mb/s, enquanto a média global é de 5,1 Mb/s.  Em países desenvolvidos, a velocidade ultrapassa 10 Mb/s – chegando a 20,5 Mb/s na Coréia do Sul, que ocupa o primeiro lugar no ranking.

A baixa qualidade do serviço de Internet representa um entrave para que países em desenvolvimento possam incorporar soluções para impulsionar o crescimento e a competitividade. A migração para sistemas de produção inteligentes que envolvem, por exemplo, o uso de serviços em nuvem e produtos associados à Internet das Coisas demandam o desenvolvimento de uma estrutura de rede ampla e moderna.

Superar o gargalo da infraestrutura de acesso à Internet talvez seja o grande desafio para países que, como o Brasil, precisam encontrar atalhos para a inserção competitiva nas cadeias globais de valor.

Os serviços e a baixa participação brasileira nas cadeias globais de valor

Normalmente, quando se fala de comércio exterior, pensa-se apenas nas exportações e importações diretas. Porém, com a maior integração do comércio mundial, fragmentação da produção e o desenvolvimento de complexas cadeias globais de valor, percebe-se a necessidade de olhar para outros indicadores para melhor compreender o comércio entre países.

A notícia boa é que, apesar de ainda ser um movimento incipiente, a disponibilidade de dados sobre comércio exterior dentro de cadeias produtivas tem aumentado. A base TiVA (Trade in Value Added), construída e mantida pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e pela Organização Mundial do Comércio (OMC), é uma importante iniciativa nesse sentido.

Por meio da TiVA, é possível ver o quanto cada país adiciona valor nos produtos e serviços finais exportados por outro país. Por exemplo: iPhones são desenhados nos EUA, montados na China e depois distribuídos para o restante do mundo (incluindo os EUA). Digamos que uma montadora chinesa venda o iPhone para o restante do mundo por US$ 200. Suponha que essa montadora tenha comprado US$ 150 em peças e serviços do resto do mundo no processo. Na contabilização convencional, não seria possível saber que esses US$ 150 importados foram utilizados para exportar US$ 200. Pelo método utilizado no TiVA, seria possível saber que, apesar de ter exportado US$ 200, a China contribuiu com apenas US$ 50 do valor. Além disso, seria possível saber quanto cada país contribuiu para que a China exportasse os US$ 200 em um produto final e quanto disso são serviços.

Há uma literatura que aponta que existe uma correlação positiva entre o consumo de serviços como insumos na produção de bens exportados e intensidade exportadora (ver, por exemplo, Berlingieri 2015 e Francois e Woerz 2007). Isso se daria tanto como estratégia de redução de custos, principalmente por meio de serviços voltados para facilitar o processo exportador, quanto como estratégia para agregação de valor aos produtos – com serviços como pesquisa e desenvolvimento, marketing, software etc.

Ao olharmos os dados do Brasil na TiVA, dois fatos ficam claros:

  • as exportações brasileiras apresentam baixa adição de valor de outros países (ver Gráfico 1) e
  • o país exporta – direta e indiretamente – serviços em uma proporção próxima da média da OCDE, mas se utiliza pouco de serviços importados (ver Gráfico 2).

Esses dois fatos indicam que o Brasil é pouco integrado às cadeias globais de valor. Para retomar o crescimento, será necessário ao país se tornar mais competitivo internacionalmente e se integrar mais à economia global. O caminho não será fácil, mas reconhecer a necessidade disso será um passo importante naquela direção.

Gráfico 1 – Percentual de valor adicionado por outros países no total das exportações, por país – 2008, 2009 e 2011 (quadro à direita mostra a evolução do Brasil)

Gráfico 2 – Participação de serviços direta e indireta no total de exportações, por país, 2011.

SNA service export share” representa a exportação direta de serviços. O azul escuro representa a participação do valor adicionado de serviços nacionais no total das exportações de um país. O azul claro, a participação do valor adicionado de serviços importados no total de exportações de um país. A linha mostra a média dos países da OCDE.

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