Atualmente, termos como “economia compartilhada” e “economia circular” estão cada vez mais presentes em nosso dia a dia, refletindo o surgimento de uma série de novos modelos de negócios. Um desses modelos, que tem ganhado cada vez mais força entre empresas e empreendedores, são os espaços de coworking.

O que são coworkings?

Para nos ajudar na definição, recorremos ao portal Coworking Brasil: “Coworking é um movimento de pessoas, empresas e comunidades que buscam trabalhar e desenvolver suas vidas e negócios juntos, para crescer de forma mais rápida e colaborativa.”.

Ainda há a definição trazida pela Harvard Business Review, no artigo (em inglês) “Why People Thrive in Coworking Spaces”, onde “um coworking são espaços onde membros têm seus postos de trabalho. Dentre esses membros tem-se pessoas trabalhando independentes, freelancers, profissionais independentes e pequenas empresas dividindo espaços comuns.”

Percebe-se que as duas definições se complementam, um vez que a primeira trata da ideologia por trás de um coworking, enquanto a segundo trás como isso funciona.

Porém, mais do que essas definições, na prática vemos um coworking se materializando de diversas maneiras. O ponto comum é uma estrutura compartilhada em que diversas empresas e pessoas passam a operar e viver sua rotina diária. As diferenças são inúmeras: há espaços pagos e outros gratuitos. Há alguns espaços que são abertos para o público em geral e outros em que apenas convidados podem ter acesso. Há também aqueles com cerveja à vontade e mesa de ping pong, assim como alguns que refletem uma imagem mais séria (não entendam que cerveja e ping pong não podem ser sérios!).

Em um primeiro momento, costuma-se imaginar que a principal razão para empresas e empreendedores estarem presentes em um coworking seja a redução de custos e, provavelmente, esta seja uma percepção equivocada.

Mesmo sabendo que a redução de custos é um ponto interessante para novas empresas ou para aquelas que não têm a necessidade de possuir um ponto fixo de trabalho, , esta definitivamente não é o principal vantagem de se estar inserido em um espaço de coworking.

Quando pensamos em coworking, algumas palavras começam a surgir: co-criação, criatividade, colaboração, compartilhamento, networking. É um espaço dedicado a estimular os negócios criativos e a valorizar o empreendedorismo colaborativo.

Ao conhecer espaços de diferentes cidades e países, não importando se estão em São Paulo, em espaços como CUBO ou InovaBRA , ou no interior do Rio Grande Sul, em Caxias do Sul, como o OCA Brasil, a troca é o que pulsa constantemente nesses locais.

Outra característica comum dos espaços de coworking é que, muitas vezes, eles são flexíveis. Com um mobiliário modular, pode-se ter estações individuais de trabalho em um dia, uma grande mesa de reuniões no dia seguinte e um formato de auditório no terceiro. O espaço é montado à gosto (e necessidades) do freguês.

Ainda, muitos acreditam que estes espaços têm como foco apenas o apoio à negócios voltados ao mercado digital e de base tecnológica, o que se trata demais um equívoco. Eles também podem (e devem) ser utilizados pela economia tradicional, por exemplo, na troca de novas metodologias, em reuniões informais e para compartilhamentos de experiências.

Os números mostram que a expansão do coworking é uma tendência mundial. De acordo com a Global Coworking Map há espaços colaborativos em mais 117 países, totalizando 115.557 mil estações de trabalho disponíveis.

De acordo com o Coworking Brasil, atualmente existem 1.194 espaços de coworking em todo o Brasil, distribuídos em 26 unidades federativas (UFs) e 169 municípios. Somente em 2018, foram 127 milhões de reais movimentados,um crescimento de 57% em relação à 2017, expansão de 57% no número de estações de trabalho disponibilizadas, que hoje chegam a 88 mil, além de 7 mil empregos diretos gerados,um aumento de 100% em relação ao ano anterior.

Um movimento interessante é que esses espaços estão crescendo cada vez mais em cidades pequenas, onde os ecossistemas de inovação ainda estão se fortalecendo e amadurecendo. Hoje, 55% dos espaços são em capitais e 45% no interior das UFs.

Danillo Sciumbata, fundador e Head de Cultura da OCA Brasil Innovative Hub, de Caxias do Sul-RS, ressalta que “enxergar o ambiente de coworking como uma ferramenta de conexão de pessoas, projetos e propósito é o caminho certo para começar a compreender o universo da inovação. Um espaço que funciona em favor dos seus objetivos, estimulando e proporcionando a criatividade e o bem-estar em seus níveis máximos, um espaço projetado para quem executa o trabalho e não apenas o trabalho, essa é a grande diferença. Derivado disso, começa a aparecer a serendipidade, fator fundamental quando falamos em coworking ou hubs de inovação, onde de forma orgânica novos negócios nascem e prosperam. Todas as regiões do Brasil possuem talentos, por isso não é surpresa quando vemos espaços pulsarem não apenas nos grandes eixos, o segredo está no acontece aqui dentro, não na estrutura física ou onde estamos localizados. “Essa fala nos mostra que, mais do que estruturas físicas, os coworking funcionam graças às pessoas que dele fazem parte.

Por fim, e continuando na linha de desmistificar alguns conceitos, escuta-se muito que os espaços de coworking estão ficando saturados. Na prática, o que vemos é que as cidades onde já existem diversos espaços – a exemplo de São Paulo – os coworking têm procurado segmentar sua atuação, especializando-se em áreas específicas.Por exemplo, o InovaBRA somente permite que “habitantes” selecionados possam ocupar esse espaço, ao passo em quem mantem seu foco em conexão entre startups e grandes empresas. Por outro lado, há alguns espaços especializados em indústria criativa e outros em segmentos específicos (como saúde ou indústria).

Uma coisa é certa: os espaços de coworking são apenas mais uma dentre as diversas mudanças que vieram para ficar (junto com startups, cultura do compartilhamento, cultura de reuso entre muitas outras). Eles fazem parte de uma nova economia de serviços que tem se desenhado e desafiado a economia tradicional.

O fato é que cada vez há a necessidade de se entender e aceitar que mudanças na economia já são um caminho sem volta. Vemos um comportamento onde a colaboração sempre vence a competição. Com isso, tentamos argumentar que o capitalismo, na forma em que conhecemos hoje, precisa continuar se aperfeiçoando, buscando explorar essas mudanças de hábito de consumo, colocando o cliente no centro e fazendo as empresas entenderem que a reinvenção é um processo de sobrevivência.

Os coworkings são espaços onde é possível enxergar a materialização de conexões acontecendo de forma orgânica, a troca e colaboração.

Claro que, como em qualquer ambiente onde há relacionamento, também há problemas. Mas, de forma geral, empresas e instituições que estão em espaços de coworking costumam relatar mais benefícios do que problemas.

Em um artigo da Harvard Business Review, “Why People Thrive in Coworking Spaces”, trata de razões por que as pessoas prosperam em espaços deste tipo. O artigo foi concluído depois de uma pesquisa em que diversas entrevistas foram realizadas e concluiu-se que membros de coworking acreditam que seus trabalhos são mais significativos.

Para descobrir onde há espaços de Coworking, sugere-se acessar a seguinte lista.

Fica aqui o desafio: conheçam mais espaços pelo Brasil!

Autora:

Natália Lorena Bertussi é apaixonada por tecnologia, inovação e novos modelos de negócios! Mestre em Administração pela Universidade de Brasília, onde também atuou como professora durante 3 anos. Tem experiência na condução de projetos de desenvolvimento de micro e pequenas empresas e, hoje, é analista da Unidade de Inovação do SEBRAE Nacional, onde faz parte do time de Economia Digital, coordenando projetos de Startups.