A economia é um sistema de interconexões produtivas. Cada produto de um determinado setor econômico necessita de insumos de outros setores, e pode ele mesmo ser insumo. Existem, então, conexões “para frente e para trás”, o que demonstra a capacidade de cada setor em gerar demanda e gerar oferta. A ideia de que os setores estão conectados e simultaneamente demandam e ofertam bens e serviços gerou um razoável esforço dos economistas em buscar quais seriam aqueles setores nevrálgicos capazes de provocar mais efeitos dinâmicos no sistema produtivo.

Na tentativa de entender como as interconexões afetam a produção econômica, a importância relativa de cada setor na economia foi analisada a partir do estudo de coeficientes derivados da matriz insumo-produto. Os conceitos de backward linkage e forward linkage foram concebidos para interpretar como um dado setor se relaciona com o resto da economia, seja demandando insumos, seja viabilizando negócios – são os termos técnicos das conexões “para frente e para trás”.

A intuição do forward linkage não é tão óbvia quanto à do backward linkage. Um exemplo hipotético seria pensar que, para cada $ 1,00 de medicamentos produzidos seriam necessários $ 1,5 em insumos diretos e indiretos como energia e produtos químicos – esse é o backward linkage; no entanto, porquê foi produzido $ 1,00 de medicamentos, $ 2,00 em negócios puderam ocorrer, como novos tratamentos e novos exames. O backward linkage seria a capacidade de arrasto produtiva, enquanto o forward linkage seria a capacidade de indução produtiva.

A conexão entre esses dois conceitos possui rebatimentos sobre um terceiro: produtividade. Vale dizer que a produtividade relaciona a necessidade de insumos com a capacidade de produção, então aumentos de produtividade num setor A poderiam reduzir sua interconexão sobre os setor fornecedor de insumo B, uma vez que backward linkage é o requerimento de insumos sobre o setor B para garantir a produção de $ 1,00 do setor A. O conceito de produtividade inserido no debate do desenvolvimento econômico é limitado porque não se trata simplesmente de se buscar meios de reduzir a necessidade de insumos para dar cabo à produção, mas também do quão relevante para a economia e para a sociedade é o resultado final dessa produção.

Imagine que a Olivetti, nos anos 80, realizava um esforço para aumentar a produtividade de suas fábricas para reduzir a quantidade de insumos – e seus custos – para fabricar suas máquinas de escrever; num belo dia, a IBM chega ao mercado e populariza o computador. Então, o que exatamente significa ser mais produtivo na elaboração de algo cada vez menos relevante? Não vamos confundir as coisas: ser eficiente e produtivo é importante, mas o poder da inovação é insuperável.

A inovação é o cerne do sistema capitalista porque ele transforma o modo como a economia mobiliza bens e serviços na forma de insumos e os transforma em indutores de outras atividades econômicas. O potencial inovador de uma economia sinaliza a capacidade de coordenação produtiva de cada setor, na medida em que traduz não o quão eficientemente um determinado conjunto de insumos é combinado para produzir um produto, mas sim o quão surpreendentemente um determinado conjunto de insumos é combinado para inaugurar novas atividades produtivas ou, no mínimo, induzir a atividade produtiva de outros setores.