Fabricantes de automóveis já são capazes, há muitos anos, de produzir carros capazes de se conectarem a celulares. A diferença que se observa hoje, todavia, é que a conectividade nos carros já deixa de ser um artigo complementar, e passa a ser uma opção demandada como básica até em veículos mais populares. De acordo com a Capgemini, 80% dos consumidores desejam possuir carros com maior conectividade, capazes de fornecer a mesma experiência que possuem em casa ou no trabalho, por meio do celular.
O que os motoristas buscam, portanto, é a chamado experiência contínua (seamless experience) no uso dos celulares em automóveis. Alguns estudos já apontam diversas possibilidades de interação, que vão além de se ter um motorista capaz de fazer ligações pelo painel do carro de forma segura. De acordo com pesquisa da Mckinsey, em 2014, o número de clientes que disseram estar dispostos a mudar para fabricantes que oferecessem melhor conectividade quase dobrou, chegando a 37%.
O termo “carro conectado” significa estar também equipado com uma tecnologia de comunicação que permita o fluxo de dados a partir do carro, sem a necessidade de celular. A comunicação entre o carro e a nuvem de dados seria capaz de fornecer, por exemplo, serviços como a atualização constante da rota com base no tráfego, clima e condições do trajeto e a capacidade de mapear estacionamentos próximos. A conectividade também poderá ocorrer entre veículos para evitar colisões e ajustar a velocidade a acordo com o fluxo da via.
As oportunidades de negócios que se originam desse mercado são imensas. Mais de 30% dos clientes ouvidos pela Capgemigi estão dispostos a pagar uma taxa para ter serviços de conectividade – essa parcela era de 21% no ano anterior. Dados da Mckinsey apontam que os US$ 5,2 trilhões em vendas estimadas de veículos em 2030 têm potencial para geral US$ 1,5 trilhão em receitas vindas de serviços ligados a conectividade.
Fonte: Mckinsey
Consumidores que demandam mais conectividade poderão ser beneficiados por uma gama de serviços desenhados a partir de sensores capazes de monitorar o comportamento do motorista e o desempenho dos veículos – como medição da temperatura do óleo, pressão dos pneus etc– que resultam no oferecimento de serviços de pós-venda cada vez mais personalizados. Ao invés de deixar a cargo do motorista a supervisão sobre o momento correto para revisão, uma mensagem pop-up lançada no painel do carro poderia lembrar o momento certo para realização dos serviços, apresentar a rede de fornecedores capazes de prover esse serviço e até orçamentos online. A Bosch, por exemplo, planeja lançar um sistema de monitoramento para manutenção preventiva, baseada nas informações recebidas do automóvel.
Imagine as possibilidades para uma seguradora de veículos se ela pudesse analisar o perfil do motorista em tempo real, e, a partir dos dados recebidos, fornecer seguros mais adequados a cada perfil de motorista? Empresas americanas como Progressive e State Farm já fornecem esse serviço, com descontos para os que conseguem o selo de “bons motoristas”.
A contrapartida para os fornecedores seria a fidelização na provisão dos serviços, e os benefícios para o cliente vão desde a comodidade na provisão dos serviços ao melhor desempenho do veículo, bem como a manutenção do valor do automóvel (já que revisões e monitoramentos contribuem para uma maior durabilidade do automóvel).
Novas funcionalidades e serviços oferecem oportunidades enormes de negócios para fabricantes de automóveis. Tudo depende da velocidade com que os grandes players de um mercado tão consolidado como o automotivo conseguirão atender às demandas desse consumidor que deseja estar conectado não apenas em casa, ou no trabalho, mas também em seus diversos trajetos.
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