Economia de Serviços

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Automação e o futuro do emprego

Em agosto deste ano, a UBER deu um novo passo em direção à substituição de pessoas por máquinas, com o lançamento do serviço prestado por carros autônomos em Pittsburgh. A novidade ainda está em fase de teste, mas já dá o sabor de como atividades rotineiras estão começando a ser executadas por máquinas inteligentes.

Essa nova realidade indica que tecnologias de automação extrapolam a substituição de mão de obra no ambiente industrial e já alcançam setores de serviços. O resultado desse processo evidencia uma tendência de extinção de diversas profissões tradicionais em diferentes setores da economia.

Pesquisadores de Oxford analisaram a suscetibilidade de empregos à informatização nos Estados Unidos, com o intuito de verificar o impacto sobre o mercado de trabalho da substituição de pessoas por computadores. Com base no estudo, os autores constatam que 47% do emprego total na economia americana encontra-se em situação de alto risco de automação nas próximas duas décadas – isto é, essas vagas apresentam uma probabilidade de computadorisation superior a 70%. O estudo indica, ainda, que os setores mais suscetíveis à automação são produção, serviços e comércio (ver gráfico abaixo).

Gráfico – distribuição do emprego por setor nos Estados Unidos, conforme probabilidade de automação

automacao

Fonte: Frey e Osborne (2013)

O estudo ainda permite verificar quais as áreas mais passíveis de serem automatizadas. Profissões como comerciantes, atendentes de caixa, contadores, auditores, atendentes de telemarketing, taxistas e motoristas de caminhão apresentam probabilidade em torno de 90% de serem automatizadas. E esses são apenas alguns exemplos de empregos que podem sumir em áreas como logística e transporte, atividades de escritório e serviços.

Conforme publicação recente da The Economist, o que determina a vulnerabilidade à automação é o quanto um trabalho pode ser considerado rotineiro. Atualmente, as máquinas são capazes de executar uma variedade de trabalhos manuais, bastando a programação adequada. E o mais surpreendente é que essas máquinas já são capazes de executar tarefas rotineiras mais complexas que exigem alguma capacidade cognitiva.

Na prática, as máquinas inteligentes já são capazes de executar algumas tarefas com qualidade superior a pessoas. O texto da The Economist cita o exemplo de uma máquina de radiografia capaz de escanear pacientes e identificar risco de tumor com grande precisão. Em comparação com radiologistas especializados, a máquina apresentou capacidade de classificação de tumores malignos 50% superior.

Por um lado, a automação é um salto no desenvolvimento, tornando possível a execução de atividades com maior grau de eficiência e precisão, por meio do emprego de tecnologias cada vez mais sofisticadas. Por outro lado, surge uma questão crucial: a automação resultará em maior desemprego?

Ainda não há uma resposta categórica para essa pergunta. Alguns especialistas argumentam que a automação substitui mais trabalhadores do que a capacidade da economia americana gerar novos empregos. Outros especialistas já são mais otimistas e garantem que a automação também abre novas oportunidades para a geração de empregos em áreas associadas ao desenvolvimento de tecnologias. Em outras palavras, o fator humano ainda é necessário para executar tarefas não automatizáveis.

De todo modo, a automação impõe um desafio maior para o mercado de trabalho: o capital humano deve ser cada vez mais habilidoso para que tenha chances de competir por vagas.

Achar uma solução para a equação automação e desemprego é um desafio para economias modernas. E essa solução demanda uma variedade de esforços para que o capital humano desenvolva as habilidades exigidas para acompanhar a nova dinâmica do mercado de trabalho cada vez mais automatizado.

Boletim de Serviços – Outubro de 2016

O Boletim de Serviços de outubro de 2016 está no ar, clique aqui para acessá-lo. Alguns dos destaques:

  • A receita nominal do setor de serviços registrou recuperação de 0,23% em agosto, enquanto o volume de atividades contraiu 4,47%, na comparação anual
  • A inflação acumulada em 12 meses apresentou declínio de 7,67% em julho para 6,93% em agosto
  • Foram fechadas 27.646 vagas no setor de serviços em agosto
  • O déficit da balança de serviços foi de US$ 2,2 bilhões em agosto
  • O IDE em serviços expandiu 121% na comparação anual

Para acessar a metodologia e as séries históricas em excel, acesse: https://economiadeservicos.com/boletim.

volume

Boletim de Serviços – Julho de 2016

O Boletim de Serviços de julho de 2016 está no ar, clique aqui para acessá-lo. Alguns dos destaques:

  • A receita nominal do setor de serviços registrou aumento de 0,48% em abril, enquanto o volume de atividades contraiu 4,53%
  • A inflação acumulada em 12 meses passou de 8,53% em abril para 8,68% em maio
  • Em maio, mais de 92 mil vagas foram encerradas no setor de serviços
  • A balança de serviços segue registrando queda no déficit
  • O IDE em serviços contabilizou contração de 62% na comparação anual

Para acessar a metodologia e as séries históricas em excel, acesse: https://economiadeservicos.com/boletim.

Sem título

Fonte: PMS/IBGE. Elaboração própria.

Boletim de Serviços – Junho de 2016

O Boletim de Serviços de maio de 2016 está no ar, clique aqui para acessá-lo. Alguns dos destaques:

  • A variação negativa da receita nominal do setor de serviços indica dificuldade do setor em compensar a perda de dinamismo por meio do ajuste de preços
  • A inflação acumulada em 12 meses passou de 9,4% em março para 8,5% em abril
  • Entre janeiro e abril, o setor de serviços registrou a redução de mais de 300 mil postos de trabalho
  • A balança de serviços segue registrando um déficit inferior ao dos anos anteriores, liderado pela contração das importações para consumo pessoal
  • O IDE em serviços contabilizou contração de 10,5% na comparação anual

Para acessar a metodologia e as séries históricas em excel, acesse: https://economiadeservicos.com/boletim.

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Fonte: CAGED/MTE. Elaboração própria.

Educação básica: um século de atraso a superar

Em post anterior, abordamos os limites do sistema educacional para preparar os jovens para lidar com as transformações de um mundo que se torna cada vez mais tecnológico e digitalizado. No Brasil, a estória não é diferente.

Segundo dados da CNI de outubro de 2013, a falta de trabalhadores qualificados é um problema para 65% das empresas das indústrias extrativas e de transformação. Este alto percentual é corroborado pelos dados da MangroupPower sobre o tema: de acordo com a instituição, 61% dos empregadores brasileiros reportam dificuldades em contratar trabalhadores com as habilidades demandadas, enquanto a média mundial é de 32%.

Como já dito em post anterior, embora não sejam suficientes, aptidões em disciplinas básicas ainda são cruciais para o desenvolvimento de habilidades demandadas pelo mundo tecnológico. O problema é que o Brasil ainda tem grandes dificuldades a superar em termos de indicadores básicos de educação.

Conforme apresentado no gráfico 1,  a escolaridade média da população brasileira em 2000 estava pouco acima da média de países como Estados Unidos, Canadá e Austrália em 1900 . Isso significa que chegamos aos anos 2000 com um século de atraso no quesito educação na comparação com países desenvolvidos. Mas talvez ainda mais grave seja o efeito cumulativo daquele atraso em áreas como produtividade, inovação, ciências e tecnologia.

Gráfico 1 – Escolaridade média para países selecionadosEscolaridade média

Fonte: OCDE

Os dados para o início do século XXI indicam que o Brasil segue atrasado em indicadores educacionais. Com base nas estimativas de escolaridade média de Barro-Lee para 2015, o Brasil encontra-se muito longe do nível educacional dos países desenvolvidos, tal como mostra o gráfico 2. Enquanto os brasileiros estudam em média 7,7 anos, a média de países como Estados Unidos e Coreia do Sul é de 13,3 anos. Previsões estatísticas de Barro-Lee também sugerem que o Brasil não ultrapasse 10 anos de estudo antes de 2040, permanecendo atrás dos demais países do BRICS.

Além do atraso em relação aos países mais desenvolvidos em termos quantitativos, ainda há o atraso em termos de qualidade. Considerando os resultados do PISA, o Brasil encontra-se entre os últimos colocados dentre os países avaliados pela pesquisa, destacando o fraco desempenho dos jovens em matemática, ciências e leitura (ver gráfico 3).

Esta breve exposição dos gargalos educacionais brasileiros levanta algumas questões cruciais para que o país possa superar os entraves ao desenvolvimento associados às lacunas de habilidades. Indiscutivelmente, não basta expandir a educação sem pensar em qualidade. E qualidade, neste caso, refere-se não apenas à garantia de que os alunos sairão da escola sabendo matemática e português, mas, principalmente, que saibam aplicar o conhecimento adquirido a situações reais.

O Brasil está chegando atrasado à era digital. E a tendência é de que fiquemos cada vez mais para trás se não formos capazes de desenvolver o capital humano necessário para competir no século XXI.

Gráfico 2

Fonte: Barro-Lee (2016).

Gráfico 3

Fonte: PISA.

Lacunas de habilidades: o trabalhador que o mercado do século XXI precisa

Aqui no blog, têm-se discutido os novos desafios da competitividade, que envolvem a tendência de crescente  digitalizaçãomudanças disruptivas no sistema produtivo. Nesse contexto, um ponto crucial reside na demanda cada vez mais intensa por um capital humano capaz de lidar com a dinâmica de um sistema produtivo cada vez mais baseado na tecnologia.

Como consequência, a contratação de trabalhadores se tornou tarefa mais árdua para os empregadores. De acordo com estudo do MangroupPower, cerca de 32% dos empregadores no mundo têm dificuldades em contratar trabalhadores com o talento desejado para as vagas disponíveis (ver gráfico abaixo). No Brasil, esse percentual é de 61%. E o resultado é que muitas dessas vagas permanecem desocupadas.

Gráfico – Percentual de empregadores que enfrentam dificuldades para contratar empregados qualificadosgrafFonte: MangroupPower

A justificativa para esse fenômeno é bem simples: de acordo com a coluna da Harvard Business Review, as novas tecnologias demandam habilidades específicas que não são ensinadas nas escolas e nem o mercado supre. Em meio a constantes avanços tecnológicos, empregadores simplesmente não encontram profissionais capazes de lidar com essas novas tecnologias. É a chamada lacuna de habilidades (ou skills gap, em inglês).

Conforme estudo do World Economic Forum, as economias caminham para um perfil mais criativo, inovador e colaborativo, o que demanda empregos voltados para a solução de problemas e a análise eficiente de informações e dados.

O fato é que o mundo está avançando tecnologicamente mais rápido do que a capacidade de adaptação dos trabalhadores. E, mais do que isso, o tradicional sistema educacional não parece capaz de suprir tais lacunas de habilidades. Isto não significa que o ensino usual de ciências, matemáticas e línguas deixou de ser importante. Certamente, tais conhecimentos ainda são importantes, porém não são suficientes. Tal como proposto pela WEF, é necessário combinar fundamentos teóricos com competências práticas.

Imagem – Habilidades demandas no século 21skills21stFonte: World Economic Forum

Mais do que um problema, as lacunas de habilidades também trazem oportunidade: os trabalhadores que adquirirem mais rapidamente as habilidades demandadas pela nova dinâmica produtiva conseguirão melhores empregos e maiores salários. Mas é preciso ter em conta que parte daquelas habilidades são desenvolvidas no próprio ambiente de trabalho. Logo, há que se desenvolver uma agenda de interesse mútuo entre trabalhadores  e empregadores — aqui reside uma das chaves para a qualificação do capital humano no século XXI.

No fim das contas, o que importa é que o capital humano seja capaz de lidar com o novo, o inexplorado e o incerto. Preparar trabalhadores para a era tecnológica é um processo que demanda esforços que vão desde o maior interesse dos jovens e a reestruturação do modelo educacional tradicional que incite o pensamento crítico e o raciocínio lógico passando pelo planejamento estratégico das empresas para o desenvolvimento das habilidades requeridas para se competir nesta nova era.

A economia da beleza: o setor de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos

Quão importante é o setor de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos para a economia brasileira? Por que o brasileiro gasta tanto com produtos e serviços de higiene e beleza? Esses bens e serviços são considerados, pela população brasileira, uma necessidade básica?

Segundo dados do IBGE, o setor de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos (HPPC) responde por 1,8% do PIB brasileiro. Para se ter uma ideia da importância do Brasil para o setor: o país responde por 2,8% da população mundial e 9,4% do consumo mundial de HPPC. Segundo a Euromonitor International, o Brasil é o terceiro maior mercado consumidor do setor, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da China, com 16,5% e 10,3% do consumo mundial respectivamente, conforme gráfico 1.

Gráfico 1. Participação no Mercado Consumidor Global de HPPC – 15 maiores mercados

GRAFICO1

Fonte: Euromonitor International, 2016

Segundo a ABIHPEC (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos), os produtos de HPPC mais consumidos no mundo são desodorantes, fragrâncias e protetores solares. Os produtos para cabelos e banho se encontram em segundo lugar no ranking de produtos mais consumidos no mundo (sim, banho em segundo lugar!).

Pela importância do setor no Brasil, o Sebrae, a ABDI e a ABIHPEC criaram um Portal de Inovação em HPPC, com o objetivo de estimular as empresas do ramo, por meio de informações estratégicas sobre tendências e tecnologias. O portal disponibiliza, também, informações sobre uma rede de laboratórios, pesquisadores e prestadores de serviços tecnológicos voltados para o segmento, com o intuito de estimular a inovação no setor.

De acordo com dados da ABIHPEC, entre 1994 e 2014, o número de empregos no setor cresceu 5 vezes mais do que a média da economia brasileira, principalmente na área de venda direta (normalmente, vendedores porta-a-porta). No período, o número de postos de trabalho de venda direta aumentou cerca de 750%. No mesmo período, as franquias do setor aumentaram 1825%.

A maioria das empresas de HPPC encontra-se no Sudeste do país, que concentra 61% do total de negócios do setor. Em seguida, vêm a região Sul, com 19%, e o Nordeste, com 10%, conforme gráfico 2.

Gráfico 2 – Distribuição das Empresas de HPPC por Região em 2015

GRAFICO2

Fonte: ABIHPEC, 2016

A ABIHPEC atribui os seguintes fatores como causas do crescimento do setor até 2014:

  • acesso das Classes D e E aos produtos do setor, em decorrência do aumento da renda observado até então;
  • aumento da classe C, que passou a consumir produtos de beleza mais caros e sofisticados;
  • participação crescente da mulher no mercado de trabalho;
  • maior utilização de tecnologia de ponta, o que fez com que os preços do setor permanecessem competitivos;
  • lançamento constante de novos produtos, que visaram atender melhor às demandas do consumidor;
  • aumento da expectativa de vida da população, o que aumenta a demanda por cosméticos voltados para a terceira idade.

Buscando responder os questionamentos feitos no início do texto, pela participação do país no consumo mundial e pelo seu rápido crescimento no emprego, o setor de HPPC parece ser um importante segmento da economia. Mais do que uma necessidade básica da população, o crescimento do setor parece refletir uma mudança demográfica, econômica e cultural pela qual a população brasileira vem passando ao longo do tempo. A queda no rendimento real e o aumento do desemprego, observados desde 2015, serão um importante teste de resiliência para o setor.

Boletim de Serviços – Abril de 2016

O Boletim de Serviços de abril de 2016 está no ar, clique aqui para acessá-lo. Alguns dos destaques:

  • O índice de receita nominal do setor de serviços manteve-se estável na comparação anual, enquanto o índice de volume teve variação negativa superior a 5,1% no mesmo período
  • A eliminação de vagas no setor de serviços em fevereiro de 2016 foi 43 vezes o valor registrado no mesmo mês do ano anterior
  • A inflação anual de serviços desacelerou para 11,91%
  • O aumento das exportações de serviços e a redução das importações levaram à redução do déficit da balança comercial do setor em dezembro

Abr16

 

Para acessar versões antigas e a série histórica em excel, clique aqui.

Boletim de Serviços – Março de 2016

O Boletim de Serviços de março de 2016 está no ar, clique aqui para acessá-lo. Alguns dos destaques:

  • O índice de receita nominal do setor de serviços teve redução de 0,36% na comparação anual. Já o índice de volume teve variação negativa superior a 5% na comparação anual
  • A tendência de eliminação de vagas no setor de serviços continua em 2016: em janeiro mais de 88,6 mil postos foram encerrados
  • A inflação anual de serviços ficou abaixo dos 13% em janeiro
  • A balança comercial de serviços registrou um déficit 50% menor do que o registrado no mesmo mês do ano anterior.

Volume

Para maiores detalhes, acesse o último número do Boletim de Serviços e consulte as séries históricas no endereço https://economiadeservicos.com/boletim/.

Boletim de Serviços – Fevereiro de 2016

Destaques do mês:

  • O índice de receita nominal do setor de serviços teve redução de 2,1% na comparação mensal e de 0,8% na anual. Já o índice de volume teve variação negativa superior a 6% na comparação anual
  • A eliminação de vagas no setor de serviços ultrapassou a um milhão em 2015
  • A inflação anual de serviços ficou acima dos 13% em 2015
  • O aumento das exportações de serviços e a redução das importações levaram à redução do déficit da balança comercial do setor em dezembro
  • O investimento direto estrangeiro nos serviços aumentou 50% na comparação anual

Para maiores detalhes, acesse o último número do Boletim de Serviços e consulte as séries históricas no endereço https://economiadeservicos.com/boletim/.

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