Economia de Serviços

um espaço para debate

Author: Anaely Machado (page 4 of 4)

O Potencial dos Serviços em Nuvem

Em post anterior, foi discutida a rápida expansão recente da Cloud Computing, possibilitando o armazenamento e compartilhamento de informações e softwares via rede. Tal movimento é uma clara resposta à demanda cada vez maior por serviços mais eficientes e de menor custo de tecnologia da informação (TI).

Em pesquisa recente promovida pela KPMG, 49% dos empresários entrevistados reportaram que a nuvem contribui para a transformação do ambiente empresarial por meio de ganhos de eficiência.   Cerca de 70% dos entrevistados apontaram que a migração de parte dos negócios para a nuvem tem contribuído para melhorar a performance das empresas, automatizar serviços, reduzir custos e acessar novas soluções.

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Fonte: 2014 Cloud Survey Report/KPMG.

A ideia por trás do aumento da produtividade das empresas via adoção de serviços em nuvem é bem simples: enquanto no modelo tradicional de TI é necessário um alto investimento em infraestrutura tecnológica, softwares e contratação de pessoal – em que parte dos recursos se torna rapidamente obsoleta ou subutilizada -, a cloud permite o acesso instantâneo aos mesmos serviços de forma compartilhada e com menor custo. A manutenção, a segurança dos dados e a modernização dos recursos ficam a cargo do prestador do serviço (o “dono” da nuvem), tornando a terceirização das atividades de TI muito mais atraentes. Assim, a migração de parte dos processos dos negócios para a nuvem libera recursos humanos e financeiros para as atividades principais das empresas, tornando-as mais produtivas.

Por outro lado, companhias como Amazon.com, Google e Microsoft têm encontrado nichos de mercado promissores, obtendo receitas significativas com a oferta de soluções tecnológicas no modelo de Cloud Computing. Conforme apontado em artigo da Bloomberg, somente a divisão Amazon Web Services, responsável pelos serviços em nuvem da Amazon, obteve uma receita de US$2,09 bilhões no terceiro trimestre de 2015, o que representa um aumento de 78% em um ano.  Em contrapartida, companhias como IBM, HP, EMC, Oracle, dentre outras vêm apresentando desempenho negativo. A justificativa para tal fato é que produtos e serviços tipicamente comprados dessas companhias por grandes empresas estão sendo substituídos por soluções de menor custo disponíveis na nuvem.

Tal cenário indica a tendência de as empresas aderirem cada vez mais soluções na nuvem como meio para potencializar a sua produtividade, enquanto os grandes provedores desse tipo de serviço ganham força no mercado de tecnologia da informação. Ao mesmo tempo, sobram questionamentos sobre o sigilo dos dados armazenados na nuvem, o que representa uma das principais preocupações para as empresas e um grande desafio para as autoridades quanto à regulação de um modelo de negócios operado via rede e de amplitude internacional.

 

Boletim de Serviços – Outubro de 2015

Os indicadores econômicos de agosto confirmaram a tendência de desaquecimento do setor de serviços. Os serviços de maior valor agregado e os que desempenham função importante no consumo intermediário das empresas apresentaram especial desaceleração da receita nominal e do investimento direto estrangeiro. O déficit comercial de serviços segue diminuindo e a inflação de serviços continua avançando mais que o índice geral de preços (ver gráfico abaixo).

inflação

Fonte: IBGE e Bacen. Elaboração própria.

Para maiores detalhes, acesse o último número do Boletim de Serviços e as séries históricas atualizadas.

O que a indústria tem a ver com a competitividade dos serviços?

Em post anterior, foi discutida a importância da sofisticação e incorporação dos serviços em produtos como fonte de competitividade na indústria. Em linha com essa argumentação, é possível inverter a análise e discutir a importância da indústria para o desenvolvimento de um setor de serviços maiscompetitivo.

O gráfico abaixo apresenta a participação dos serviços profissionais no consumo intermediário da indústria de transformação e o volume de exportações de serviços. Em termos absolutos, é possível notar que países com maior consumo intermediário de serviços por parte da indústria têm, em geral, maior participação nas exportações de serviços. O caso da indústria americana é especialmente contundente: além de apresentar o maior consumo intermediário de serviços profissionais na indústria de transformação (em valores absolutos), os Estados Unidos apresentam o maior volume de exportações.

gráfico

Fonte: WIOD e OECD. Elaboração própria.

O consumo de serviços pela indústria tem consequências importantes para o tipo de estrutura econômica que se desenvolve, já que a demanda por serviços mais modernos e com maior teor tecnológicoimpulsiona o crescimento dessas atividades.

Um exemplo disso é o desenvolvimento da indústria 4.0, caracterizada pela internet das coisas, que demandará uma nova gama de serviços na área de tecnologia da informação.

O debate incita ainda uma questão crucial: seria possível desenvolver um setor de serviços competitivo sem passar pelo desenvolvimento da própria indústria? Esse tipo de questionamento é ainda mais relevante em economias que passaram por processo de desindustrialização precoce. Vários autores discutem, por um lado, os entraves para o crescimento decorrentes desse processo e, por outro, as potencialidades do crescimento liderado pelos serviços (Rodrik, 2015; Dadush, 2015).

No entanto, o ponto mais significativo nessa discussão parece ser o apontado pela Comissão Europeia, que defende que o setor de serviços terá um papel importante na reindustrialização da Europa ao possibilitar a fabricação de novos produtos industriais resultantes da incorporação de serviços mais produtivos e inovativos. Nesse sentido, a demanda industrial teria um papel chave no desenvolvimento de um setor de serviços mais competitivo.

Essa discussão tem implicações cruciais para as políticas econômicas de longo prazo. Fica cada vez mais claro que será necessária maior coordenação entre as estratégias competitivas da indústria e do setor de serviços.

Lançamento do Boletim de Serviços

Prezado(a)s,

Temos a satisfação de anunciar o lançamento do Boletim de Serviços, de periodicidade mensal. Inicialmente, acompanharemos indicadores do setor de serviços nas áreas de produção, emprego, preços, comércio internacional e investimento direto estrangeiro.

Uma inovação trazida pelo Boletim é a produção e divulgação dos indicadores acima de acordo com diferentes classificações de serviços. Além da classificação convencional de serviços modernos e tradicionais, os indicadores também foram recalculados de acordo com o destino (consumo final e insumos para empresas), função (serviços de custos e serviços de agregação de valor e diferenciação de produtos) e de acordo com a classificação da OCDE (serviços comerciais profissionais e serviços tradicionais).

O Boletim, a série histórica dos dados em excel e a Nota Técnica sobre as classificações utilizadas estão disponíveis na página: https://economiadeservicos.com/boletim

Comentários e sugestões ao Boletim são muito bem-vindos.

Esperamos que o Boletim lhe seja útil e aproveitamos para convidá-lo(a) a seguir o nosso Blog.

Abraço da Equipe do Blog Economia de Serviços

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Investimento Estrangeiro Direto em Serviços

A crescente importância do setor de serviços também pode ser notada a partir de dados do Banco Central sobre o investimento estrangeiro direto (IED), apresentados no gráfico seguinte. A série histórica sugere que, a partir de 2010, o setor de serviços desponta como o mais atrativo para os ingressos de investimento no país, alcançado participação de 43,8% no IED total.

Investimento Estrangeiro Direto por Setor (em U$S milhões)

Ggráfico 1Fonte: Banco Central. Elaboração própria.

Os gráficos abaixo permitem analisar a distribuição do IED em serviços, a partir da organização dos dados por tipo de atividades, conforme classificações* descrita ao final do post. Com isso, é possível notar que os recursos são destinados, em geral, a serviços prestados a empresas (de acordo com a classificação por destino), com destaque para o aumento do investimento nos chamados Professional Business Services (conforme classificação proposta pela OCDE). Tal resultado reflete o aumento da demanda das empresas por serviços, tornando atividades profissionais utilizadas como insumo para a produção mais atrativas para o investimento estrangeiro.

Por outro lado, chama atenção o fato de que o investimento em serviços de valor (conforme classificação por função) e serviços modernos (pela classificação por padrão tecnológico) tiveram o maior crescimento no período de 2010 a 2014, dentre as possíveis categorizações. Assim, embora o IED seja alocado, em média, em maior volume em atividades tradicionais e de custo, há indícios de que os serviços que geram maior valor agregado e com maior grau tecnológico estejam despontando como setores de grande potencial no futuro.

Considerando os dados do IED para o período de janeiro a julho de 2015, apura-se uma queda substancial do montante investido em serviços em relação ao mesmo período do ano anterior (variação negativa de 23%). Dada a relevância do setor para a economia, a queda no investimento pode criar barreiras ainda maiores para a retomada do crescimento.

Distribuição do IED em Serviços (em U$S milhões)

Gráfico 2Fonte: Banco Central. Elaboração própria.

* As classificações dos serviços são descritas na tabela a seguir:

Classificação Descrição
Por destino (classificação usual)   i.   Serviços de consumo final: incluem serviços consumidos pelas famílias

ii.   Serviços para as empresas: abrange serviços utilizados no processo produtivo

Por padrão tecnológico (Eichengreen e Gupta, 2013) iii.   Serviços modernos: intermediação financeira e seguros; serviços de informação; serviços prestados às empresas; serviços imobiliários e aluguel

iv.   Serviços tradicionais: comércio; transporte, armazenagem e correio; administração pública, saúde e educação pública; outros serviços

Por função (Arbache, 2014)  v.   Serviços de custo: infraestrutura, logística, transportes, armazenagem, reparos e manutenção, serviços de terceirização, viagens, acomodação distribuição, etc

vi.   Serviços de agregação de valor: P&D, design, projetos de engenharia, serviços técnicos especializados, serviços sofisticados de TI, softwares customizados, branding, marketing, etc

Pela OCDE vii.   Professional Business Services: correios e telecomunicações, intermediação financeira, atividades imobiliárias comerciais, aluguel de máquinas e equipamentos, TI e atividades correlatas, P&D e outras atividades comerciais

viii.   Traditional Services: demais atividades de serviços

Cloud Computing: a nova face dos serviços de TI

A necessidade de armazenar e compartilhar rapidamente um grande volume de informações e softwares contribuiu para a explosão da computação em nuvem (ou cloud computing, na expressão em inglês).

Conforme o National Institute of Standards and Technology (NIST), a cloud computing pode ser definida como um modelo de acesso a rede que permite o compartilhamento de recursos computacionais. Dentre as características centrais desse modelo estão o rápido e fácil acesso ao conteúdo armazenado na nuvem a partir de qualquer lugar e de qualquer dispositivo com acesso à internet.

É nesse ambiente que a comercialização de serviços em nuvem ganha força. Basicamente, torna-se possível utilizar softwares e infraestrutura de rede para executar programas, armazenar informações, dentre outras funcionalidades, sem a necessidade de aquisição de licenças individuais, hardwares, servidores, etc. Em outras palavras, é como se o usuário alugasse o uso do recurso via rede.

Um ponto fundamental nessa temática é o ganho econômico com o uso de serviços em nuvem. Um estudo conduzido pela International Data Corporation (IDC) sobre a adoção desses serviços por empresas europeias mostrou que o uso da nuvem contribui para redução de custos com TI, maior produtividade, flexibilidade do trabalho e possibilidade de expansão para novas localidades. Não obstante, a Comissão Europeia levantou a bandeira em prol do desenvolvimento da cloud computing e sua adoção nos diversos setores da economia como estratégia para o aumento da produtividade.

As potencialidades desse modelo se refletem na rápida expansão da “nuvem”. Estimativas da IDC indicam que só em 2015 o gasto com infraestrutura de TI em nuvem crescerá 26,5%, alcançando 33,4 bilhões de dólares. Como resultado, espera-se que 76% do tráfego de data center seja realizado na nuvem até 2018 – em 2013, esse percentual era de 54%, de acordo com The Cisco Global Cloud Index (GCI). No Brasil, estima-se que dois terços das empresas investirão em cloud services em 2015, segundo pesquisa realizada pela consultoria Frost & Sullivan.

Ainda sobra espaço para muitas discussões em torno da cloud computing ao redor do mundo. Desafios como a segurança da informação e aspectos regulatórios que transcendem as fronteiras de um país são cruciais para que o modelo funcione e se dissemine ainda mais nos diversos setores produtivos.

Redução de vagas nos serviços aumentará taxa de desemprego

Nos últimos anos, vem ocorrendo uma clara mudança na dinâmica de criação de empregos no país, conforme apresentado no gráfico abaixo. A rápida verificação do movimento de trabalhadores admitidos menos os desligados indica que, a partir de 2010, o saldo de emprego passou a ser cada vez menor. Apesar disso, a geração de vagas ainda foi suficiente para reduzir a taxa de desemprego, que alcançou a taxa mínima histórica em dezembro de 2014 (4,3%).

A situação mudou quando a economia perdeu capacidade de gerar saldos positivos de postos de trabalho. Em um primeiro momento, foi o setor industrial que apresentou indícios da dificuldade de manter o nível de emprego, registrando saldo negativo ao final de 2014. No entanto, ainda assim a taxa de desemprego se manteve baixa em razão da geração de empregos no setor de serviços, que compensou a redução das vagas na indústria.

Mas, em 2015, essa compensação deixa de acontecer. Dados de janeiro a junho mostram que o setor de serviços já acumula saldo negativo de quase 157 mil postos de trabalho. Com isto, o setor que mais gerava vagas no país mudou de tendência, evidenciando um potencial aumento do desemprego nos próximos meses.

Dinâmica do Emprego

Gráfico emprego

Fonte: PME/IBGE e CAGED/MTE. Elaboração própria.

Inovação e Serviços Intensivos em Conhecimento

O debate sobre crescimento e competitividade tem dado importância cada vez maior para a inovação com o intuito de explicar o desenvolvimento de atividades de alto valor adicionado, o que tem levado à discussão de formas de se impulsionar o processo inovativo.

Nesse contexto, surge uma nova concepção acerca do papel dos serviços no processo de inovação tecnológica. Mais especificamente, ganham relevância na discussão os Serviços Intensivos em Conhecimento (SIC). Conforme definição da OECD (2006), os SIC são fontes ou portadores de conhecimento que influenciam a performance individual de organizações e de cadeias de valor. Dentro dessa classificação, destacam-se serviços relacionados com as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) e Pesquisa e Desenvolvimento (P&D).

Por aqui, há evidências da baixa competitividade na oferta desses serviços. O gráfico abaixo mostra déficit elevado e crescente da balança comercial do item de Serviços de Comunicação e Informação, o que indica aumento da dependência brasileira de importações para suprir a demanda dos serviços que compõem o conjunto dos SIC.

Em um cenário de baixo crescimento e câmbio desfavorável, o custo relativo dos SIC aumenta significativamente, impondo barreiras para a inovação no setor produtivo. Dentre os desafios que temos nesta área estão os de incorporar mais e melhores SIC no processo produtivo e o de ampliar e tornar mais competitiva a oferta nacional desses serviços.

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