Economia de Serviços

um espaço para debate

Author: Anaely Machado (page 2 of 4)

O que o Pokémon Go pode nos ensinar sobre realidade virtual e realidade aumentada?

Desde o início de julho, o lançamento do Pokémon Go pela Nintendo tem movimentado notícias sobre o sucesso do aplicativo.  O jogo, que está disponível para smartphones em 38 países, consiste em um universo em que o usuário deve capturar criaturas virtuais – os pokémons. A localização de tais criaturas é o grande diferencial: elas estão no mundo real e podem ser vistas através da tela do celular. Basta que o usuário ative o GPS do aparelho para que seja possível identificar pokémons próximos à sua localização.

O sucesso do Pokémon Go refletiu no rápido crescimento do valor de mercado da Nintendo Co. logo após o lançamento do app. Mesmo com a declaração de que os lucros com o aplicativo seriam limitados – o que levou a queda das ações da companhia na segunda-feira –, estima-se que as ações da Nintendo Co. estão 60% acima do valor registrado no período anterior ao lançamento do jogo, o que representa um acréscimo de quase US$ 12 bilhões ao valor de mercado da companhia.

Além disso, o aplicativo registrou recordes em downloads. Somente entre os celulares iPhones, o aplicativo contabilizou mais downloads em uma semana do que qualquer outro aplicativo na história.

Um ponto crucial para entender o sucesso do aplicativo reside na diferenciação entre os conceitos de realidade virtual (RV) e realidade aumentada (RA): enquanto a RV trata de um mundo completamente novo, a RA apresenta o mundo real com “melhorias”. Nesse sentido, ao permitir que os jogadores vivenciem o jogo no mundo real, o Pokémon Go extrapola o conceito de RV e incorpora o de RA: isto é, o jogo combina elementos virtuais com o ambiente real de forma interativa e com atualizações quase instantâneas, utilizando uma tecnologia de mapeamento que possibilita a inserção de criaturas virtuais em ambientes reais.

Na verdade, o aplicativo é só mais um exemplo de como a RV e a RA  podem ser incorporadas ao cotidiano das pessoas e trazer ganhos em diversos setores. Na saúde, é possível citar tecnologias de mapeamento cerebral, que permitem a visualização precisa do órgão pelo médico durante uma cirurgia. Por outro lado, em setores como a manufatura, a RV e a RA são utilizadas para o desenvolvimento e o design de produtos, aprimoramentos do processo produtivo, acompanhamento e manutenção de equipamentos, colaboração remota, dentre outras funcionalidades.  E essas são apenas algumas potenciais aplicações da realidade virtual e da realidade aumentada.

Segundo a Statista,  o emprego de softwares associados a esse tipo de tecnologia no dia-a-dia do consumidor e em atividades empresariais e do setor público poderá trazer retornos bilionários no futuro (ver infográfico abaixo).

Imagem – Previsão do tamanho do mercado de realidade virtual (RV) e realidade aumentada (RA) em diferentes setores em 2025

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Fonte: Statista.

Por outro lado, esse tipo de tecnologia demanda uma série de outras tecnologias, como smartphones com maior capacidade de armazenamento, baterias com maior durabilidade, acesso à Internet de qualidade, conectividade entre equipamentos, etc. Em outras palavras, os avanços na área têm o potencial de revolucionar os setores associados à tecnologia digital, como a computação e as indústrias de rede.

O Pokémon Go é apenas um exemplo da virtualização do mundo real. O maior desafio será incorporar tecnologias similares para aumentar o bem-estar da população e tornar economias mais competitivas.

Boletim de Serviços – Julho de 2016

O Boletim de Serviços de julho de 2016 está no ar, clique aqui para acessá-lo. Alguns dos destaques:

  • A receita nominal do setor de serviços registrou aumento de 0,48% em abril, enquanto o volume de atividades contraiu 4,53%
  • A inflação acumulada em 12 meses passou de 8,53% em abril para 8,68% em maio
  • Em maio, mais de 92 mil vagas foram encerradas no setor de serviços
  • A balança de serviços segue registrando queda no déficit
  • O IDE em serviços contabilizou contração de 62% na comparação anual

Para acessar a metodologia e as séries históricas em excel, acesse: https://economiadeservicos.com/boletim.

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Fonte: PMS/IBGE. Elaboração própria.

Desafios do setor de mídia e entretenimento na era tecnológica

Até o século XX, a importância econômica do setor de mídia e entretenimento estava associada ao desenvolvimento de tecnologias como impressão, rádio e TV que permitissem a proliferação de informação. No século XXI, a digitalização traz uma nova dinâmica nesse mercado em que a Internet, as redes sociais e o serviços over-the-top (OTT) passam a substituir o modelo tradicional.

Com o advento de novas tecnologias e a expansão da digitalização, a indústria de mídia e entretenimento global vem sendo desafiada a encontrar soluções eficientes para sustentar seu crescimento. Segundo a PwC, esse setor – avaliado em cerca de US$ 1,7 trilhões atualmente – crescerá a taxas cada vez menores, ficando abaixo da taxa de crescimento do PIB global nos próximos anos (ver gráfico abaixo).

Gráfico 1 – Taxas de crescimento do setor de mídia e entretenimento e do PIB no mundo

Crescimento

Fonte: PwC

Por setores, é possível notar que há uma mudança na composição. Por grupos, o gasto global indica uma transição de gastos com vídeos de publicidade para gastos em negócios associados à Internet (gráfico à esquerda abaixo). Ao mesmo tempo, o gasto do consumidor continuará forte, enquanto o gasto com propaganda concorrerá com o gasto com Internet (gráfico à direita). Isso tudo significa que o setor de mídia e entretenimento deverá incorporar cada vez mais estratégias de negócios da economia digital, enquanto o modelo tradicional perderá força.

Gráficos 2 e 3 – Composição da indústria de mídia e entretenimento e crescimento por setor e por modelo de negócios

composição

Fonte: PwC

Alguns fatores-chave que impulsionarão essa nova tendência da indústria digital envolvem a expansão e a redução do custo da Internet banda-larga e a consolidação de dispositivos móveis como plataforma digital – de acordo com publicação da McKinsey sobre o tema. Nessa nova conjuntura, mídias tradicionais como jornais e revistas impressos, a televisão e o rádio são gradativamente substituídos por versões digitais e serviços on-line.

Isto significa que a Internet concretiza um canal de interação mais direta entre os produtores de mídia e entretenimento e o consumidor. Por outro lado, essa nova dinâmica demanda tecnologias mais sofisticadas que englobem melhorias nos serviços de acesso a rede e dispositivos físicos que comportem os novos recursos midiáticos e de entretenimento. Entender tal processo é um passo fundamental para a sobrevivência de empresas no setor.

Boletim de Serviços – Junho de 2016

O Boletim de Serviços de maio de 2016 está no ar, clique aqui para acessá-lo. Alguns dos destaques:

  • A variação negativa da receita nominal do setor de serviços indica dificuldade do setor em compensar a perda de dinamismo por meio do ajuste de preços
  • A inflação acumulada em 12 meses passou de 9,4% em março para 8,5% em abril
  • Entre janeiro e abril, o setor de serviços registrou a redução de mais de 300 mil postos de trabalho
  • A balança de serviços segue registrando um déficit inferior ao dos anos anteriores, liderado pela contração das importações para consumo pessoal
  • O IDE em serviços contabilizou contração de 10,5% na comparação anual

Para acessar a metodologia e as séries históricas em excel, acesse: https://economiadeservicos.com/boletim.

grafico

Fonte: CAGED/MTE. Elaboração própria.

Educação básica: um século de atraso a superar

Em post anterior, abordamos os limites do sistema educacional para preparar os jovens para lidar com as transformações de um mundo que se torna cada vez mais tecnológico e digitalizado. No Brasil, a estória não é diferente.

Segundo dados da CNI de outubro de 2013, a falta de trabalhadores qualificados é um problema para 65% das empresas das indústrias extrativas e de transformação. Este alto percentual é corroborado pelos dados da MangroupPower sobre o tema: de acordo com a instituição, 61% dos empregadores brasileiros reportam dificuldades em contratar trabalhadores com as habilidades demandadas, enquanto a média mundial é de 32%.

Como já dito em post anterior, embora não sejam suficientes, aptidões em disciplinas básicas ainda são cruciais para o desenvolvimento de habilidades demandadas pelo mundo tecnológico. O problema é que o Brasil ainda tem grandes dificuldades a superar em termos de indicadores básicos de educação.

Conforme apresentado no gráfico 1,  a escolaridade média da população brasileira em 2000 estava pouco acima da média de países como Estados Unidos, Canadá e Austrália em 1900 . Isso significa que chegamos aos anos 2000 com um século de atraso no quesito educação na comparação com países desenvolvidos. Mas talvez ainda mais grave seja o efeito cumulativo daquele atraso em áreas como produtividade, inovação, ciências e tecnologia.

Gráfico 1 – Escolaridade média para países selecionadosEscolaridade média

Fonte: OCDE

Os dados para o início do século XXI indicam que o Brasil segue atrasado em indicadores educacionais. Com base nas estimativas de escolaridade média de Barro-Lee para 2015, o Brasil encontra-se muito longe do nível educacional dos países desenvolvidos, tal como mostra o gráfico 2. Enquanto os brasileiros estudam em média 7,7 anos, a média de países como Estados Unidos e Coreia do Sul é de 13,3 anos. Previsões estatísticas de Barro-Lee também sugerem que o Brasil não ultrapasse 10 anos de estudo antes de 2040, permanecendo atrás dos demais países do BRICS.

Além do atraso em relação aos países mais desenvolvidos em termos quantitativos, ainda há o atraso em termos de qualidade. Considerando os resultados do PISA, o Brasil encontra-se entre os últimos colocados dentre os países avaliados pela pesquisa, destacando o fraco desempenho dos jovens em matemática, ciências e leitura (ver gráfico 3).

Esta breve exposição dos gargalos educacionais brasileiros levanta algumas questões cruciais para que o país possa superar os entraves ao desenvolvimento associados às lacunas de habilidades. Indiscutivelmente, não basta expandir a educação sem pensar em qualidade. E qualidade, neste caso, refere-se não apenas à garantia de que os alunos sairão da escola sabendo matemática e português, mas, principalmente, que saibam aplicar o conhecimento adquirido a situações reais.

O Brasil está chegando atrasado à era digital. E a tendência é de que fiquemos cada vez mais para trás se não formos capazes de desenvolver o capital humano necessário para competir no século XXI.

Gráfico 2

Fonte: Barro-Lee (2016).

Gráfico 3

Fonte: PISA.

Boletim de Serviços – Maio de 2016

O Boletim de Serviços de maio de 2016 está no ar, clique aqui para acessá-lo. Alguns dos destaques:

  • A receita nominal do setor de serviços subiu 2%, enquanto o volume de atividades teve redução de quase 4%, em fevereiro
  • Em março, a inflação anual de serviços desacelerou para 9,4%
  • O setor registrou o fechamento de 83,3 mil postos de trabalho em março
  • A balança de serviços segue registrando um déficit inferior ao dos anos anteriores, liderado pela contração das importações
  • O investimento direto estrangeiro em serviços aumentou 5,4% na comparação anual

Para acessar a metodologia e as séries históricas em excel, acesse: https://economiadeservicos.com/boletim 

Sem título

Lacunas de habilidades: o trabalhador que o mercado do século XXI precisa

Aqui no blog, têm-se discutido os novos desafios da competitividade, que envolvem a tendência de crescente  digitalizaçãomudanças disruptivas no sistema produtivo. Nesse contexto, um ponto crucial reside na demanda cada vez mais intensa por um capital humano capaz de lidar com a dinâmica de um sistema produtivo cada vez mais baseado na tecnologia.

Como consequência, a contratação de trabalhadores se tornou tarefa mais árdua para os empregadores. De acordo com estudo do MangroupPower, cerca de 32% dos empregadores no mundo têm dificuldades em contratar trabalhadores com o talento desejado para as vagas disponíveis (ver gráfico abaixo). No Brasil, esse percentual é de 61%. E o resultado é que muitas dessas vagas permanecem desocupadas.

Gráfico – Percentual de empregadores que enfrentam dificuldades para contratar empregados qualificadosgrafFonte: MangroupPower

A justificativa para esse fenômeno é bem simples: de acordo com a coluna da Harvard Business Review, as novas tecnologias demandam habilidades específicas que não são ensinadas nas escolas e nem o mercado supre. Em meio a constantes avanços tecnológicos, empregadores simplesmente não encontram profissionais capazes de lidar com essas novas tecnologias. É a chamada lacuna de habilidades (ou skills gap, em inglês).

Conforme estudo do World Economic Forum, as economias caminham para um perfil mais criativo, inovador e colaborativo, o que demanda empregos voltados para a solução de problemas e a análise eficiente de informações e dados.

O fato é que o mundo está avançando tecnologicamente mais rápido do que a capacidade de adaptação dos trabalhadores. E, mais do que isso, o tradicional sistema educacional não parece capaz de suprir tais lacunas de habilidades. Isto não significa que o ensino usual de ciências, matemáticas e línguas deixou de ser importante. Certamente, tais conhecimentos ainda são importantes, porém não são suficientes. Tal como proposto pela WEF, é necessário combinar fundamentos teóricos com competências práticas.

Imagem – Habilidades demandas no século 21skills21stFonte: World Economic Forum

Mais do que um problema, as lacunas de habilidades também trazem oportunidade: os trabalhadores que adquirirem mais rapidamente as habilidades demandadas pela nova dinâmica produtiva conseguirão melhores empregos e maiores salários. Mas é preciso ter em conta que parte daquelas habilidades são desenvolvidas no próprio ambiente de trabalho. Logo, há que se desenvolver uma agenda de interesse mútuo entre trabalhadores  e empregadores — aqui reside uma das chaves para a qualificação do capital humano no século XXI.

No fim das contas, o que importa é que o capital humano seja capaz de lidar com o novo, o inexplorado e o incerto. Preparar trabalhadores para a era tecnológica é um processo que demanda esforços que vão desde o maior interesse dos jovens e a reestruturação do modelo educacional tradicional que incite o pensamento crítico e o raciocínio lógico passando pelo planejamento estratégico das empresas para o desenvolvimento das habilidades requeridas para se competir nesta nova era.

Boletim de Serviços – Abril de 2016

O Boletim de Serviços de abril de 2016 está no ar, clique aqui para acessá-lo. Alguns dos destaques:

  • O índice de receita nominal do setor de serviços manteve-se estável na comparação anual, enquanto o índice de volume teve variação negativa superior a 5,1% no mesmo período
  • A eliminação de vagas no setor de serviços em fevereiro de 2016 foi 43 vezes o valor registrado no mesmo mês do ano anterior
  • A inflação anual de serviços desacelerou para 11,91%
  • O aumento das exportações de serviços e a redução das importações levaram à redução do déficit da balança comercial do setor em dezembro

Abr16

 

Para acessar versões antigas e a série histórica em excel, clique aqui.

Internet das Coisas: dispositivos conectados

Que o mundo está cada vez mais conectado não é novidade. Basta um olhar sobre o aumento do fluxo internacional de dados para ter certeza que o futuro envolve o uso de tecnologias que permitem o compartilhamento imediato de informações. Para além disso, a expansão da rede vem abrindo portas para a chamada Internet das Coisas (ou Internet of Things – IoT, na sigla em inglês), que possibilita o acesso imediato não apenas à informação, mas também a dispositivos em qualquer lugar do planeta.

De acordo com a International Telecommunication Union (ITU), a Internet das Coisas pode ser entendida como uma infraestrutura global, envolvendo tecnologias de informação e comunicação, que viabiliza serviços avançados por meio da interconexão de “coisas”. Em outras palavras, IoT refere-se à capacidade de conectar dispositivos de todos os tipos.

Essencialmente, a Internet das Coisas torna possível o desenvolvimento de sistemas inteligentes. Qualquer tipo de sistema. Casas, carros, fábricas, cidades.

Um dia típico de um cidadão que vive em um sistema inteligente é acordar com um despertador que envia um comando para que a cafeteira inicie o preparo de seu café. Esse mesmo cidadão se desloca para o trabalho em um veículo que não precisa de um motorista e trabalha em uma fábrica cujas máquinas funcionam sozinhas e são acionadas com apenas um clique (a distância, claro). Enquanto isso, o relógio desse cidadão monitora sua frequência cardíaca e envia relatórios instantâneos para o computador de seu cardiologista.

Nenhuma dessas tecnologias é novidade. Eletrodomésticos conectados, carros inteligentes e manufatura digital já são uma realidade. E todas elas são parte do que chamamos de Internet das Coisas.

Segundo estimativas da Accenture, com base em dados para 20 países, a IoT adicionará US$ 14 trilhões à economia global até 2030, o que representará um crescimento de 1,5% do PIB real mundial. Os dados são ainda mais surpreendentes ao se constatar que o número de dispositivos conectados é maior do que o de pessoas no mundo – isso já em 2008, conforme a Cisco. Até 2020, estima-se que existirão mais de 50 bilhões de dispositivos conectados à Internet. Para que o Brasil se beneficie de maneira plena dessa revolução, será preciso melhorar consideravelmente nossa infraestrutura, principalmente de acesso à Internet.

Fluxos internacionais de dados e a globalização digital

“Na era digital, a moeda forte de troca é a informação, acessível e universal.”

Em 2001, a Revista Superinteressante publicou o texto “Sociedade da Informação”, de onde a frase acima foi retirada. A publicação preconizava a importância da informação em um contexto em que a Internet dava os primeiros sinais de seu potencial como meio de comunicação. O futuro previsto pelo texto apontava que as empresas de informática, eletrônica e comunicação ditariam “a tônica dos novos tempos”, em que o acesso à rede global de computadores seria cada vez mais importante para a sociedade e a economia.

Quinze anos depois, já é possível afirmar que a rápida expansão da Internet de fato consolidou um novo mercado de dados. Nesse contexto, armazenar, transmitir e garantir a segurança da informação se tornou um fator chave para a economia global.

Conforme apresentado em relatório recente da McKinsey, os fluxos globais contribuíram para o crescimento do PIB mundial em 10% em 2014 – um aumento de U$S 7,8 trilhões. Desse total, U$S 2,8 trilhões referem-se apenas ao fluxo internacional de dados (ou cross-border data flows), representando uma participação superior à do fluxo de bens. O ponto central é que, enquanto os fluxos de bens e serviços levaram centenas de anos para se desenvolverem, a expansão dos fluxos de dados ocorreu principalmente nos últimos 15 anos.

Mais ainda, é possível notar que, ao mesmo tempo em que o fluxo de bens e serviços tradicionais perderam momentum, o fluxo de dados – mensurado pelo uso de cross-border bandwidth – cresceu 45 vezes entre 2005 e 2015 (ver figura abaixo). O estudo prevê, ainda, que o fluxo de dados crescerá mais 9 vezes nos próximos cinco anos, se os fluxos de comércio digital, pesquisas, vídeos, comunicações e tráfego entre empresas seguirem o ritmo de expansão atual.

Figura – Expansão do fluxo de dados
Fluxo de dados

Fonte: Mckinsey.

A nova era digital inaugura uma etapa para o processo de globalização – ou globalização digital -, ditada pelos fluxos de dados que mudaram as formas de transmissão de informação e inovação e estabeleceram novos mecanismos de interação entre pessoas e empresas.  Isto significa que “globalization is becoming more about data and less about stuff” (“a globalização está se tornando um fenômeno mais relacionado a dados e menos relacionado a coisas”, em tradução livre), conforme o título da coluna da Harvard Business Review sobre o tema.

No entanto, a figura acima mostra que o fluxo de dados é menor em países periféricos, indicando que a universalização do acesso à rede e o consequente aproveitamento dos fluxos globais de dados ainda encontra obstáculos ao redor do mundo.

Isso significa que, enquanto os países mais desenvolvidos caminham para a maior integração ao fluxo internacional de dados, países menos desenvolvidos apresentam maior dificuldade em embarcar na nova era digital.  Melhorar o acesso à rede e modernizar políticas regulatórias sobre o tema são apenas os passos iniciais para que esses países tenham a chance de ingressar competitivamente em um mercado cada vez mais digitalizado.

O Brasil é um exemplo contundente de uma economia que, apesar de se encontrar entre as 10 maiores do mundo, ainda apresenta baixo acesso à Internet, o que impacta negativamente a participação do país no fluxo digital.

A sociedade da informação traz uma infinidade de oportunidades em um mundo globalizado e digitalizado. Tais oportunidades abrangem o desenvolvimento de uma gama de atividades associadas a serviços em nuvem, Internet das Coisas, e-commerce, dentre outras potencialidades trazidas pela rede. Saber aproveitá-las é o grande desafio para países que, como o Brasil, estão chegando atrasados à revolução digital.

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