Há várias explicações para esta pergunta,  incluindo tamanho, nível tecnológico e acesso a crédito das firmas e o tamanho e a estrutura do setor de serviços.

De um lado, a produtividade do setor de serviços em geral é baixa em razão da natureza não escalável e não padronizável de muitos serviços, da forma fragmentada como eles são produzidos e fornecidos e da intensidade de uso de mão de obra.

De outro lado, os custos do setor são elevados, dentre outros, em razão da doença de custos de Baumol (Baumol 1967) associada aos efeitos nos salários do setor decorrentes da formação de salários em setores com produtividade mais elevada.

Desta forma, quanto maior for a participação dos serviços de baixo valor agregado e de baixa produtividade dentro do próprio setor de serviços e na economia, mais baixa será a produtividade agregada e mais alto será o padrão de custos da economia (Arbache 2014).

O painel A da figura abaixo mostra a participação do setor de serviços no PIB no Brasil e em países avançados e emergentes para o ano de 2011. A participação no Brasil é elevada e comparável à de países avançados. Embora a elevadíssima participação dos serviços no Brasil seja uma anomalia , ainda assim ela não é per se um problema, já que os serviços poderiam ser majoritariamente de alta produtividade.

O problema é que, conforme mostram os painéis B e C, os serviços não comerciais (*), cuja produtividade média é bem mais baixa que a dos serviços comerciais (Arbache 2015) (**), são predominantes e têm participação desproporcionalmente grande na economia para padrões internacionais.

O aumento da produtividade agregada no Brasil requer, portanto, aumento da produtividade do setor de serviços não comerciais e expansão relativa dos serviços comerciais.

Políticas regulatórias, de crédito, tecnológicas, industriais, comerciais, de formação de capital humano e de investimentos devem se coordenar para que o objetivo acima seja alcançado e para que o setor de serviços se torne um aliado, e não um inimigo da transformação estrutural e do crescimento econômico.

painel

Fonte: cálculo do autor a partir da WIOD.

 

(*) Serviços comerciais (I64, J e K do ISIC, Rev. 3) são correios e telecomunicações, intermediação financeira, atividades imobiliárias comerciais, aluguel de máquinas e equipamentos, TI e atividades correlatas, P&D e outras atividades comerciais.

Outros serviços são as letras E, F, G, H, I60 a I63, L, M, N e O do ISIC, Rev. 3.

Classificação da OCDE.

(**) Produtividade no setor de serviços, in F. De Negri e R. Cavalcanti (orgs), Produtividade no Brasil – desempenho e determinantes, Brasília: IPEA, no prelo, 2015.