Silicon Valley is coming.

Com a frase acima, o CEO da JP Morgan Chase Jamie Dimon referia-se às fintechs, novas empresas de tecnologia financeira que estão revolucionando o sistema financeiro. Essas startups exploram a revolução digital para prover serviços financeiros com flexibilidade e com a comodidade de um atendimento que tem como único intermediário o smartphone. A ausência de uma estrutura física de atendimento possibilita o fornecimento de recursos com taxas inferiores aquelas cobradas por intermediários tradicionais.

Essas empresas têm conseguido atrair de forma massiva os jovens, que são seu público-alvo justamente por sua aversão à burocracia das agências e bancos. O resultado desse fenômeno é o assustador crescimento das fintechs: em 2014, os aportes nessas empresas foram superiores a US$ 12 bilhões, o triplo do volume registrado no ano anterior.

Gráfico 1: Investimentos globais em fintechs

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                        Fonte: Accenture, 2015.

As fintechs vão muito além do tradicional mercado bancário, com o fornecimento de recursos em diversas modalidades, como o empréstimo para pequenos negócios (OnDeck), peer-to-peer (Venmo) e crowdfunding (Kickstarter). Entre os destaques brasileiros está o Nubank: criada em 2014, a startup oferece o serviço de cartão de crédito internacional sem anuidade, com todo o controle e relacionamento feito por meio de seu aplicativo. A empresa recebeu mais de US$ 200 milhões em seu quarto aporte e já tem mais de 1,5 milhão de pessoas em lista de espera para receber o cartão.

Ainda não se sabe, todavia, se os serviços prestados pelas fintechs como o Nubank serão complementares ou substitutos aos tradicionais serviços financeiros. No grupo dos mais jovens, que costumam enfrentar questões financeiras menos complexas , o desempenho é expressivo. Iniciativas recentemente anunciadas, como a possível estruturação de um programa de milhas, sinalizam o interesse em ganhar espaço entre clientes de renda mais elevada. Mas ainda não se pode afirmar se a startup conseguirá satisfazer as demandas mais sofisticadas e mais intensivas em recursos também desses clientes. Ao que tudo indica, a própria experiência com os usuários mais jovens poderá gerar insumos suficientes para um avanço mais forte na direção de clientes mais maduros no futuro.

Permanecem em aberto, no Brasil e no mundo, questões importantes sobre como regular e supervisionar essas empresas, que também carregam consigo os riscos inerentes à qualquer atividade financeira. Além disso, mesmo com um mercado ainda em crescimento, algumas startups já iniciaram o caminho inverso, com vendas totais ou em participação para bancos.

A união, todavia, parece mutuamente benéfica, já que implica em aportes robustos e em acesso a informações sobre perfis de clientes para as startups. Do lado dos bancos, crescem as possibilidades de inovação no provimento de serviços prestados por dispositivos móveis. Para os usuários, a própria existência das fintechs em um sistema bancário concentrado como o brasileiro pode trazer benefícios, como uma corrida para prestar serviços mais baratos e de melhor qualidade.