Pela primeira vez, os Jogos Olímpicos e Paralímpicos serão realizados em um país da América do Sul. E o Brasil foi escolhido para ser palco desse que é o maior evento esportivo do planeta. Ao todo, são esperados 10.500 atletas de cerca de 200 países, competindo em 42 modalidades esportivas, com 306 provas valendo medalhas. Já a expectativa de turistas no período varia entre 350 e 500 mil, de acordo com o Ministério do Turismo.

A realização de competições esportivas dessa magnitude movimenta todo o setor de serviços, principalmente o turismo. Estima-se que a preparação e a realização dos Jogos envolvem:

  • 2.500 fornecedores;
  • 10.000 contratos;
  • 30 milhões de itens comprados;
  • 35.000 profissionais terceirizados;
  • 15.000 entregas;
  • 100.000 m² de armazenagem; e
  • 1 milhão de peças de equipamentos esportivos.

Porém, para alguns autores, os grandes eventos esportivos não teriam um efeito tão positivo assim, ou até mesmo um efeito negativo, por seu alto custo e efeito posterior incerto. Se os Jogos são caros para o país-sede, esses números citados ao menos mostram sua importância no que tange a investimentos e em expectativa de retorno.

De toda forma, é inegável a exposição mundial que um país-sede é submetido. E para o turismo essa grande vitrine pode se configurar como um diferencial competitivo e elemento transformador de realidades. O exemplo de Barcelona, que sediou os jogos de 1992, é clássico. A cidade catalã passou por uma verdadeira revolução urbanística, tendo sua zona portuária como ícone máximo. Sua imagem migrou de um local degradado e sem dinamismo para um dos principais destinos turísticos do mundo.

Londres, sede dos Jogos Olímpicos de 2012, utilizou-se do megaevento como pano de fundo para a elaboração de um Plano de Sustentabilidade. O objetivo era promover a mudança de pensamento e dos hábitos dos moradores sobre as questões ambientais. Na edição de 2012, pela primeira vez, a pegada ecológica do evento foi calculada.

E o Brasil, saberá aproveitar esse momento? Faltam quase 40 dias para o início dos Jogos, ainda é possível realizar pequenos ajustes para bem receber os turistas que aqui virão. É hora de focar em mudanças atitudinais.

Os turistas estão cada vez mais exigentes, bem informados e em busca de experiências únicas. Estar atento aos hábitos deles e enxergar os serviços pela óptica do cliente são os primeiros passos para se destacar em um mercado altamente competitivo como o de turismo, um dos principais setores beneficiados pelos Jogos.

Sem título

Outro aspecto fundamental para a competitividade, principalmente dos pequenos negócios, é o estabelecimento de parcerias entre empresas que envolvam compras coletivas de itens comuns, divulgação da produção associada ao turismo em hotéis e restaurantes, operação de atividades nos diversos atrativos, traslados, etc. O turismo é mais forte quando os diversos atores atuam em rede. Entretanto, é imprescindível escolher bem os parceiros. Um importante indício de parcerias bem sucedidas é a não diferenciação, por parte dos turistas, de que os serviços estão sendo prestados por empreendimentos diferentes. Isso significa que a qualidade está sendo mantida por todos.

O passo seguinte é a interatividade. As relações entre clientes e empreendimentos precisam acontecer de uma forma mais dinâmica, ágil e interativa. Não basta ter presença on-line. É preciso nutrir relacionamentos e usar, com assertividade, as ferramentas disponíveis: redes sociais, sites de avaliação, sites do próprio empreendimento e tecnologias de realidade virtual.

Uma das principais preocupações da Embratur antes da realização da Copa do Mundo de 2014 foi com relação ao aumento dos preços das diárias de hotéis. Em 2013, um ano antes da Copa, foi registrado um aumento entre 200% a 300% nas tarifas cobradas pelas redes hoteleiras. É natural que, com o aumento da demanda, os valores sejam ajustados. Porém, a prática de preços que sejam considerados abusivos espanta os clientes e cria uma imagem negativa sobre o destino turístico. É preciso saber precificar o produto e, na medida do possível, não cobrar um preço que possa assustar demais o turista.

E, por último, os empreendimentos precisam entregar valor aos clientes. O turismo é uma fábrica de sonhos. Quando alguém compra uma viagem, está levando para casa um produto intangível, que apenas se materializará com as experiências que ele viverá tempos depois, no destino. E a qualidade dessas experiências está intimamente ligada à qualidade dos serviços prestados.

Entregar valor significa surpreender o cliente, oferecer algo a mais. O que não significa, necessariamente, que a surpresa resida apenas em ações grandiosas. É possível surpreender com pequenas atitudes e mimos, típicos da hospitalidade.

Os Jogos Olímpicos e Paralímpicos estão próximos e, com algumas pequenas mudanças comportamentais, os negócios de turismo podem aumentar suas chances de saírem vitoriosos.