Quão importante é o setor de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos para a economia brasileira? Por que o brasileiro gasta tanto com produtos e serviços de higiene e beleza? Esses bens e serviços são considerados, pela população brasileira, uma necessidade básica?

Segundo dados do IBGE, o setor de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos (HPPC) responde por 1,8% do PIB brasileiro. Para se ter uma ideia da importância do Brasil para o setor: o país responde por 2,8% da população mundial e 9,4% do consumo mundial de HPPC. Segundo a Euromonitor International, o Brasil é o terceiro maior mercado consumidor do setor, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da China, com 16,5% e 10,3% do consumo mundial respectivamente, conforme gráfico 1.

Gráfico 1. Participação no Mercado Consumidor Global de HPPC – 15 maiores mercados

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Fonte: Euromonitor International, 2016

Segundo a ABIHPEC (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos), os produtos de HPPC mais consumidos no mundo são desodorantes, fragrâncias e protetores solares. Os produtos para cabelos e banho se encontram em segundo lugar no ranking de produtos mais consumidos no mundo (sim, banho em segundo lugar!).

Pela importância do setor no Brasil, o Sebrae, a ABDI e a ABIHPEC criaram um Portal de Inovação em HPPC, com o objetivo de estimular as empresas do ramo, por meio de informações estratégicas sobre tendências e tecnologias. O portal disponibiliza, também, informações sobre uma rede de laboratórios, pesquisadores e prestadores de serviços tecnológicos voltados para o segmento, com o intuito de estimular a inovação no setor.

De acordo com dados da ABIHPEC, entre 1994 e 2014, o número de empregos no setor cresceu 5 vezes mais do que a média da economia brasileira, principalmente na área de venda direta (normalmente, vendedores porta-a-porta). No período, o número de postos de trabalho de venda direta aumentou cerca de 750%. No mesmo período, as franquias do setor aumentaram 1825%.

A maioria das empresas de HPPC encontra-se no Sudeste do país, que concentra 61% do total de negócios do setor. Em seguida, vêm a região Sul, com 19%, e o Nordeste, com 10%, conforme gráfico 2.

Gráfico 2 – Distribuição das Empresas de HPPC por Região em 2015

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Fonte: ABIHPEC, 2016

A ABIHPEC atribui os seguintes fatores como causas do crescimento do setor até 2014:

  • acesso das Classes D e E aos produtos do setor, em decorrência do aumento da renda observado até então;
  • aumento da classe C, que passou a consumir produtos de beleza mais caros e sofisticados;
  • participação crescente da mulher no mercado de trabalho;
  • maior utilização de tecnologia de ponta, o que fez com que os preços do setor permanecessem competitivos;
  • lançamento constante de novos produtos, que visaram atender melhor às demandas do consumidor;
  • aumento da expectativa de vida da população, o que aumenta a demanda por cosméticos voltados para a terceira idade.

Buscando responder os questionamentos feitos no início do texto, pela participação do país no consumo mundial e pelo seu rápido crescimento no emprego, o setor de HPPC parece ser um importante segmento da economia. Mais do que uma necessidade básica da população, o crescimento do setor parece refletir uma mudança demográfica, econômica e cultural pela qual a população brasileira vem passando ao longo do tempo. A queda no rendimento real e o aumento do desemprego, observados desde 2015, serão um importante teste de resiliência para o setor.